As três grandes prioridades do PC da China em 100 anos de história
Apesar de todos os avanços científicos, pouquíssimas pessoas conseguem alcançar 100 anos de idade, principalmente mantendo mobilidade e lucid
Apesar de todos os avanços científicos, pouquíssimas pessoas conseguem alcançar 100 anos de idade, principalmente mantendo mobilidade e lucidez. Talvez por causa dessa limitação imposta pela natureza à vida humana, a barreira dos 100 anos ainda nos faz soar como algo extraordinário e grandioso.
E por mais que possamos exercitar nossa imaginação nas grandezas das escalas geológicas e astronômicas, o ciclo de 100 anos é algo humanamente transcendente, como tão bem percebeu o nosso criativo romancista colombiano Gabriel García Márquez no grande clássico Cem Anos de Solidão. Ademais, basta olharmos um pouco pelo retrovisor da história humana recente e logo perceberemos, sensível e inteligivelmente, o peso que tem um século na transformação dos países e dos povos.
Por exemplo, decorridos 100 anos da fundação do Partido Comunista da China (PCCh), em 1921, a China foi capaz de se sair de uma situação econômica e social caótica para se transformar em uma das principais forças econômicas do mundo, melhorando significativamente seu poder nacional e a qualidade de vida do seu povo. A propósito, sem adentrarmos na trajetória histórica do PCCh, fica muito difícil uma compreensão mais profunda dessas transformações, pois o Partido tem sido de fato a grande força orientadora e condutora desse desenvolvimento.
Na procura de uma síntese didática sobre essa trajetória centenária do Partido, cheguei a uma "fórmula" que tem facilitado bastante a organização dos meus estudos tanto do PCCh quanto do desenvolvimento chinês. Essa "fórmula", chamo-a de "duas fases e três grandes prioridades".
As "duas fases" dizem respeito ao percurso do Partido nesse seu centenário, quer dizer, antes da sua chegada ao poder (1921–1949) e depois que assumiu o comando do país (de 1949 em diante). Já as "três grandes prioridades" referem-se ao estabelecimento de algumas determinações gerais que, a meu ver, explicam a longevidade do Partido na condução dos destinos do país e a relação de confiança entre este e o povo.
A primeira dessas grandes prioridades está ligada à própria vida do Partido desde o seu nascimento. Trata-se do estabelecimento claro de objetivos mais gerais e permanentes, ou seja, da sua própria razão de ser. Esses objetivos podem ser resumidos em "revitalizar a nação e buscar uma vida melhor para o povo".
A segunda grande prioridade refere-se a descoberta de um caminho de desenvolvimento próprio, quando o Partido, já no poder, precisava de respostas teóricas e práticas para avançar na concretização desses seus dois grandes objetivos. E como o processo de reforma e abertura iniciado no final dos anos 70, a China pode finalmente encontrar o caminho de desenvolvimento que tanto necessitava, isto é, o socialismo com características chinesas. Desde então, esse caminho passou a ganhar corpo e aperfeiçoar-se para mudar de vez a fisionomia econômica e social da China.
A terceira grande prioridade diz respeito à eliminação da pobreza absoluta, meta essa atingida sob a liderança do presidente Xi Jinping, justamente no centenário de fundação do Partido. Para mim, essa é uma das maiores conquistas da China. Não apenas da China moderna, mas uma das maiores conquistas da nação chinesa nos seus mais de 5 mil anos de história. Vale lembrar que estamos falando de um país com mais de 1 bilhão e 400 milhões de pessoas.
A decisão de colocar o povo e o país entre as prioridades das prioridades; a busca de um caminho de desenvolvimento próprio; e a determinação de eliminar a pobreza absoluta são alguns exemplos que nos ajudam a entender melhor porque nesse momento vemos os chineses celebrarem com tanto entusiasmo o centenário do seu Partido.
José Medeiros da Silva, doutor em Ciência Política, é professor na Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang. Publicado no Diário do Povo Online.
Fonte: Monitor Mercantil
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