Prates vai colocar à prova mais uma vez a sinceridade e a realidade da política real do compliance da companhia e o cumprimento da Lei das Estatais. Não vai precisar só parecer honesta, mas terá que ser bem honesta. E se seguir as regras, o nome de Prates subirá no telhado e não passará. Simples assim. Prates terá que explicar à diretoria da Petrobrás suas ligações com empresas de consultoria na área de petróleo e gás e o conflito de interesses por participar societariamente de outras tantas do mesmo segmento. Além disso, precisará desviar do que a Lei das Estatais estabelece para assumir o cargo. Prates é sócio de diversas empresas do setor de consultoria de óleo e gás, mesmo ramo da estatal. O nome dele não aparece diretamente no contrato social, mas por meio de holdings que pertencem a ele e são sócias das empresas.
Um exemplo é a Expetro Consultoria em Recursos Naturais. O único sócio pessoa física é Gustavo José dos Santos Frickmann, citado como administrador. Outras duas empresas participam da sociedade, a Singleton Participações Imobiliárias e a Atma Sociedade Gestora De Participações Sociais. Ambas pertencem a Prates. Ele mesmo nunca escondeu esta sua proximidade com a Expetro. No Linkedin, ele mostra que é líder do conselho da empresa há quase 12 anos e revela a sua própria experiência atuando diretamente com mais de 50 companhias interessadas em ingressar no mercado brasileiro de petróleo.
O último exemplo que tivemos foi com a indicação de Adriano Pires (foto à direita) no governo Bolsonaro. Abatido em pleno voo, ele acabou desistindo por ser fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que atua no ramo de energia, no qual a Petrobrás também atua. Neste duelo com o compliance da companhia, Prates vai precisar de uns três ou quatro atiradores de apoio no telhado para lhe dar suporte. O contrário será o descrédito total da política de sanidade imposta pela companhia desde os escândalos da Lava Jato. A mesma política que faz espezinhar até a segunda geração das empresas que são ou que pretendem ser um dos fornecedores da Petrobrás. A candidatura de Prates praticamente subiu no telhado e poderemos ter um outro nome para ser submetido. Só dedos políticos podem mudar o destino dele.
Para colocar a cereja no bolo do compliance e fel no iougurte de Prates, uma empresa que não consta em suas redes sociais é a Bioconsultants Consultoria em Recursos Naturais e Meio Ambiente, onde é sócio por meio da Singleton. Aberta em 2009, a Bioconsultants atende pelo nome fantasia de CRN-Bio e o sócio o coordenador de desenvolvimento energético da Secretaria de Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, Hugo Alexandre Meneses Fonseca. O site oficial detalha que a CRN-Bio firmou contrato com várias empresas do setor energético. No perfil de Fonseca consta que ele deixou o cargo de CEO da CRN-Bio em 2005, embora ainda conste como um dos donos. Outra é a Praxis Brasil Consultoria de Investimentos, que atua com gestão empresarial e imobiliária. O senador participa da companhia por meio da Atma, que está ativa, segundo a Receita Federal. E nesta, com um agravante: ele divide as tarefas com o empresário Sérgio Caetano Leite, que consta como sócio-administrador. Leite foi um dos subsecretários do Consórcio do Nordeste durante a crise da fraude dos respiradores e também é sócio de Prates na Singleton e na Atma.
Em uma entrevista, o senador Prates disse que já se desligou das empresas citadas, nos casos em que ainda estão ativas, embora isso não conste nos dados da Receita Federal. Também informou que o uso de holdings para administrá-las teve como objetivo facilitar a saída da administração, se isso fosse necessário e que já que precisou se desincompatibilizar das funções das empresas nos períodos em que foi secretário de estado no Rio Grande do Norte. Os próximos dias de análise, onde a candidatura dele será analisada pelo Compliance da Companhia serão, certamente, de muitas conversas políticas. Quem será ferido a bala em tiro de morte neste duelo conheceremos. Quem viver, verá.
Fonte: Petronoticias Editorial
Comentários
Na cadeira de senador, herdada de Fátima Bezerra, Prates foi à Justiça tentando anular a indicação de Caio com alegações risíveis e citando a Lei das Estatais, que está prestes a ser anulada para permitir sua própria nomeação. A lei que protege as estatais de políticos indesejados.
O senador também já havia atacado Adriano Pires, outro indicado, por atuar no setor de energia. Mas Prates tem empresas na área de petróleo e gás.
A Lei das Estatais usada contra os antecessores impõe a Prates, por ser político, 36 meses de quarentena para assumir empresa pública.
A PEC tentou diminuir a quarentena de 36 para 1 mês. Passou na Câmara, mas está na gaveta do Senado. Portanto, valem os três anos.
Em primeiro lugar quero colocar que não tenho procuração ou sou amigo do Sr. JPP, De igual forma não tive acesso as informações contábeis de suas participações empresariais, ou melhor até, de sua declaração de imposto de renda. De forma que considero, no mínimo, temerária qualquer acusação sem apresentação de provas consistentes. Defendo que temos que zelar por uma indicação totalmente ilibada, isto é, sem sombra de dúvidas, mas também entendo que não se trata de tarefa fácil na atual conjuntura politíca. Dito isto, me parece prudente, conceder o benefício da dúvida não deixando de lado a eterna vigilância( de toda a sociedade especialmente dos orgâos diretamente responsáveis pelo assunto e dos congressistas.
Respeitosamente
Xavier,