As novas faces do imperialismo do petróleo
Os Estados Unidos vivem um novo boom do petróleo. Com certeza, isso está ajudando bastante a estabilizar a economia americana. O desemprego che
Os Estados Unidos vivem um novo boom do petróleo. Com certeza, isso está ajudando bastante a estabilizar a economia americana. O desemprego chegou ao nível mais baixo em décadas, 3,8%, o que é índice de pleno emprego; o país está crescendo; e esta semana o Fed, o banco central americano, derrubou os juros básicos do país para 2% a 2,25%.
É tudo muito recente. Não tem nem cinco anos. Mas é uma mudança que afeta profundamente toda a geopolítica mundial. Desde 1953 até poucos anos atrás, os EUA foram altamente deficitários em petróleo. A partir de meados da década de 70, a produção americana começou a cair e a demanda, a subir, provocando um buraco gigantesco na balança comercial do país.
Em 1977, os países que compunham a OPEP respondiam por 70% das importações americanas de petróleo, e os EUA tinham uma produção relativamente pequena em relação a seu consumo.
A dependência empurrou a política externa americana para ações desesperadas: o país promoveu golpes de Estado, sabotagens, guerras abertas ou secretas, em todas as regiões do mundo que possuíam reservas de petróleo. O objetivo era tomar essas reservas, controlá-las, para garantir o abastecimento da economia industrial norte-americana.
Com a descoberta recente de novos grandes campos no Texas, a produção americana de petróleo voltou a crescer muito rápido.
Em 2018, os EUA ultrapassaram a Rússia e a Arábia Saudita em produção de petróleo, assumindo a liderança mundial.
Com isso, o país deve ganhar autonomia em petróleo em menos de dois anos, segundo estimativas oficiais da EIA, a Agência de Informação Energética do país.
Observe com atenção esse gráfico abaixo. Ele mostra a queda brutal da participação dos países da OPEC (Organização dos Países Produtores de Petróleo) na importação americana. O Canadá, tranquilo e estável vizinho do norte dos EUA, tornou-se o principal fornecedor de petróleo ao país.
Os interesses imperialistas agora não são mais se apoderar do máximo possível de reservas mundiais; agora seu interesse é conquistar novos mercados compradores para a gasolina e o óleo diesel americanos.
EXPORTAÇÕES DE PETRÓLEO DOS EUA JÁ SÃO DE 8,2 MILHÕES DE BARRIS/DIA
Segundo a EIA, as exportações americanas de petróleo bruto e derivados totalizaram 8,2 milhões de barris/dia na média de janeiro/maio de 2019. Para comparação, em 2013 as exportações do país não chegavam a 4 milhões de barris/dia.
A participação do petróleo bruto na exportação americana cresceu bastante. Até 2015, mais de 90% do petróleo exportado pelos EUA era refinado; hoje esse percentual caiu para 66%; mas caiu porque, como já dissemos, a produção aumentou num ritmo rápido demais para a própria capacidade de refino do país.
Como dissemos no post anterior, as energias imperialistas hoje estão voltadas para a conquista de novos mercados compradores. E quem são estes? Quais são os mercados com capacidade para absorver a oferta crescente de produtos derivados de petróleo, processados nas refinarias norte-americanas?
OS COMPRADORES DO PETRÓLEO AMERICANO
Considerando todos os produtos, incluindo o óleo bruto, os principais destinos do petróleo americano são, por ordem de grandeza: México, Canadá, Japão, Índia, Coréia do Sul e Brasil
Houve aumento expressivo para todos esses mercados.
Se consideramos, apenas os derivados, o Brasil sobe de posição, para o quarto lugar.
Se olharmos apenas para o óleo diesel americano, o Brasil já é o segundo maior destino, importando mais de 13% de todo o diesel exportado pelos EUA no cinco primeiros meses do ano.
Entre os principais compradores de petróleo bruto americano, estão Canadá, Coréia do Sul, Índia, Holanda e Inglaterra.
PRODUÇÃO AMERICANA DE PETRÓLEO JÁ RESPONDE POR QUASE 90% DO CONSUMO
O gráfico abaixo mostra, em 2018, as importações responderam por apenas 11% do consumo norte-americano.
Essa situação triste do petróleo brasileiro é resultado do abandono de nossas refinarias.
Ainda segundo a ANP, o processamento de petróleo nas refinarias brasileiras caiu ao menor nível desde 2013. Como as vendas aumentaram nesse período, o déficit vem crescendo, e sendo suprido por importações, a maioria dos EUA.
Fonte: O Cafezinho
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