Religiões, Heresias e Dissensões Atuais
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incapazes de entender o manto celeste
e os fenômenos da natureza, os seres humanos criavam símbolos de entidades místicas com poderes para superar malefícios e trazer benefícios às comunidades. Com o passar dos séculos, movimentos migratórios e miscigenações originaram grupamentos unificados pela adoração das mesmas deidades, às vezes personificadas nos chefes tribais .
Um exemplo histórico dessas agregações politeístas ocorreu entre tribos da Mesopotâmia ,forçadas a fugir de bárbaros conquistadores. Pela topografia da região, a terra de Canaã, como era conhecida a antiga Palestina, representava natural alternativa. Registrando essa história, escritos gregos e a própria Bíblia as atribuíam aos implacáveis “assírios”, amaldiçoados pelos profetas.
No novo território, entre idolatrias panteístas e convicções históricas, deu-‐se a formação do povo hebreu. Soba liderança de Abraão, natural da cidade mesopotâmica de Ur, foi firmada “Aliança” de subordinação e fiel obediência, definindo Javé como deidade exclusiva. Com tal decisão se contrapunham ao politeísmo das demais tribos semitas da Palestina e do Oriente Médio, contra as quais já enfrentavam conflitos.
Tempos de guerra e fome motivaram o deslocamentodo povo Hebreu para o Egito, onde viveram por mais de um século. Protestos se avolumaram, ao serem tratados como escravos e intrusos. Nessa nova fasese destacou Moisés que, apesar de nascido no Egito, se apresentava como enviado de Javé. Sob sua liderança os hebreus retornaram à Palestina e consolidaram oReino de Israel. Cinco milenares papiros, com procedimentos e preceitos religiosos considerados sagrados para os judeus, deram origem à Torá, ou Pentateuco.
Surpreendente renovação cultural e religiosa emergiu no seio de uma família humilde, ao surgir Jesus trazendo mensagens de paz, tolerância e amor ao próximo. Reformulando a ortodoxia dos eleitos de Javé, firmava “Nova Aliança” com o “Deus Pai”, místico e etéreo, para estender sua proteção a todos os povos. Com a proposta dos novos horizontes de liberdade e justiça social, pregava atenção especial aos humildes.
Seus Apóstolos, evitando a intromissão dos romanos e judeus, iniciaram a divulgação desses ensinamentos pelo Oriente, em cidades do Iraque e da Síria. Com cautela, esperavam levar a mensagem de Jesus aos povos subjugados pelos poderes de Cesar. Após sofrido período de sangrentas perseguições,o trabalho apostólico acabou facilitado por mudanças no seio do Império, ao receberem o apoio do Imperador.
Por interesse político, Constantino legalizou a influente religião, mas impôs como lema: “um Deus, Um Imperador”, contrariando pensadores comoTomás de Aquino, devotados à doutrina de ”Um Deus, um Bispo”. Ao sobrepujar a orientação da hierarquia romana e acirrar divergências teológicas no Oriente, facilitou a formação de igrejas Ortodoxas, que já discordavam da natureza de Jesus, ao mesmo tempo homem e divindade.
Não mais por conceitos filosóficos, mas refletindo desvirtuamentos éticos na instituição eclesiástica, radicais manifestações heréticas surgiram na Baixa Idade Média. Tais heresias, do grego “hairesis” ,mais do que “escolher”, representavam doutrinas contráriasa os princípios da fé, oficialmente declarados. Fomentadas nos relacionamento entre ideólogos que criticavam a hierarquia romana, sua expansão se intensificou nos séculos XII e XIII. De início, contra elas se voltaram, com diálogos e contra argumentos, as autoridades e cristãos das comunidades. Mas o crescimento de “tártaros”, “valdenses”, “pseudo-‐apóstolos”, “beguinos” e outros, acabou determinando severa repressão pela força de “Cruzados” e pela “Inquisição”(*).
Posteriormente, no Século XVI, o monge Martinho Lutero radicalizou as contestações num movimento que passou à história como “Reforma Protestante”. Dela frutificaram instituições como “Luteranismo”, “Calvinismo”e “Anglicanismo” as quais, no Século XX, com o “movimento pentecostal”, tiveram seus propósitos deturpados por manifestações heréticas e interesses materiais. Numa releitura do protestantismo histórico, anticomunista, ante ecumênico e politicamente conservador, tal movimento não só rechaça as reformas na estrutura social, como adota inadequada interpretação do texto bíblico.
Em 1911 foi criada a “Assembleia de Deus”, primeira igreja pentecostal brasileira e, em seguida,a “congregação cristã”e a “Igreja do evangelho quadrangular”. Organizadas em torno do sucesso individual de seus adeptos, promovem os valores da chamada “teologia da prosperidade”. Ao evocarema promessa da prosperidade material, exemplificam o enriquecimento dos seus líderes como benção divina .
Frente a tamanha sucessão de eventos maléficos, torna-‐se premente cauteloso alerta em defesa da “unicidade” do catolicismo. Além das evidências politicas no seio do clero, controversas manifestações lançadas no lamaçal das “fake news”, geram potencial para macular o milenar simbolismo da infalibilidade doutrinária do Papa. Assim, é urgente restringir fotos do Pontífice ao lado de corruptos e hipócritas, bem como das inadequadas opiniões sobre regiões complexas ,como soberania na Amazônia brasileira.
(*)Heresias Medievais-‐Nachman Falbel-‐Editora Perspectiva
Tenente Brigadeiro Sergio Xavier FerollaMinistro Ap. do Superior Tribunal Militar
Transcrito de A VOZ DO POVO, de Bom Jesus do Itabapoana (RJ)
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