As posições da AEPET quanto aos empreendimentos de refino
A desastrosa notícia da venda das refinarias da Petrobrás, passo largo no processo de privatização fatiada da empresa,
tem o total repúdio da AEPET, como ficou expresso na Nota Oficial, publicada em 24 de abril. Para a Associação, “A venda reproduz o ciclo de entregar patrimônio público, acumulado ao longo de anos de investimentos, necessários para o desenvolvimento e criação de infraestrutura no país, a grandes grupos privados nacionais e internacionais, que não se dispuseram a fazê-lo”.
Ao mesmo tempo, a AEPET relembra suas preocupações com o plano de investimentos de governos anteriores para a Petrobrás, procurando tornar o Brasil um exportador de petróleo e derivados, com produção de 6,4 milhões de barris de óleo equivalente/dia em 2020 (4,9 milhões de bpd referente à produção de óleo no Brasil), em vez de produzi-lo num ritmo compatível com as necessidades de sua economia e geração de empregos, no país. Para isto, os governos mantiveram a continuidade dos leilões e a imposição da Petrobrás se associar a empresas estrangeiras, cedendo parte dos campos de produção.
Para o plano de investimentos da Petrobrás de 2011-2015, o governo programou investimentos de US$ 45 bilhões ao ano, financiados com premissas de barril de petróleo superior a 80 dólares/barril e câmbio de R$ 1,73/US$ e preço dos derivados vendidos de 158 R$/barril.
A opção das administrações pela modalidade de contratos globais, onde uma contratada fica responsável por fornecer a unidade pronta, a partir do projeto básico, inflou os custos dos empreendimentos, entregando o comando ao cartel das grandes empreiteiras, elevando os custos abusivamente e ficando refém delas. Foi o que se viu no COMPERJ e RNEST, além das refinarias PREMIUM.
As premissas dos planos de investimentos, acordados com o governo federal, com o barril despencando para níveis de US$ 30 o barril e a remuneração dos derivados a preços do mercado internacional, não só não foram cumpridos, como a Petrobrás teve que vender derivados a preços inferiores aos importados, com perdas bilhões de dólares.
Quanto aos interesses de grandes grupos privados, que propõem a privatização de estatais, registramos no nosso voto na AGO da Petrobrás de 2010: “ Quando da aquisição do Grupo Ipiranga pela Petrobrás, Ultrapar e Braskem em março de 2007, em correspondência dirigida aos membros da Diretoria e Conselho de Administração da Petrobrás, a AEPET comentava que a participação da Petrobrás ‘foi utilizada indiretamente para garantir o controle da Braskem, que é controlada pelo Grupo Odebrecht. A conclusão inescapável é de que a Petrobrás despendeu US$ 1,3 bilhão para viabilizar a hegemonia da Braskem no setor petroquímico; garantir 15% no mercado de distribuição de combustíveis para a Ultrapar e assegurar a entrada das duas empresas no refino, com petróleo subsidiado. Muito melhor negócio faria se comprasse todos os ativos da IPQ, assumindo forte posição no Copesul com 45.09% (15.63 + 29,46) das ações. Aumentaria sua participação no setor e evitaria o controle da Braskem, que já o faz na central petroquímica do nordeste.”
Por isto, republicamos (pdf) o AEPET Notícias de julho de 2011, com a manchete “Em busca de respostas”, com a troca de correspondência entre a Associação e a Petrobrás sobre a construção da RNEST, do Comperj e das refinarias Premium. São também publicados os votos da entidade em Assembleias da Petrobrás.
http://www.aepet.org.br/uploads/paginas/uploads/File/002-BOLETIM-CARTAS-PARA-O-SITE.pdf
Receba os destaques do dia por e-mail
Gostou do conteúdo?
Clique aqui para receber matérias e artigos da AEPET em primeira mão pelo Telegram.