
A criminalização do sindicalismo
Enquanto isso, não se controla os conflitos de interesse dos agentes do mercado perante a porta giratória das nomeações ao papel público de fiscalizador/ regulador e seus retornos a postos privados, inclusive, por terem exercido funções públicas e nos aparatos estatais
Primeiro, é importante criticar que não houve qualquer pente fino sobre os indicados pelo Governo Bolsonaro para gerir fortunas, pois se considera normal colocar agentes do mercado, mesmo com inconfessáveis conflitos de interesse. A exemplo do gestor mor da política monetária do país, como o ex-presidente do Banco Central, Campos Neto. Imaginem, se sob todos os holofotes indicaram um banqueiro, abertamente bolsonarista, para o BACEN, o que não fizeram nas centenas de cargos que não têm a mesma visibilidade e quase nenhuma vigilância?
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Órgão de imprensa, que só agora, após as provas que compõe o indiciamento da quadrilha de Bolsonaro por tentativa de Golpe de Estado, caracteriza o Governo Bolsonaro como uma quadrilha de golpistas (de toda ordem, de Estado a propineiros de vacina), ladrões de joias, deveria revisitar cada nomeação dos governos Bolsonaro e Temer. Que a austeridade seja a mesma sobre todos.
De pronto, a todo um enredo quanto a nomeados em governos que tem algum peso sindical em sua base eleitoral, há uma criminalização da condição de sindicalista, como fosse desabonadora, por si, o exercício desta função. Um claro equívoco, pois é o trabalho que cria e criou toda a riqueza e possibilidades que a humanidade detém e o sindicalista é um dos agentes de organização dos trabalhadores com o objetivo da valorização de todo o trabalho no mundo. Além do que, comparativamente aos agentes de mercado, seus potenciais conflitos de interesses são mais evidentes por seus histórico serem públicos e notórios e, assim, passíveis de acompanhamento e controle. Quanto aos indicados do mercado, campeia a incerteza, sem as organizações sequer poderem medir os potenciais riscos, e determinarem os devidos acompanhamentos e controles.
O maior crime do mercado financeiro brasileiro, a fraude em AMERICANAS contra o ambiente de negócios do Brasil, com o Grupo 3G envolvido, é exemplo claro de que a santa governança do mercado, todos os seus critérios de seleção e posteriormente de controle não são muito efetivos quando quadrilhas, ungidas nas melhores práticas do mercado, verdadeiramente têm afrouxadas suas auditorias e controles externos. Quem diria que, CVM, Auditorias independentes, e contrapartes como bancos, ninguém, viu toda a magnitude da corrupção em AMERICANAS por anos.
E é importante frisar, que houve envolvimento de ex-sindicalistas com investimentos furados, e ninguém pode negar. Já, criminalizar toda e qualquer indicação devido ao exercício dessa função, de fato, é discriminação institucional. E, absurdamente, há legislação no Brasil, como a Lei das Estatais, que impede a posse de sindicalistas para conselheiros eleitos pelos trabalhadores aos Conselhos de Administração de empresas estatais.
E quanto ao pretenso "rombo na PREVI" ou de um resultado negativo em sua carteira de investimentos em determinado e curto período, avalio como um factoide que não se constata na realidade do histórico e dos números apresentados pela PREVI na seção "Fique por dentro" e em sua nota de 13/02/2025: "Não existe rombo na PREVI"
https://www.previ.com.br/portal-previ/fique-por-dentro/noticias/nao-existe-rombo-na-previ.htm
Pois, mesmo com a oscilação do mercado, não há déficits a equacionar e no passado próximo, a PREVI conquistou resultados com sua carteira de investimentos que proporcionaram a distribuição de mais de 45 bilhões de reais a valores de 2025.
É importante lembrar, que mesmo na base do Governo de frente ampla, há disputas pelos ganhos dos altos cargos, mas também pelas potenciais manobras que a gestão de 243 bilhões de reais podem resultar ao grupo político e econômico que o controla ou vier a controlar. Sem falar, na sanha do mercado financeiro em desacreditar o sistema de previdência complementar fechada para passar a gerir recursos que ultrapassam 1 trilhão de reais.
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