com data marcada para instalar-se, sem previsão para nos deixar em paz. Só não vê quem considera mais cômodo ignorar os desafios, pensando que assim deles se livra, como o avestruz que enterra a cabeça para não ver o predador.
Estão presentes entre nós os elementos básicos das experiências históricas de construção de regimes fascistas. A primeira delas é a incapacidade, por parte das esquerdas, dos liberais, dos democratas em geral, de ver a serpente antes de ela saltar do ovo para cumprir com seu papel.
Nos anos 20 do século passado, na Itália, a social-democracia aplaudiu a ascensão de Mussolini, convencida de que o fascio aniquilaria com os comunistas, deixando assim atapetado seu caminho ao poder. Na Alemanha de Hitler, os comunistas apostaram que o nazismo destruiria a social-democracia e o poder lhes chegaria por decantação.
A resposta histórica é conhecida.
No Brasil não quisemos entender, ou não tivemos competência ou coragem para entender as jornadas de 2013, e muito menos ousamos tirar conclusões do significado do final da campanha presidencial de 2014.
Pior: muitos segmentos da esquerda brasileira viram e veem ainda no impeachment um mero golpe de Estado que se esgotava na troca de Dilma por Temer. Na campanha em andamento muitos não querem ver que a disputa vai muito além da escolha de Joaquim ou Manuel para a presidência da República.
É difícil fazer com que os setores que se contentam com as aparências entendam que estas eleições superaram a atrasada disputa entre o tucanato e o lulismo, pois, trata-se da escolha entre democracia e fascismo, entre civilização e barbárie.
O que está em jogo não é a hegemonia do PT, interrompida pelo golpe parlamentar. É a democracia. O que resta de centro e centro-esquerda estará brevemente lamentando haver suposto que, fazendo o jogo da extrema direita, estaria assegurando seu espaço no futuro.
O fascismo é um produto histórico; sua implantação, no século passado, em algumas das mais sólidas e progressistas sociedades europeias, foi precedida de alguns dos ingredientes que, lamentavelmente, estão presentes, hoje e há algum tempo, em nosso país.
Um deles é o quadro de crise generalizada entro do quadro geral da crise internacional do capitalismo. Em nosso caso crise econômica, política, social, crise de valores, crise ética e crise moral. Crise que carrega consigo a desmoralização das instituições clássicas – Executivo, Judiciário e Legislativo –, que entram em colapso, expondo às escâncaras, de um lado sua incompetência diante dos desafios postos, de outro, sua ilegitimidade.
Essa crise, com esses contornos, é a matéria prima do desânimo social.
A mídia, um monopólio ideológico, concluiu a tarefa de juízes e procuradores da Lava Jato, criminalizando a política, os políticos, os partidos, enfim, os elementos fundamentais da democracia representativa. Para a grande população os políticos, de um modo geral, são corruptos. Corruptos simplesmente por serem políticos.
O país, ao fim e ao cabo, se descobre sem direção e sem liderança. À direita e ao centro impera um vazio tumular; à esquerda seu principal líder purgando o cárcere, segregado da política. O ainda presidente da República, ilegítimo, é um farsante repudiado por mais de 90% da população.
Para a média dos eleitores o Congresso é um antro de negocistas, o Poder Judiciário um fator de instabilidade permeado de desvios éticos. Os partidos políticos fracassaram, rotundamente. Inconsolada com a ordem deprimente, a cidadania, manipulada pelo discurso autoritário, não vê na linha do horizonte esperanças de futuro.
O país se descobre dominado pelo colapso geral da economia e o mais grave dos seus desarranjos, a espiral do desemprego, atinge, como sempre, a classe média e as camadas populares, enquanto o setor financeiro acumula lucros imorais.Esses são os ingredientes que dão cores vivas à crise social, abrindo caminho para a clivagem, operada pela exasperação do ódio, que hoje divide o país.
Esse ódio é o alimento da violência – explorada em programas de rádio e televisão – mas, acima de tudo, estimulada e fomentada pelo capitão candidato, em sua oratória tatibitate, em seus gestos, em seu comportamento. É de sua lavra a promessa de armar fazendeiros e assim agudizar o conflito rural, estimular o cidadão a armar-se para enfrentar a bandidagem, ensinar crianças a brincar de tiro ao alvo. É sua prédica diuturna, a exasperação da violência como antídoto à violência, restabelecendo a barbárie, o olho por olho dente por dente.
É esse candidato que lamenta a ditadura militar não haver assassinado 30 mil civis, ente os quais o ex-presidente FHC; é ele quem defende a tortura e tem como herói o desprezível coronel Brilhante Ustra, torturador e assassino impune graças às pressões de seus companheiros de farda. Esse agente da violência e do ódio que já declarou torcer pela morte da então presidente Dilma, propõe fuzilar os "petralhas" (refere-se aos petistas). Dias antes do atentado que provocou, foi fotografado e filmado dando pontapés em um boneco com a imagem do ex-presidente Lula.
Porque a violência é fundamental para o projeto fascista e nada do que ocorre é obra do acaso. Os tiros contra a caravana de Lula, o assassinato de Marielle, o ódio que exala das manifestações de rua e mesmo o atentado contra o capitão.
Pois sobre esse celerado o comandante o Exército nos diz, e não pela primeira vez, "que ele procura se identificar com questões que são caras às Forças Armadas, além de ter senso de oportunidade".
O destacável é que o capitão, para além da disputa eleitoral, arma-se para projeto mais fundo cumprindo o papel de aríete da extrema direita civil e militar, organizando, com sua pregação irresponsável, o discurso fascista, antes difuso.
Como todo processo fascista, trata-se de um movimento de massa que pode ser medido pelas intenções de voto que engalanam o capitão, pelo sectarismo de suas hostes, pelas palavras de ordem que expressam.
Como sempre, aqui e em toda parte, são as Forças Armadas e o poder econômico, principalmente o tal 'mercado' (eufemismo para os agentes financeiros mais afluentes e influentes), o esteio que trabalha atrás das trincheiras. A propósito, e sintomaticamente, a Folha de S. Paulo, da última sexta-feira 7, registra que a Bolsa de Valores de São Paulo reagiu com euforia – queda do dólar e alta das ações– ao atentado de que foi vítima o capitão, porque, com o ataque, estimavam os especuladores profissionais, as eleições já se decidiriam no primeiro turno. Não sem razão, Folha, Estadão e o Globo, vinham, há semanas, reclamando, em uníssono, da 'indecisão eleitoral', responsabilizando-a pela 'insegurança do mercado' de que derivaria a ausência de investimentos.
Foi assim nos idos de 1964.
Também como antes e em todos os processos que redundaram na quebra da ordem constitucional, o projeto de nossos dias passa por setores hoje majoritários nas Forças Armadas, mais especificamente no Exército. O capitão e o general candidato a vice, lamentavelmente, não são vozes isoladas entre seus pares. Basta levantar os últimos pronunciamentos do comandante do Exército. A cada assacada contra a ordem democrática – como as ameaças ao STF na véspera do julgamento do habeas corpusimpetrado por Lula – a justificativa do general estrelado é que está tentando acalmar sua retaguarda. É ela, portanto, que nos ameaça?
Na entrevista acima mencionada, o comandante do Exército, falando como monarca absolutista, adverte que a "Legitimidade de novo governo pode até ser questionada" (por quem?) e pela segunda vez, anuncia o veto à candidatura do ex-presidente Lula.
Estamos regredindo, retornando aos desagradáveis anos 50-60, quando os militares exerciam sobre o país e a sociedade o papel de "pais da pátria", um Poder Moderador desconhecido na República, senhores de nosso destino, pretendendo ditar quem podia e quem não podia ser candidato, quem podia e quem não podia ser eleito ou tomar posse. Pronunciavam-se sobre tudo e todas as coisas até sobre o valor do salário mínimo.
Esse não era e não é o papel de militares, qualquer que seja a patente.
Um dos instrumentos da estratégia fascista é eleger um ou mais adversários, demonizando-os. Quando não existe esse inimigo, cria-se. O nazismo elegeu os judeus e os comunistas; o franquismo, os republicanos. E assim por diante. Em 1964 inventaram a 'ameaça comunista' representada pelo governo Goulart. Agora, para muitos militares, inclusive em postos de comando, um dos pontos positivos do capitão "é que ele talvez ajude a frear essa onda de esquerdização".
As ameaças nada veladas de intervenção são prescritas nos casos de rompimento do "esgarçado" (segundo eles) tecido social, mas o cenário mais temido "é a quebra da lei e da ordem no caso de uma besteira do STF beneficiando Lula" ("Chamado à razão",Estadão,6/9/2018) texto do jornalista e porta-voz William Waack).
O STF já se apressa para se adaptar à nova ordem, e os militares festejam a indicação do general Fernando Azevedo e Silva, chefe do Estado Maior do Exército, como assessor do ministro Dias Toffoli que assume a presidência da Suprema Corte.
Felizmente, há vozes que começam a se dar conta do risco que corremos de volver à barbárie. A direção nacional do PT lançou nota de repúdio à desastrada entrevista do comandante do Exército, Ciro Gomes declarou que no seu governo militares não darão declarações políticas e hoje, até O Globo saiu do imobilismo e da conivência, ao criticar a entrevista.
Que fique claro, enfim, que o capitão representa a barbárie.
Comentários
Recentemente Marcelo Odebrecht confessou que as licitações eram fraudadas desde os anos 90 com a inclusão de Collor e FHC.
As dezenas de diretores e presidentes após este período, Berusco, Costa, Bendine... foram nomeados após 2002 pelo grupo atual em loteamento político para gerenciar propinas, o Collor nomeado por Lula para BR Distribuidora foi um dos responsáveis pela saída da Petrobras do ramo petroquímico na época que foi presidente!
Os esquemas já foram desmascarados, inclusive pelo Delúbio e o Palocci entre outros do PT com seu regime da “Cleptocracia”, por que continuar negando?
Afinal, a finalidade da AEPET é para defender a Petrobras, ou administrações políticas corruptas?
No texto acima onde está escrito Delúbio, leia-se Delcídio Amaral.
Desde 2011, o blog Paracleto denunciava que o devaneio de investimentos empíricos permitiria desvios relevantes na Petrobras.
Lembro-me que em 2014 houve uma auditoria interna, de 120 dias, que emitiu um inacreditável relatório que não havia encontrado irregularidades!
Quanto ao baixo retorno financeiro do que foi desviado, de fato 3 bilhões é uma bagatela frente ao prejuízo de U$40 bilhões ao cambio atual no período 2010/2014 só com os combustíveis subsidiados impostos na gestão anterior de forma irresponsável, sem contar que fizeram o mesmo com a Eletrobras, sendo que no caso desta, ao final de 2014, um desconto indevido foi dado pela governante irresponsável.
Prezados: não nos esqueçamos de que os rombos na PB nas administrações Lula/Dilma ultrapassaram em muito a casa dos USD100bi. As chamadas de "impairments" realizados nos balanços da Cia foram além de R$80bi; todos os investimentos e obras ligados ao pré-sal apresentaram VPL negativos; os superfaturamentos ou sobrepreços, além de proliferação de "aditivos" e fraudes em licitações também constituem crimes e oneram aquele montante. Dona Dilma, dona Graça, seu Gabrielli, conselheiros e diretores outros foram denunciados no âmbito da CVM, já há 10 anos por conta dessa pajelança. E mais: nossos radares apontam também a maracutaia no fornecimento "gratuito" de óleo às térmicas do N/NE, que totalizam cerca de R$12bi, dívida assumida mas nunca paga até hoje e que vem sendo protelado há tempos. Isso tudo é apenas um lembrete que não pode nem deve ser esquecido.
Infelizmente o resultado não poderia ser outro!
Na atual situação da empresa é importante e imprescindível que se faça a retomada seletiva pelos que possuem chances consistentes e reais de retorno do investimento, principalmente no atual cenário econômico, e não de forma concomitante e aleatória ocorra o mesmo que já aconteceu recentemente para justificar a venda de ativos dizendo que são inviáveis.
Até os anos 90 não existia estes questionamentos absurdos para privatizar as estatais, e a população era bem informada e sabia da importância estratégica de sua existência para o desenvolvimento social e do país.
Estamos aqui para defender a empresa Petrobras e a classe que a AEPET representa, e não se envolver com esse Fla-Flu político que toma conta das redes sociais. O fórum adequado para isso é o sindicato ou os partidos políticos.
Acho que é obrigação da AEPET zelar por isso, protegendo os seus associados, que, tenho certeza, em sua maioria, não compactuam com a defesa de uma linha política neste espaço.
A militância deste partido, comandada pela terrorista Gleisi Hoffmann, está querendo anarquizar com o País mais do que já está. Pelo fato do aparelhamento político-partidário de todas as instâncias de poder do Brasil que o levaram a um "gigantismo insustentável", imaginam que em sua ambição pelo poder o Estado lhes pertence, tal como na Venezuela e com isso enveredar por uma luta de classes, onde pensam sair vencedores. Partido que não tem compromissos com a democracia; nem com a PB, ou com seu povo. Precisamos todos repudiar essa facção retrógrada e comunista, de preferência pela via eleitoral. E tentar através de baixo-assinado o impedimento do "quarteto do crime" lá do STF, que tem MAMello, GMendes, Lewandowiski e Tóffoli, legislando em favor dos poderosos e que açoita a todos nós brasileiros. Acorda brasil!
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