O site do Senado Federal está fazendo uma consulta pública sobre o fim da proibição do autoatendimento, ou self service, nos postos de combustíveis que pode se tornar uma realidade caso seja aprovado o Projeto de Lei do Senado (PLS) 519 de 2018.
O PLS 519/2018 tem como proposta a revogação da Lei nº 9.956/ 2000 que proíbe o funcionamento de bombas de auto-serviço nos postos de combustíveis em todo o país.
Dessa forma, a adoção do procedimento voltou para o centro do debate público — colocando em risco a sobrevivência do setor. Atualmente em nosso país todos os postos são obrigados a operar com frentistas. A possibilidade do fim da proibição preocupa sindicatos, especialistas e trabalhadores. Por isso, neste texto, listamos quatro motivos para dizer não à medida.
1. Demissão em massa no setor
A proposta do PLS 519/2018 sobre o fim da proibição do self service pode resultar em demissão massiva dos trabalhadores e trabalhadoras de postos de combustíveis. A medida, caso aprovada, coloca em risco uma categoria composta por 500 mil trabalhadores em todo o país de acordo com estimativa da Federação Nacional dos Empregados em Posto de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo (FENEPOSPETRO).
Atualmente no Brasil a profissão do frentista é protegida pela Lei 9.956/2000, que proíbe em todo o território nacional o funcionamento de bombas operadas pelo próprio consumidor. Essa lei garante milhares de empregos no país.
2. Riscos ao consumidor
Sem a figura do frentista, o manuseio da bomba será de responsabilidade do próprio consumidor. Entretanto, o contato direto com combustíveis se configura como atividade de alto risco, que só deve ser executada por profissionais treinados e qualificados. Além de inflamável, a gasolina contém benzeno, tolueno e xileno — substâncias nocivas à saúde humana.
Por isso, o Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Município do Rio de Janeiro e Região (SINPOSPETRO-RJ) promove constantes campanhas e atividades com intuito de esclarecer aos frentistas como devem proceder na operação da máquina e no ofício como um todo. Especialistas apontam que são imensuráveis os riscos que o consumidor estará exposto ao manusear uma bomba.
3. Segurança do local
Imagine você sozinho, dirigindo a noite por uma rodovia deserta e seu carro começa a manifestar sinais estranhos. Onde procurar ajuda? Seja para acionar o seguro, buscar uma oficina, uma dica ou simplesmente esperar amanhecer, você certamente pensou em um posto, não é? Mas será seguro esse lugar sem a presença dos trabalhadores?
De acordo com Eusébio Luís Pinto Neto, presidente do SINPOSPETRO-RJ, os postos de combustíveis têm um papel importante na construção do Brasil. “Nós sabemos que existem cidades neste país que se formaram em torno de um posto de gasolina e em muitas rodovias é o único lugar que as pessoas têm para buscar auxílio”, destacou o presidente.
4. Aumento das filas
Outra alegação daqueles que defendem a implementação do autoatendimento nos postos de combustível é que a medida reduziria as eventuais filas para atendimento. Entretanto, para a presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes e de Lojas de Conveniência do Município do Rio de Janeiro (Sindcomb), Maria Aparecida Schneider, uma pessoa sem treinamento levará muito mais tempo para abastecer do que um profissional capacitado.
Leia o projeto: http://bit.ly/2GgzW2b
Consulta pública sobre o projeto: http://bit.ly/PLS519-2018
*Assessoria de imprensa SINPOSPETRO-RJ.
Fonte: Sinpospetro-RJ
Comentários
2- A profissão de cobrador, e não trocador, de ônibus pode não ser sofisticada, mas é muito melhor tê-los do que o próprio motorista ter que fazer as duas funções; dividindo a atenção, aumentando o risco de acidentes e tornando o transporte mais lento (tudo em nome da "modernidade").
3- Ser habilitado para dirigir não comprova que ninguém é inteligente e menos ainda cuidadoso (todos os dias se vê pessoas habilitadas que dirigem sem nenhum cuidado).
4- Os frentistas são treinados para exercer a função. É muito fácil alguém crer que uma tarefa é simples sem nunca havê-la realizado. Acionar a bomba é fácil, mas o que fazer caso haja algum problema? Muitos que falam sobre a suposta facilidade das tarefas domésticas não são capazes de realiza-las a contento.
5- O que há de avanço em causar o desemprego de milhares de pessoas e ainda fazer com que o atendimento seja mais lento?
Para muitos autores modernos no campo da sociologia, modernidade é sinônimo de avanço tecnológico, cultural e da cura dos males que afligem o ser humano.
Não existe nada de "mais moderno" em postos de combustíveis com autoatendimento. Essa mania de automatizar todo tipo de serviço é apenas mais um sintoma de um capitalismo doente, rumo à própria morte.
O único beneficiado com essa "modernidade" é o dono do posto, que se livra dos custos de vários funcionários.
Para o usuário não há nenhum benefício, pois o que o frentista faz hoje, no modelo "antiquado", o usuário fará no modelo dito "moderno".
E duvido que o preço do combustível diminua.
Na mesma linha, não houve nenhum avanço tecnológico em o motorista de ônibus também cobrar as passagens (quando muitas pessoas entram no mesmo ponto, ele fica parado até cobrar todas as passagens, aumentando o tempo de viagem).
Também nesse caso, apenas o empresário foi beneficiado.
AEPET, por favor, contratem o Antônio como articulista.
Concordo plenamente com sua opinião ! E cito ainda os comentários acima do Paulo Moreira sobre os caixas eletrônicos, que ainda hoje necessitam de "auxiliadores" para pessoas com pouco conhecimento do sistema. Quanto ao problema dos empregos, ainda acho necessário a presença dos frentistas, pois a situação do país ainda está precária. Acredito que com uma melhora da situação de empregos no país esta condição dos "self-services" possa ser reavaliada. É mais moderno ? SIM, mas boa parte da população ainda passa fome. O emprego, por pior que seja, é necessário.
Tenho certeza de que eles preferem essa "escravidão" à "liberdade do desemprego.
É muito fácil falar em gerar riqueza de dentro dos nossos escritórios refrigerados enquanto a maior parte da população se preocupa em sobreviver.
Antes de pensar na modernidade do autosserviço, teríamos que disponibilizar a toda a população os modelos de educação, já aplicados em muitos países, que possibilitam que as pessoas não precisem de empregos tão retrógrados e mal remunerados.
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