Petróleo passará minério como 2º produto na exportação em 2018

Brasil volta aceleradamente ao modelo colonial e desperdiça potencial desenvolvimentista do pré-sal

Publicado em 18/08/2018
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Cada vez mais se consolida o modelo que não levou desenvolvimento a nenhum país. De acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o faturamento do Brasil com a venda de petróleo cru este ano só ficará atrás do da soja, outro produto primário, e deverá somar cerca de US$ 21 bilhões, ante US$ 28,3 bilhões em divisas geradas com a soja.

Pelo quinto ano consecutivo, as exportações brasileiras de manufaturados permanecerão estagnadas em patamar inferior aos valores de 2007. Entre os dez principais produtos exportados pelo Brasil, nove são commodities e apenas um (automóveis, fabricados por multinacionais que remetem lucros e dividendos para seus acionistas no exterior) é manufaturado.

As vendas de matéria-primas, que demandam altos investimentos em infra-estrutura, não serão capazes de inverter o déficit das contas externas, sobrecarregadas com encargos financeiros, serviços, royalties e o desequilíbrio estrutural causado pelas importações de mercadorias com maior valor agregado.

As previsões representam um forte aumento na comparação com os números divulgados pela AEB ao final do ano passado, quando a associação esperava para 2018 embarques equivalentes a US$ 22,8 bilhões de soja e US$ 16,5 bilhões de petróleo, respectivamente.

O minério de ferro, que vem sendo o segundo principal produto do Brasil nos últimos anos, deve perder o posto para o petróleo apesar de um crescimento esperado na extração da Vale, maior produtora global da matéria-prima do aço e privatizada a preço de banana no governo FHC.

As cotações de soja e petróleo subiram desde que a AEB divulgou suas estimativas preliminares para 2018, reforçando a tendência de acelerar essas vendas para resolver encargos de longo prazo e amenizar, sem resolver, a dependência do capital especulativo para fechar as contas externas.

A guerra comercial entre EUA e China também tem impulsionado embarques dos produtos primários. No caso do petróleo, um acordo para reduzir a produção de grandes produtores globais impulsionou os preços.

Em resumo, enquanto são sepultadas as poíticas de conteúdo local, em 2018 a concentração nos três principais produtos de exportação crescerá ainda mais, com soja, petróleo e minério de ferro atingindo o recorde de 30,5%, "consolidando a elevada dependência das commodities nas exportações e no superávit comercial…”, diz a AEB, em comunicado divulgado pelo seu presidente José Augusto de Castro.

Segundo a AEB, a forte concentração das exportações com commodities reforça, com números, “a imperiosa necessidade de reformas estruturais para reduzir o Custo-Brasil e gerar competitividade nas exportações de manufaturados”.

 

Com informações da agência Reuters

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