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Sergio Xavier Ferolla

Religiões, Heresias e Dissensões Atuais

incapazes de entender o manto celeste e&n

Publicado em 01/09/2020
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incapazes    de    entender    o    manto    celeste

e    os    fenômenos    da    natureza,    os    seres    humanos criavam    símbolos de    entidades    místicas    com    poderes    para superar    malefícios    e trazer    benefícios às comunidades. Com    o    passar dos    séculos,    movimentos    migratórios    e    miscigenações originaram grupamentos    unificados    pela    adoração    das mesmas deidades,    às    vezes    personificadas nos chefes    tribais .

Um    exemplo histórico    dessas    agregações politeístas ocorreu entre tribos da    Mesopotâmia ,forçadas    a    fugir    de    bárbaros    conquistadores. Pela    topografia    da    região,    a terra    de    Canaã, como    era    conhecida    a    antiga    Palestina,    representava natural    alternativa. Registrando    essa    história,    escritos    gregos    e    a    própria    Bíblia as    atribuíam    aos implacáveis “assírios”, amaldiçoados    pelos    profetas.

No    novo território,    entre idolatrias panteístas    e    convicções    históricas,    deu-­‐se a    formação    do    povo    hebreu. Soba    liderança de Abraão, natural    da cidade    mesopotâmica    de    Ur, foi    firmada “Aliança” de    subordinação    e    fiel    obediência,    definindo    Javé como    deidade    exclusiva. Com    tal    decisão se contrapunham    ao    politeísmo    das demais    tribos semitas    da    Palestina    e    do Oriente    Médio,    contra    as    quais    já    enfrentavam    conflitos.   

Tempos    de    guerra    e    fome motivaram o    deslocamentodo    povo    Hebreu    para    o    Egito, onde viveram por    mais    de    um    século. Protestos    se    avolumaram, ao serem tratados    como    escravos e intrusos.    Nessa    nova    fasese    destacou Moisés que,    apesar    de    nascido    no    Egito,    se    apresentava    como enviado    de    Javé. Sob    sua    liderança os    hebreus retornaram    à    Palestina    e consolidaram oReino    de    Israel. Cinco    milenares    papiros, com procedimentos    e preceitos    religiosos considerados    sagrados    para    os    judeus, deram    origem    à Torá, ou    Pentateuco.

Surpreendente renovação    cultural    e    religiosa    emergiu no    seio    de    uma    família    humilde, ao    surgir Jesus trazendo mensagens de    paz, tolerância    e    amor    ao    próximo.    Reformulando a    ortodoxia dos    eleitos    de    Javé,    firmava    “Nova    Aliança” com    o    “Deus    Pai”,    místico    e    etéreo,    para    estender    sua proteção    a    todos    os    povos.    Com    a    proposta    dos novos    horizontes de    liberdade    e    justiça    social,    pregava atenção especial aos humildes.

Seus    Apóstolos, evitando a    intromissão    dos    romanos    e    judeus,    iniciaram a    divulgação desses    ensinamentos    pelo Oriente, em    cidades    do    Iraque    e    da    Síria. Com    cautela,    esperavam levar    a mensagem    de    Jesus    aos povos        subjugados pelos    poderes    de    Cesar. Após    sofrido    período    de    sangrentas    perseguições,o    trabalho apostólico    acabou    facilitado    por mudanças no    seio    do    Império,    ao receberem        o    apoio    do    Imperador.

Por    interesse    político, Constantino    legalizou a    influente religião,    mas    impôs    como    lema: “um    Deus,    Um    Imperador”,  contrariando pensadores comoTomás    de    Aquino, devotados    à    doutrina    de ”Um    Deus,    um    Bispo”.    Ao    sobrepujar    a    orientação    da hierarquia    romana    e    acirrar divergências teológicas no    Oriente,    facilitou    a formação    de igrejas Ortodoxas,    que    já    discordavam da natureza    de    Jesus,    ao    mesmo    tempo homem    e    divindade.

Não    mais    por    conceitos    filosóficos,    mas    refletindo    desvirtuamentos    éticos    na    instituição    eclesiástica,    radicais manifestações heréticas    surgiram na    Baixa    Idade    Média. Tais heresias,    do    grego    “hairesis” ,mais    do    que “escolher”,    representavam doutrinas contráriasa os    princípios    da    fé,    oficialmente    declarados. Fomentadas nos relacionamento entre    ideólogos que criticavam    a    hierarquia    romana, sua    expansão    se    intensificou    nos    séculos    XII    e    XIII. De    início,    contra    elas    se    voltaram,    com    diálogos    e    contra    argumentos,    as    autoridades e cristãos das    comunidades.    Mas    o crescimento    de “tártaros”,    “valdenses”,    “pseudo-­‐apóstolos”,    “beguinos” e    outros,  acabou    determinando severa    repressão    pela    força    de “Cruzados”    e    pela    “Inquisição”(*).

Posteriormente,    no    Século    XVI, o    monge    Martinho    Lutero radicalizou    as contestações num    movimento que    passou    à    história    como    “Reforma    Protestante”.    Dela frutificaram    instituições como    “Luteranismo”,    “Calvinismo”e    “Anglicanismo” as    quais,    no    Século    XX, com    o “movimento pentecostal”,    tiveram seus    propósitos    deturpados    por    manifestações    heréticas e    interesses    materiais. Numa releitura do protestantismo histórico, anticomunista, ante ecumênico e politicamente conservador, tal movimento não só rechaça as reformas na estrutura social, como adota inadequada interpretação do texto bíblico.

Em 1911 foi criada a “Assembleia de Deus”, primeira igreja pentecostal brasileira e, em seguida,a “congregação cristã”e a “Igreja do evangelho quadrangular”. Organizadas em torno do sucesso individual de seus adeptos, promovem os valores da chamada “teologia da prosperidade”. Ao evocarema promessa da prosperidade material, exemplificam o enriquecimento dos seus líderes como benção divina .

Frente    a    tamanha    sucessão    de eventos maléficos,    torna-­‐se    premente cauteloso    alerta em defesa    da    “unicidade” do    catolicismo.    Além    das    evidências politicas no    seio    do    clero,    controversas    manifestações lançadas no    lamaçal    das “fake    news”, geram potencial    para macular    o    milenar simbolismo    da    infalibilidade    doutrinária do    Papa.    Assim,    é    urgente    restringir fotos    do    Pontífice    ao    lado    de corruptos e hipócritas,    bem como das    inadequadas opiniões    sobre    regiões complexas ,como soberania na Amazônia    brasileira.

(*)Heresias    Medievais-­‐Nachman    Falbel-­‐Editora    Perspectiva

Tenente    Brigadeiro    Sergio    Xavier    FerollaMinistro    Ap.    do    Superior    Tribunal    Militar

Transcrito de A VOZ DO POVO, de Bom Jesus do Itabapoana (RJ)

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