Em discurso contrário ao de Haddad, Galípolo diz não ver ataque especulativo em alta do dólar
Futuro presidente do BC aprova alta de juros
Diante da disparada da cotação do dólar nesta semana, que chegou a atingir valor recorde, o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (19) que não vê a possibilidade de um ataque especulativo do mercado financeiro na situação.
A afirmação de Galípolo é contrária à do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que na última quarta (18) chegou a falar sobre a suspeita. "Quando o preço de ativo [como o dólar] se mobiliza em uma direção, tem vencedores e perdedores. Ataque especulativo não representa bem como o movimento está acontecendo no mercado hoje", declarou o futuro presidente do BC em coletiva.
Durante a manhã, a moeda norte-americana chegou a alcançar a cotação de R$ 6,30, que caiu após leilões de US$ 8 bilhões (R$ 49,2 bilhões) do BC. Segundo Galípolo, o dólar teve um movimento atípico de alta diante do que chamou de disfuncionalidades sistêmicas.
"A gente entende que o princípio da separação é fundamental, ou seja, que política monetária é para juros, macroprudencial para estabilidade financeira, e que o câmbio é flutuante. Que o Banco Central deve agir no câmbio quando entende que tem algumas disfuncionalidades no fluxo, por alguma operação pontual, saída extraordinária ou fator de mercado", declarou.
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Com relação ao aumento da taxa de juros no país, o próximo presidente do Banco Central sinalizou que o indicador deve seguir em alta diante do atual cenário do país.
"A sinalização com essa elevação é um passo importante para mostrar que o Banco Central está comprometido em atingir a meta, que entende que a gente tem uma incerteza maior que a usual e que algumas incertezas se tornaram certezas", afirmou.
Na última quarta, Haddad afirmou, após encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que não descartava um possível ataque especulativo sobre o aumento do dólar nos últimos dias. A moeda norte-americana já alcança valorização de quase 30% no ano.
"Há contatos conosco falando em especulação, inclusive jornalistas respeitáveis falando nisso. Prefiro trabalhar com os fundamentos mostrando a consistência do que estamos fazendo. Pode estar havendo [especulação], mas não estou aqui querendo fazer juízo sobre isso. Esses movimentos mais especulativos são coibidos com intervenção do Tesouro e do Banco Central", disse na data.
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