O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, começou bem ao jogar o enfoque da discussão sobre o déficit nominal, aplaude a economista Monica De Bolle. "No Brasil é prática ocultar as despesas financeiras e seus desdobramentos patrimonialistas enfatizando sempre o resultado primário do governo", enfatiza De Bolle em artigo publicado em seu blog.
A economista critica a confusão entre a política fiscal e a monetária provocado pelo uso desenfreado de operações compromissadas, que utilizadas pelo Banco Central para regular a quantidade de moeda nos mercados (liquidez), se valendo dos títulos públicos que a autarquia tem em carteira.
"É costume no Brasil ver compromissadas no valor de trilhões diariamente durante certos períodos. Volumes dessa natureza são uma idiossincrasia brasileira que obrigam o BC a reter um imenso estoque de títulos públicos. Esses títulos públicos são tratados como dívida pública, embora não o sejam no estrito senso de suas funções", explica.
A crítica vai na direção do que vem denunciando há anos Maria Lucia Fattorelli, coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD). Em artigo publicado pelo Monitor Mercantil, Fattorelli afirma que essas operações compromissadas representaram um custo de quase R$ 3 trilhões em 10 anos aos cofres públicos.
"Essa operação não é qualquer operação. Ela é a principal operação responsável pelo travamento da economia brasileira: os juros de mercado são abusivos no Brasil por causa dessa remuneração diária aos bancos", critica a coordenadora da ACD.
Monica De Bolle faz uma conta, para ilustração. "O estoque da dívida, hoje, é de mais ou menos R$ 6,7 trilhões. Ao excluirmos as compromissadas, o reduziríamos para uns R$ 5,7 trilhões." Além disso, a economista também utiliza o conceito de dívida líquida, ou seja, excluída as reservas internacionais brasileiras, na casa de US$ 300 bilhões (cerca de R$ 1,5 trilhão). "Chegaríamos a R$ 4,2 trilhões, que equivalem a 47% do PIB, bem menos do que os cerca de 75% alardeados pelos alarmistas de sempre."
Rodrigo Ávila, economista da ACD, aponta a mentira de que o país "estaria contraindo mais dívida para cobrir o buraco dos gastos sociais". "Na realidade, a dívida pública tem retirado recursos das áreas sociais, tendo servido para pagar os próprios juros e amortizações da própria dívida", explica.
Ávila aplaude poucas medidas do pacote de Haddad, mas o economista da ACD e De Bolle concordam que deve-se tirar o foco do superávit primário e colocar a questão da dívida na mesa. "É correto o enfoque de Haddad no déficit nominal, ainda que as medidas para a receita tenham deixado a desejar. Dentre elas, a única que é realmente sólida trata da reversão das desonerações de BolsoGuedes, que podem gerar uns R$ 100 bilhões para os cofres públicos. Mas, como um primeiro anúncio apontando direções, Haddad fez o que tinha de fazer", finaliza Monica.
Fonte: Monitor Mercantil
Comentários
FHC repassou a #luladrão dívidas pública bruta e líquida de, respectivamente, US$280 bilhões e R$240 bilhões.
Dilma entregou a Temer dívidas de US$1,3 trilhão e US$1 trilhão.
Portanto, se hoje sofremos DEMAIS para pagar juros da dívida pública, temos que lembrar dos DESgovernos do PT que, além de aumentarem muito a dívida, causaram também o aumento de juros e de "spread".
Isso essa Fatorelli convenientemente esconde e faz supor que corruPTos culpados pela dívida são outros.
Quando ele terminou seu segundo mandato em fins de 2010, ela representava 62% do PIB e estava em tendência decrescente (em % do PIB). Continuou decrescendo no governo Dilma até chegar a representar 60% do PIB em 2013, passando a subir depois disso.
Quando Dilma sofreu o impeachment em 2016, a dívida tinha retornado a representar os mesmos 76% do PIB com tendência de ascenção.
Ao final do governo Bolosonaro (2022), após altos e baixos, depois de desmantelar boa parte da máquina pública de atendimento à população, fiscalizações ambientais e entregar o poder com uma legião de 33 milhões de brasileiros passando fome e 116 milhões em risco alimentar, eis que temos a dívida pública...nos mesmos 76% do PIB.
E com um problema social para Lula tentar resolver.
Hoje (15/jan/23):
Dolar R$ 5,09 DESPENCOU desde 3/jan/23 quando chegou a R$5,48
IBOVESPA: 110.916 (13/jan/23 sexta feira), teve ALTA em relação a 3/jan/23 quando chegou a cair para 104.165,74.
De onde você tirou que não haverá aumento de salário mínimo? Por acaso você é o ministro do trabalho do Lula?
E sobre os impostos? O retorno do ICMS aos combustíveis é decisão judicial, não de governo. Era inconstitucional quando foi "acertada" por fins eleitoreiros ás vésperas do 1° turno e agora será revertida.
E lembre-se que a já está na Câmara uma PL para reajustar a tabela de IR, que vai desonerar quem ganha menos. Coisa que o Bolsonaro não fez em nenhum dos 4 anos em que corroeu o Brasil.
A IBOVESPA caiu de 110.916 para 108.875,95 e o DOLAR subiu de 5,09 para 5,15.
Motivo:
Alguma fala do Lula, do Haddad, de outro membro do governo Lula?
Não, não teve nenhuma declaração nova hoje.
Então alguma barbeiragem em uma Estatal ou Empresa de Economia Mista que assustou o mercado?
Também não, nada de novo ocorreu.
Motivo real: A causa veio da manipulação descarada do mercado financeiro, a FRAUDE que levou à bancarrota as "Americanas".
O tal mercado que tudo sabe e regula...
Vai reclamar agora com o Jorge Paulo Lemann e seus sócios.
Ao tabela os juros, o MERCADO cobrará mais juros, pois cria-se uma instabilidade jurídica na prática insana. Tabelar juros e preços de produtos são ideias típicas de energúmenos no controle da economia de um país, como acontece na Argentina.
O que foi dito é reduzir as "operações compromissadas" (parar de recolher dinheiro dos bancos que não foi emprestado a particulares, só para enxugar a liquidez do mercado para conter a inflação).
Essas sim são decisão e ação do governo, e causa dos juros elevados pagos aos bancos por esse dinheiro tomado. Dinheiro que fica parado no cofre do governo sem custear a máquina pública ou fazer investimentos.