Em texto enviado a deputados do Rio de Janeiro, o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, estava tão entusiasmado com as promessas para os setores naval e de petróleo e gás que garantiu que serão construídos mais de 20 plataformas do tipo FPSO, sendo que 12 já estão em construção e 10 em vias de (opa, 12+10 não daria 22?). "Isso representa a retomada da geração empregos na indústria de petróleo e gás. Mais do que isso, é a retomada da indústria naval brasileira e a geração de mais de 600 mil empregos no Brasil só nesses últimos três anos nesses dois setores", reafirmou o ministro.
Fidelidade aos números não é o forte do Governo Bolsonaro. Tanto pelo desmonte do setor público (caso do eSocial, substituto do Caged, que estimou haverem sido criados 142.690 vagas com carteira assinada em 2020, números que depois foi revisto para demissão de 191.500 trabalhadores), quanto pelos fake numbers, estatísticas que só existem na cabeça dos integrantes do governo.
Vamos aos números, utilizando os dados oficiais disponíveis. Somando 2019 com 2020 e 2021 (até outubro), foram criados 3.445.477 postos de trabalho com carteira assinada. Para chegar aos 600 mil propagandeados, significaria que pouco mais de 1 em cada 6 empregos foram criados nos setores naval e de petróleo. Impensável. Na sua melhor fase, na década de 2010, a indústria naval alcançou um estoque de 80 mil empregados. A Petrobras, principal empresa petrolífera, vem enxugando o quadro de funcionários. Nem se levar em consideração os empregos indiretos, e mesmo os sem carteira, a conta não passa nem perto.
Para ter uma noção melhor de como os números do ministro são descolados da realidade, se somarmos todos os empregos com carteira gerados na área extrativa e na indústria de transformação nos 3 anos de governo, e assumindo que estejam corretos, temos 655.641. Ou seja, os "mais de 600 mil empregos" que Bento Albuquerque enxergou só nos setores naval e de petróleo e gás foram gerados em toda a indústria manufatureira. E olhe lá.
Fonte: Monitor Mercantil
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*Unidades Industriais onde ocorrem atualmente elevados gastos com equipamentos ociosos, alguns em deterioração e em estado de condicionamento e comissionamento devido ao adiamento constante dos projetos, montagens, construções e testes até as partidas de operações das Unidades Industriais.