Desmonte do setor nacional de petróleo: em processo de nigerização
Os números das exportações de petróleo pelo Brasil em 2019 já foram fechados. Um volume total exportado de 64,6 milhões de t
Os números das exportações de petróleo pelo Brasil em 2019 já foram fechados. Um volume total exportado de 64,6 milhões de toneladas (equivalentes a 1,297 milhão de barris por dia) de óleo cru. Este volume é 9% superior ao volume exportado em 2018 que foi de 1,188 milhão de barris por dia de petróleo cru.
Já os números das importações de derivados de petróleo feitas pelo Brasil em 2019, ainda não foram divulgados, mas deve ficar em cerca de 600 mil barris por dia entre combustíveis (diesel e gasolina) entre outros derivados como querosene de aviação, nafta, solventes, coque, lubrificantes, etc. A maior parte é de diesel e gasolina, importada em sua grande maioria desde 2016 dos Estados Unidos.
Ou seja, o país segue vendendo a preço vil suas refinarias, que estão operando com capacidade abaixo da nominal, enquanto o Brasil compra os derivados refinados de petróleo, por valores muito maiores, que o do óleo cru aqui extraído e exportado.
O quadro tende a piorar, pois o Brasil segue aumentando significativamente a sua produção de petróleo, por conta da enorme produtividade dos poços da Bacia de Santos e do Pré-sal. Além disso, uma parte cada vez maior das reservas descobertas (ativos) pela Petrobras foram e continuam sendo transferidas para petroleiras estrangeiras que fazem o que bem entendem do petróleo extraído.
Esse esse volume exportado de 1,3 mibpd em 2019, equivale quase a metade da produção de petróleo no Brasil (só petróleo e não gás natural) que em outubro de 2019 foi de 2,964 milhões de barris. Isso mesmo, hoje, o Brasil exporta 44%, quase a metade do petróleo que produz.
Segundo a ANP, o Brasil será em 2030, o 4º maior produtor de petróleo do mundo. Sairá de uma produção atual de 3,3 milhões de barris por dia (mibpd) hoje, para 7 milhões de bpd em 2030, quando deverá estar exportando entre 4 e 5 milhões barris por dia (mibpd), demandando assim mais terminais portuários, navios petroleiros, etc.
Enquanto isso, a Petrobras vende seu parque de refino e o controle do mercado que era até aqui da estatal.
Assim, o Brasil ficará ainda mais dependente da importação estratégica e cara de combustíveis do exterior, em boa parte petróleo aqui extraído e vendido lá fora. Em 2017, o blog já comentava sobre o início deste movimento, em texto repercutido aqui pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e diversos outros sites e blogs.
Tem-se assim, uUm processo semelhante ao que vive outras nações produtoras e desindustrializadas, como a Nigéria, que ao contrário do Brasil projeta dobrar sua capacidade de refino.
Ou seja, após o golpe político no país em 2016, assistimos a um desmonte do setor de petróleo e de ferino. A Petrobras foi fatiada, desintegrada (deixando de ser uma empresa de energia do poço ao posto) e está sendo entregue em partes às petrolíferas estrangeiras e fundos financeiros globais, enquanto no país, o preço do combustível dispara, com a gasolina a quase R$ 6, mesmo estando o barril de petróleo a pouco mais de US$ 60, no mercado internacional.
Fonte: Blog do autor
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