A Federação Nacional dos Petroleiros – FNP lançou neste domingo (31/01) uma campanha nacional de boicote aos postos da Shell no Brasil. Na realidade tudo indica que os interesses da a Shell são a principal causa do desmonte que vem sofrendo a Petrobrás e a sangria do povo e da economia brasileira o que vai ao encontro das reivindicações dos caminhoneiros em sua paralisação.
Mais do que nunca vemos presente a frase da carta testamento de Getulio Vargas:
"Quis criar a liberdade nacional na potencialização de nossas riquezas através da Petrobrás. Mal a empresa é criada a agitação se avoluma ....Eles não querem que o Brasil seja independente...Eles não querem que o povo seja livre"
Nossas riquezas estão sendo escandalosamente entregues para a sanha do capital internacional. O povo brasileiro precisa reagir.
Leia no site da FNP http://www.fnpetroleiros.org.br/noticias/6430/federacao-nacional-dos-petroleiros-convoca-atos-de-apoio-a-greve-dos-caminhoneiros
A polÃtica de preços da Petrobrás – PPI
Desde o final de 2015, ainda no governo Dilma, e estando a Petrobrás sob o comando de Aldemir Bendine, com a queda do preço internacional do petróleo, a Petrobrás mantém no mercado interno preços acima do internacional.
Com o inÃcio do governo Temer (maio/2016), Pedro Parente assume a presidência da Petrobrás e, em 14 de outubro/2016, oficializa uma polÃtica de preços que posteriormente passou a ser conhecida como Preço de Paridade de Importação – PPI.
Com esta polÃtica os preços adotados pela Petrobrás para alguns combustÃveis produzidos em suas refinarias (primeiramente gasolina e diesel, depois também para o gás) passaram a ser calculados como se o produto fosse importado.
Ou seja, a Petrobrás toma como base o preço internacional no mercado americano, soma a ele o custo de frete até o Brasil, soma o custo de internação (porto, alfândega etc), o custo de transporte até as refinarias, adiciona um seguro para garantia de estabilidade de câmbio e preço do produto e finalmente atribuiu um lucro.
Os preços assim artificialmente elevados permitem que refinarias no exterior coloquem seus produtos no Brasil tomando mercado da própria Petrobrás.
Esta polÃtica prejudica o consumidor brasileiro que paga mais caro do que deveria. Prejudica a Petrobrás, que fica com ociosidade em suas refinarias. Prejudica a economia brasileira que fica menos competitiva com custos desnecessariamente elevados.
Os beneficiados são as refinarias no exterior, os traders internacionais e os importadores no Brasil.
A esdrúxula justificativa dada pela Petrobrás é de que o Brasil é um mercado de livre concorrência e as distribuidoras têm de ter o direito de escolher entre comprar os combustÃveis da Petrobrás ou importar.
Vejam que esta foi uma decisão tomada de livre e espontânea vontade da direção da Petrobrás pois não havia qualquer queixa por parte dos distribuidores.
Aliás, criada em 1953, a empresa sempre adotou uma polÃtica de preços com base nos seus custos de produção e na capacidade de pagamento do brasileiro. Assim a Petrobrás se desenvolveu sem precisar da ajuda de ninguém. Nunca teve reclamações de distribuidores, revendedores ou caminhoneiros.
Resta perguntar se os administradores da Petrobrás são brasileiros ou representam interesses de empresas ou capitais internacionais.
Uma empresa em especial está sendo extraordinariamente beneficiada com esta polÃtica de preços: a Royal Dutch Shell.
Graças ao PPI passou a exportar para o Brasil de suas refinarias no golfo do México, em sociedade com a saudita Saudi Aranco, cerca de 200 mil barris dia de combustÃveis . Em torno de US$ 15 milhões dia.
Isto é apenas coincidência ou premeditado?
A Medida Provisória – MP da Shell (do trilhão)
Esta mesma Royal Dutch Shell em 2016 comprou a Britsh Gás-BG, empresa que entre outras atividades era a maior produtora de petróleo no Brasil, depois da Petrobrás.
Em 2017 o governo Temer enviou ao Congresso Nacional a MP 795 isentando de impostos as petroleiras estrangeiras na exploração e produção de petróleo no Brasil.
A MP previa uma renúncia de receitas de R$ 50 bilhões por ano até 2022.
Quando foi verificado que o ministro do Comércio do Reino Unido, Greg Hands, veio ao Brasil fazer lobby no Congresso Nacional, a MP passou a ser conhecida como MP da Shell.
O relator da matéria, deputado Júlio Lopes (PP-RJ) ampliou o prazo do benefÃcio de 2022 para 2040, e assim a Lei 13.586/2017 foi aprovada, com renúncia de receitas de R$ 1 trilhão e perda de 1 milhão de empregos de brasileiros.
Hoje a Shell produz mais de 400 mil barris por dia de petróleo no pré-sal brasileiro. Exporta sem pagar qualquer imposto.
No inÃcio da colonização brasileira o pau-brasil era retirado mas pelo menos os Ãndios recebiam alguns brindes (espelhos, machados etc). Hoje nada fica.
Isto é apenas coincidência ou premeditado?
A Abicom – empresa de fachada
Em julho de 2017 foi criada a Associação Brasileira dos Importadores de CombustÃveis – Abicom, formada por um grupo de nove importadores.
Como no Brasil existem perto de 200 importadores, a Abicom não seria muito importante se não fosse sua sistemática atuação junto ao CADE (Conselho de Defesa Econômica) que chegou a justificar um Termo de Compromisso (TCC) da Petrobrás para venda de suas refinarias, num processo absurdo.
Afinal o Cade foi criado para a defesa econômica das empresas brasileiras e dos brasileiros ou dos investidores estrangeiros ?
Ocorre que o presidente da Abicom é nomeado por uma empresa chamada Greenergy, com sede no Reino Unido, onde tem diversas plantas de refino em sociedade com a Royal Dutch Shell.
Isto é apenas coincidência ou premeditado ?
A venda das refinarias
Atualmente a Petrobrás está finalizando a venda da Refinaria Landulfo Alves – Rlan, na Bahia, para o fundo de investimento Mubadala da Arabia Saudita. Como fundos de investimentos não administram refinarias, quem os leitores acreditam que vai administrar a Relan se o negócio for fechado.
No Brasil a Shell em sociedade com a Cosan formou a Raizen, empresa que está prestes a comprar a Refinaria Getúlio Vargas – Repar, no Paraná.
Isto é apenas coincidência ou premeditado?
Conclusão
Vamos abraçar o boicote lançado pela FNP. Os verdadeiros brasileiros têm de reagir ao esbulho da nação.Temos a obrigação de defender o futuro de nossos filhos e netos. O Brasil não póde ser uma eterna colônia. Este movimento se associa e complementa a paralisação dos caminhoneiros.
Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobrás aposentado
Comentários
Manter esta obrigação de adicionar 27,5% de Etanol, dificulta a fiscalização, é insensata e irracional, pois nenhum grande paÃs tem esta obrigatoriedade de se adicionar Etanol na gasolina nesta proporção, e esta prática deve ser revista, pois só prejudica a Petrobras e aos consumidores só favorece os usineiros.
O Brasil deveria adotar o padrão Internacional de adição que fica entre 7,5 e 10% no máximo de Etanol, no mesmo padrão que exporta, que além de se nivelar com a qualidade de outros paÃses, dificulta a adulteração.
Estamos como naquela antiga musica " la vem o Brasil descendo a ladeira ".
Ainda ha tolos usuarios de antolhos que se recusam a ver a realidade.
O comportamento do preço do diesel não é diferente de outras commodities negociadas no mundo. Quando o preço da carne ou da soja sobe no exterior, pagamos mais por estes itens no supermercado, mesmo que sejam produzidos aqui.
Por isto, se o preço do diesel no Brasil ficar abaixo do mercado internacional, nenhuma empresa vai querer importar. A Petrobras tem duas opções neste cenário: não importar e deixar o mercado desabastecido; ou importar e vender com prejuÃzo, comprometendo a capacidade da Petrobras de investir e gerar riqueza para o PaÃs.
Mas sempre quem fez muito barulho foi a esquerda. Também esta perdendo a boca!