Mas um modelo não é uma prova científica. Não demonstra nada; é algo que está para ser demonstrado.
Concederam o Prêmio Nobel 2021 a Syukuro Manabe por ter concebido em 1964 um modelo sobre o clima [1], que é o utilizado pelo IPCC nos seus relatórios. Tal como tantos outros, o referido modelo fundamenta-se no "efeito estufa", como se na atmosfera houvesse muros transparentes capazes de isolar umas regiões de outras, em vez de correntes de ar.
Se a teoria de Manabe fosse correcta, o "efeito estufa" seria mais intenso nas regiões baixas da estratosfera, a uns dez quilômetros de altura, onde ficaria "retido" o calor.
Décadas depois de expor o seu modelo foram postos em órbita satélites meteorológicos que forneceram medições de temperatura nas regiões baixas da estratosfera onde Manabe esperava que o calor se houvesse acumulado.
Mas isso não estava a ocorrer. Ano após ano os resultados não deixavam dúvidas: desde 1993 não se observou nenhuma mudança significativa na temperatura à referida altura. O modelo de Manabe não superou a prova.
A constância da temperatura na referida altura era ainda mais significativa pelo fato de que as emissões de CO2 na atmosfera haviam aumentado substancialmente desde 1993.
O tempo continuou a decorrer inexoravelmente. O modelo de Manabe cumpriu mais de meio século e, contudo, é agora que lhe concedem o Prêmio Nobel, o que é como ganhar as 500 milhas de Indianápolis com um Simca 1000. Não é possível sem uma transformação importante no motor e na carroceria. O Prêmio Nobel agora concedido a Manabe foi mais por razões políticas do que científicas: aproxima-se a cimeira climática de Glascow.
Em 2011 o próprio Manabe teve de corrigir o seu modelo a fim de adaptá-lo a essa evidência. "Modelos frente a observações", intitulava-se o artigo publicado pela Geophysical Research Letters [2] que, em 2016, declarou numa entrevista surpreendentemente lúcida [3].
"Não entendemos o clima, o clima é muito complicado e só estamos começando a entender quais podem ser os efeitos do dióxido de carbono. Pode ser que sejam bons ou pode ser que sejam maus", salientava Manabe. O CO2 não é um poluente. É bom para nós, é bom para as plantas e bom para a comida. Na realidade é um fertilizante, acrescentava.
"O dióxido de carbono permite diretamente o crescimento de todo tipo de plantas. Assim, mais dióxido de carbono significa que é bom para a vida silvestre, é bom para os bosques e é bom para os alimentos, para a agricultura de todo o mundo. Salva um grande número de pessoas de morrer de fome. Os efeitos são mais graves que os efeitos do dióxido de carbono no clima. E isso é o que nunca se diz em público", dizia também o geofísico.
Além de produzir diretamente o crescimento das plantas, o CO2 "torna-as mais resistentes à seca. Porque o dióxido de carbono é um substituto da água. Veja forma como uma planta realmente respira. Tem pequenos buracos na superfície da folha que se podem abrir e fechar. E cada vez que a molécula de dióxido de carbono entra na planta a partir do ar, uma centena de moléculas de água escapam. Isso acontece, não se pode evitar. Assim, absorver dióxido de carbono implica sempre perda de água. Mas se o ar externo for mais pobre em dióxido de carbono, a planta perderá mais água para poder respirar. Assim, de facto, está-se a fazer com que a planta seja mais susceptível à seca. E esse é o grande assassino das plantas, naturalmente. Desta maneira, convertem-se terras verdes em desertos".
"Durante a história da Terra, na maior parte do tempo o CO2 era muito mais alto do que agora. O mundo neste momento está como meio morto de fome por não ter dióxido de carbono suficiente. A vegetação preferiria que houvesse três vezes mais" CO2 na atmosfera.
"Por que não vemos isso nos meios de comunicação? Por que só vejo anúncios apocalípticos? Não sei muito bem a resposta. Por alguma razão os meios de comunicação sempre amam os desastres. As catástrofes vendem jornais. Também vendem a televisão e as boas notícias não".
"A ideia de que podemos travar as alterações climáticas é absurda. Não sabemos o suficiente nem sequer para imaginar como fazê-lo". Estamos de acordo com Manabe. Se alguém acredita que por reduzir a concentração atmosférica de CO2 ficará mais fresco, equivoca-se. E se acredita que o termômetro subirá por reduzi-la, também se equivoca.
09/Outubro/2021
[1] https://www.gfdl.noaa.gov/bibliography/related_files/sm6401.pdf
https://journals.ametsoc.org/view/journals/atsc/24/3/1520-0469_1967_024_0241_teotaw_2_0_co_2.xml
[2] https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1029/2011GL048101
[3] https://www.marijnpoels.com/single-post/2019/03/05/we-don-t-understand-climate-its-very-complicated-and-were-only-at-the-beginning-to-unders
O original encontra-se em https://mpr21.info/...
Este artigo encontra-se em resistir.info
Comentários
Que bola fora!
Agora sim os bolsominions que frequentam aqui podem sorrir.
Citar este site NEGACIONISTA, que divulga com matérias absurdas contra vacinas, com fake news afirmando que as máscaras já vem contaminadas de fábrica com os patógenos e outras obscenidades pseudo-científicas???
É bom vocês verificarem quem aceitou publicar esta "matéria". Com certeza tem infiltrado aí dentro.
Aí tem um monte de gente negacionista do óbvio, sem nenhum argumento, que é contra só porque está na modinha.
A AEPET agora virou propagadora de mentiras. Fofoqueira, ou melhor: turgimã. Publica qualquer besteira. Pior que tablóide sensacionalista.
Não faço ideia da causa desta confusão, mas o fato é que o artigo desinforma.