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Editorial: O caminho do crescimento econômico

Nestes tempos de eleições podemos dividir as candidaturas a presidente em duas vertentes:

Publicado em 03/10/2018
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Esquerda x Direita ou Estado Forte e Eficiente x Estado Mínimo e Fraco.

Vários partidos de direita atualmente pregam a privatização de tudo ou quase tudo!

Mas se baseiam em que Números e/ou evidências para propor a privatização como o melhor caminho para o desenvolvimento econômico do Brasil?

Pois de acordo com Fatos e Dados, podemos afirmar o contrário!

O planejamento estatal coordenado com Estatais fortes e eficientes e com empresas privadas é o melhor caminho para o crescimento econômico do Brasil.

De acordo com o último relatório da consultoria McKinsey (set/2018) entitulado "Outperformers: High-growth emerging economies and the companies that propel them", 18 países no Mundo obtiveram altas taxas de crescimento do PIB per capita ao longo dos últimos 50 anos, Long-term outperformers, ou dos últimos 20 anos, Recent-outperformers.

Segue abaixo tabela com esses países:

editorial1

Destes países podemos excluir Hong-Kong e Cingapura pois são países muito pequenos em área territorial e com modelos econômicos praticamente impossíveis de replicar para outros países.

O que podemos concluir deste estudo da McKinsey sobre crescimento econômico?

Fica claro que NENHUM país listado entre os Outperformers, excluindo as exceções Hong Kong e Cingapura, adotou um modelo de Estado Mínimo para o seu crescimento !!!

Todos adotaram um modelo de Estado forte, soberano e com Estatais fortes em suas economias !!!

A adoção de uma política econômica baseada em planejamento estatal e empresas estatais é garantia de desenvolvimento econômico acelerado para o país? Não, mas é PRÉ-REQUISITO para trilhar o caminho do desenvolvimento econômico acelerado.

O estudo da McKinsey aponta que o “COMO” se realizará esta política de desenvolvimento é fundamental para o seu sucesso, e é neste ponto que o estudo mais se aprofunda.

Para efeito de comparação com o Brasil, se considerarmos apenas os maiores países desta lista, fica evidente o modelo econômico de Estado forte e empresas estatais adotado pelos países:

China                7.3% cagr 50 anos
Coréia do Sul     6.2% cagr 50 anos
Tailândia           4.3% cagr 50 anos
Índia                 5.3% cagr 20 anos
Vietnam            5.1% cagr 20 anos

Parece uma surpresa este resultado? Mas não é!!!

Isso apenas confirma o que os recentes estudos de economistas Prêmios Nobel vem alardeando sobre as deficiências do modelo Neoliberal para o crescimento da Economia.

Joseph Stiglitz ganhou seu prêmio Nobel em 2001 devido à comprovação da existência das "falhas de mercado", que impedem que a "mão invisível" do mercado realize a melhor alocação de recursos em prol do crescimento da economia. Essas falhas de mercado permitem que ao invés das pessoas enriquecerem por "Criação de Valor" para a sociedade, elas enriqueçam por "Transferência de Valor" dos mais pobres para os mais ricos !!!

Por exemplo uma empresa monopolista ou oligopolista que reduz a produção e aumenta o preço de seus produtos, terá um lucro maior, mas não porque criou valor e sim porque transferiu valor da sociedade, na forma de desemprego e preços mais altos. Nada foi criado, apenas houve transferência de renda !!!

Outro exemplo, uma firma que reduza os salários de seus funcionários e/ou reduza seu quadro de funcionários, para em contrapartida APENAS aumentar a remuneração de seus Acionistas, na forma de Dividendos, e de seus Diretores, está apenas Transferindo Valor e não Criando Valor. E a consequência desta Transferência de Valor é a redução da Demanda Agregada, o que acarretará em um crescimento abaixo do potencial para a Economia. Esta falha de mercado é apontada inclusive no artigo da Harvard Business Review, “The error at the heart of corporate Leadership”.

Stiglitz em seu estudo "Inequality and Economic Growth" demonstra que a classe média americana apesar de ter aumentado em 75% sua produtividade ao longo de 30 anos, teve a sua renda estagnada neste período!!!

E para onde foi esta renda decorrente do aumento de produtividade? Ficou concentrada nos 1% mais ricos dos EUA, que obtiveram um aumento de mais de 200% na sua renda!!!

 

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Ainda de acordo com o estudo, um CEO nos EUA ganhava, na década de 60, em média 20 vezes o que ganhava um trabalhador médio. Atualmente ganha em média 300 vezes o que ganha um trabalhador médio! Não há correlação estatística entre os resultados da empresa e o salário dos CEOs. Ou seja, não há criação de valor que justifique os salários dos CEOs.

Mas esta situação não é inexorável. Através de escolhas políticas da sociedade isso pode ser amenizado. Na Noruega por exemplo, um CEO ganha em média 11 vezes o que ganha um trabalhador médio!

Além de Stiglitz, outros economistas Prêmios Nobel abordam as sérias limitações do Neoliberalismo para a melhor alocação de recursos e o crescimento da economia, como Paul Krugman, George Ackerloff, Jean Tirole, Angus Deaton.

Um Estado forte com empresas estatais fortes e eficientes, que não se aproveitam das "falhas de mercado" para concentrar a renda na mão de poucos, que não tomam suas decisões de investimento pensando apenas no Curto Prazo, são um forte indutor do crescimento da Economia.

Por exemplo, se a Petrobras tivesse sido privatizada em 2001, o pré sal NUNCA teria sido descoberto, pois uma empresa privada que visa o Lucro no Curto Prazo não se arriscaria na exploração como fez a Petrobras, vide a Shell que na época desistiu de procurar petróleo na área do pré sal.

Estamos falando de até 174 bilhões de barris, ou seja, considerando preço de US$ 70 o barril (já está em mais de US$ 80 o brent!) e US$ 35 o preço de equilíbrio financeiro de exploração e produção, temos um LUCRO de R$ 25 Trilhões !!! Isso é Criação de Valor !

A Dívida Pública Federal, que é considerada o maior problema financeiro do país, está em R$ 3,5 trilhões, já incluídos os juros exorbitantes. Se utilizarmos o Lucro do pré-sal para pagar esta dívida, sobra ainda a bagatela de R$ 21,5 trilhões. E por aí vai ...

Desta forma, baseado na experiência recente de países com as maiores taxas de crescimento do PIB per capita e nos estudos de prêmios Nobel sobre as "falhas de mercado", afirmamos que o Estado Mínimo levará a uma concentração de renda, ainda maior da que já temos no Brasil, e a um menor crescimento da economia, gerando desemprego e menores salários.

Por último refutamos a argumentação em favor do Estado Mínimo em função da Corrupção.

Segundo alguns defensores da privatização, quanto menos Estado menos Corrupção. Ora então se tenho, por exemplo, corrupção na Justiça devo acabar com ela?

Não, pois a Justiça é necessária, assim como o Estado é necessário para o melhor funcionamento da sociedade, para a redução das desigualdades, e para a melhor alocação de recursos.

Devemos sim tomar medidas para reduzir ao máximo a corrupção, como Conformidade, Governança, Transparência, etc., além é claro de promover ações para tornar o serviço público mais eficiente e não vender o patrimônio público e comprometer seriamente o crescimento econômico, utilizando como bandeira a corrupção.

Referências:

https://www.mckinsey.com/featured-insights/innovation-and-growth/outperformers-high-growth-emerging-economies-and-the-companies-that-propel-them

https://www8.gsb.columbia.edu/faculty/jstiglitz/sites/jstiglitz/files/Inequality%20and%20Economic%20Growth.pdf

https://hbr.org/2017/05/managing-for-the-long-term

http://norwaytoday.info/finance/norways-top-executives-earn-eleven-times-salary-average-employee/

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