Na Era Vargas, quando, em 1953 e 1954, foram criadas a Petrobrás e a Eletrobrás. E nos Governos Militares, com a Nuclebrás, em 1974, e o Proálcool, em 1975.
Para que possamos compreender corretamente este assunto, iniciemos com a fase da geração da energia.
Sem dúvida, a energia solar é a mais abundante e melhor distribuída no planeta. Também das mais limpas. Idem para a eólica. A grande questão são suas limitações para produção, armazenamento, garantia de continuidade e, acima de tudo, as tecnologias que se manifestam em seus custos. Por mais que os ambientalistas desejem, estas energias não são ampla e genericamente praticáveis. Elas têm mais a característica de complementariedade e a de projeto de desenvolvimento tecnológico. Não estamos propondo suas exclusões, mas procurando definir sua situação contemporânea.
Em termos econômicos e atuais, temos quatro grupos de produtores de energia, viáveis, e com vantagens e desvantagens para todos: a hídrica (hidroeletricidade), a fóssil (carvão e petróleo), a nuclear e a da biomassa.
Com exceção do carvão mineral, o Brasil dispõe de todas elas e pode assim garantir para todo o ano e em todo território a disponibilidade de energia. Apagões, desde o fim dos governos militares, são sinônimo de decisão política incorreta ou de gestão incompetente, sendo ambas coexistentes.
A decisão política correta é deixar toda administração da energia por conta de um único órgão de planejamento, no mais amplo sentido desta palavra na compreensão da ação político-administrativa. Este órgão vai examinar as melhores opções de geração no sentido do atendimento aos menores custos e da maior eficiência à população brasileira. Como é óbvio, este é um organismo permanente que atua como função de Estado. Não pode estar influenciado pelos resultados econômicos, mas pela garantia da eficácia. Ele existe, mas a política liberal existente não o deixa funcionar: é o Ministério das Minas e Energia.
A principal ação deste órgão é dotar, cada região ou microrregião brasileira de energia mais limpa e confiável, capaz de produzi-la o ano inteiro, e de estar integrada ao sistema nacional.
Exemplificando. A energia hidroelétrica como a bioenergia, a da biomassa, podem sofrer limitações, por questão climática, regimes pluviométricos anormais, fora do controle nacional, até mesmo humano. Então vamos colocar outra fonte de energia que não tenham estas restrições como a fóssil ou a nuclear para atuar complementarmente.
Todas estas fontes exigem investimentos de longo prazo, o que não entusiasma a iniciativa privada, especialmente quando dominada pelo setor financeiro que deseja e persegue, por todos os modos, o mais rápido e maior lucro para seus acionistas ou investidores.
Assim, como existe em todo mundo, inclusive nos Estados Unidos da América (EUA) – que considera a energia uma questão de segurança nacional e entrega parte importante dela para administração pelas Forças Armadas (FA) -, apenas o Estado Nacional pode exercer esta missão.
O Brasil já teve todo aparelhamento jurídico-administrativo e técnico para dar energia barata e confiável a quase todo território nacional. Mas extinguiu a Nuclebrás, em 30/10/1989 (mesmo ano da imposição mundial do decálogo chamado Consenso de Washington), e a partir da extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), em março de 1990, e da desregulamentação do setor, o fim do Proálcool.
E agora, desde os governos de Fernando Collor e de Fernando Henrique Cardoso, sem que tenha sofrido reversão, busca destruir a Petrobrás e a Eletrobrás.
Mas energia não é apenas a geração. Parte importante do sistema é a transmissão. Costuma-se diferenciar a transmissão, termo usado para grandes distâncias, da distribuição, para territórios menores e administrativamente bem precisos.
A distribuição teve uma fase privada e foi estatizada pela falta de investimentos para atender adequadamente toda área de sua jurisdição e ser ineficiente na manutenção da própria área atendida. O caso da Light, no Rio de Janeiro, é exemplar, tanto na sua operacionalidade como na corrupção imanente à ação privada.
A indispensável integração dos sistemas geradores com os das transmissões é óbvia e não pode ser deixada, sob pena de ineficiência e altos custos, ao sabor dos interesses particulares. Tudo isso foi muito bem compreendido em seu sentido de segurança nacional, garantia da base indispensável para soberania e desenvolvimento nacional pelos governos militares, especialmente com Médici e Geisel.
Usou-se a questão importantíssima da democracia para destruição da soberania brasileira. E esta democracia vem, falsamente, associada à questão econômica na perspectiva globalizante e aos propósitos excludentes dos ambientalismos e identitarismos, patrocinados pela banca – George Soros, Fundação Ford, Rockefeller etc – como já vimos aqui nas palavras e ações da ex-ministra Marina Silva.
O que estamos conhecendo hoje no Estado do Amapá, de Goiás, de São Paulo não são exceções. Os apagões vieram para ficar e serão tanto maiores e permanentes quanto mais o Estado sair do sistema de produção e transmissão de energia. A resposta privatista será a do aumento do custo da energia e, num país onde ela é abundante, atendidas somente as áreas mais ricas do Brasil.
Para concluir podemos lembrar os malefícios do ambientalismo colonizador nos projetos das hidrelétricas e na exclusão dos sistemas hidroviários, de irrigação e saneamento básico em seus planejamentos. Quanto à energia fóssil, no momento em que o Brasil atinge sua autossuficiência na produção de petróleo e de derivados, podendo beneficiar toda população brasileira, excluem a tecnologia única, desenvolvida pela Petrobrás, para produção econômica e destroem a própria existência da empresa e seu acervo cultural.
Por que vamos manter estas políticas nocivas? Que ética leva a soberania brasileira à fogueira e ao ostracismo?
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado.
Transcrito do Portal Pátria Latina, 20/11/2020.
Comentários
Privatizaçao predatoria da nisso !
•09- 2020.01.15 e 2020.01.31 RPBC parada não programada da UFCC e do compressor de hidrogênio HDT D S-10; •07- REPLAN 20*08*18;•06-2017.8.21 GLP RPBC; •05-2017.8.7 Pane ELE UTE; •04-2016-01-09 propano; •03-2013-01-23 vazamento SO2; • 02-2012-04-29 Tenda CTT ETMLOPES; •01 2011 -RPBC DESMI; •Doaçõe$ Pedro Parente US$ 19,5 bi com venda de ativo$ entre 2017 e 2019. *drive.google.com*file*d*1-bIj9fs55xd735z4nMvn94FO 6JMtE1hd*view?usp=drivesdk
Tudo pela "falsa preservação meio ambiental". Pauta das esquerdas, claro.
Aí estão as consequências
Até agora o que tem de concreto é que a causa foi uma seguida de incêndio comprometeu os três transformadores na mais importante subestação do estado. Subestação! Pertence ao sistema de distribuição e não de geração de energia. Sem relação nenhuma com " hidrelétricas a fio d'agua" que você citou.
Explosão que os laudos preliminares apontam como causa falta de manutenção e ausência de equipamentos backup, aguardando mais de um ano parados.
Responsabilidade da operadora privada (LMTE) que não cuidou como devia dos equipamentos e descumprindo o edital de licitação. Tudo sob a conivência ou omissão da ANEL e da ONS, que deveriam ter fiscalizado a atuação da concessionária. Afinal, condizente com a falta de atuação de todas as agências neste atual governo.
Em vez de escrever besteira por aqui, procure um fórum de bolsonaristas. Eles adoram engolir fake news.
"Até agora o que tem de concreto é que a causa foi uma EXPLOSÃO seguida de incêndio QUE comprometeu os três transformadores na mais importante subestação do estado."
"A Empresa de Pesquisa Energética - EPE tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, tais como energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral, fontes energéticas renováveis e eficiência energética, dentre outras."
A *pédia lista ainda 19 atribuições da EPE. Imagino cada atribuição gerando pelo menos um relatório por ano, sendo que alguns serão lidos apenas por quem os redigiu. De qualquer modo, como funcionará uma empresa pública planejando as energias quando toda a produção e distribuição forem privadas?
Interessante observar que as empresas energéticas estatais foram criadas por Getúlio e pelos governos militares, muito antes de surgir a EPE, que data de 2004.
Esse órgão já existe é a EPE
Existe alguma evidência de que se fosse tudo público, isso jamais teria acontecido?
Clássica falácia da inversão do ônus da prova: " Dragões existem porque ninguém conseguiu provar que eles não existem". Ou, de outro pinto de vista, "Dragões não existem porque ninguém conseguiu provar que eles existem."
Totalmente irrelevante seu argumento.
O que fica claro por conta do apagão de 21 dias no estado do Amapá é que a afirmativa de que, por ser gerida por um ente privado (que busca a "eficiência de forma responsável" e gere melhor do que um ente estatal), eventos gravíssimos como este não ocorrerão.
Só isto. E agora, quero ver que penalidades recairão sobre este ente privado irresponsável, a exemplo do que estamos esperando até hoje dos acidentes da Vale em Mariana e Brumadinho.
Os efeitos já estão caindo sobre todos os contribuintes que terão que arcar com estes prejuízos nas próximas contas de energia.
Não somente o povo e trabalhadores, mas também eles estão a pagar mais depois das privatizações feitas a partir da era Sarney. Por insumos como telefone e energia elétrica, por exemplo. Porém, parecendo cegados pela maciça propaganda ideológica, esse empresariado segue aplaudindo o que os está esfolando.
Esses empresários acreditam que custo Brasil se restrinja apenas ao pouco que gastam a mais para garantir os parcos direitos dos trabalhadores. Mesmo que as tarifas de energia elétrica tenham subido bastante e as de telefonia tenham dado um salto estratosférico, esse setor do empresariado não consegue enxergar o quanto já perdeu e ainda vai perder com as privatizações.
Definitivamente, está mais do que provado, para o bem da maioria esmagadora da população o setor de energia tem que ficar sob estrito controle do Estado. Os casos a demonstrarem isso são inúmeros e não cessam de se repetir, como agora o apagão no Amapá.
Mas, do outro lado também não cessa a propaganda mentirosa a favor das privatizações que é feita insistentemente a partir principalmente dos órgãos da mídia hegemônica e seus comentaristas. Procuram convencer corações e mentes de que a privatização é a cura para todos os males vai nos levar ao melhor dos mundos.
Continua
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