Siga a AEPET
logotipo_aepet
Vários autores; Autor sem foto
Rogério Maestri

É greve, não locaute

Quando falo de população brasileira estou incluindo o povo em geral, e especialmente jornalistas e pseudo analistas de toda a espécie (políti

Publicado em 28/05/2018
Compartilhe:

Quando falo de população brasileira estou incluindo o povo em geral, e especialmente jornalistas e pseudo analistas de toda a espécie (políticos e demais), com isto há uma confusão geral criada ou por mau-caratismo ou por ignorância. Todos estes grupos cometem equívocos por desconhecimento do que significa num sistema capitalista moderno o que é um capitalista e um proletário.


No capitalismo moderno cada vez menos temos a figura do operário que entrava na fábrica pela manhã, vendia a sua força de trabalho até a noite e produzia a mais valia do que lhe era apropriado. Neste capitalismo moderno procura-se propositalmente transferir aos proletários alguns meios de produção para que ele mesmo se ocupe da manutenção dos mesmos.

Vamos exemplificar com algo simples, suponhamos que somos dono de uma construtora e numa fase da obra precisamos de carpinteiros para realizar as formas para o concreto, podemos contratar um carpinteiro e o mesmo virá sem nada de equipamento e disporá ao seu patrão somente a força de trabalho. Porém se este carpinteiro for um profissional já com experiência ele poderá trazer para dentro da obra seu martelo que ele está já adaptado ao peso e um serrote que ele mesmo procedeu o fio correto do mesmo. Se perguntarmos a qualquer um se ele é um proletário não haverá dúvidas do mesmo quanto a classificação como tal.

Agora sofisticando um pouco mais a questão, pergunto se este no lugar de um serrote o carpinteiro trouxer para dentro da obra uma serra elétrica para facilitar o seu serviço, ele deixará de ser proletário e passará a ser um pequeno patrão? Evidentemente que a função de uma serra elétrica é a mesma que de um serrote, logo a resposta de novo será proletário.

Poderíamos seguir na brincadeira sofisticando os meios de produção um pouco mais, por exemplo, um motorista de taxi versus um motorista de Uber. Um desavisado poderia classificar o motorista de taxi que pertence a uma empresa qualquer, como um proletário e o motorista de Uber como um patrão, mesmo que o automóvel seja de sua propriedade ou simplesmente alugado. O que deve ficar claro é que tanto um como o outro são empregados e não patrões, pois no caso do motorista do Uber é empregado de um imperialista norte-americano que é proprietário do software, pois quem determina a tarifa de pagamento ao motorista e o contrata ou o distrata conforme as normas estabelecidas pela empresa.

O que define quem é capitalista ou é proletário é quem domina o preço do trabalho e quem o vende, no caso dos caminhoneiros ditos autônomos, serão as grandes centrais de logística que são os capitalistas e os caminhoneiros são seus empregados, mesmo que estes possuam o caminhão.

Os pseudo esquerdistas por total desconhecimento dos conceitos de relações de produção, classificam capitalistas e proletários conforme a propriedade de algum meio de produção; Logo por esta falácia o nosso carpinteiro que chegasse na obra todo equipado para facilitar o seu trabalho e incrementar a mais valia que o capitalista expropriará seria considerado um pequeno patrão, mesmo que não explore ninguém e só venda a sua força de trabalho.

No capitalismo moderno a entrega ou a exigência de meios de produção próprios como propriedade do proletariado tem dois objetivos, fazer com que o empregado se responsabilize pelo bom uso do mesmo, ficando ao mesmo as tarefas de manutenção e conserto dos equipamentos, onde o tempo e o custo para isto pelo empregador. Além disto é reforçada na própria mentalidade do empregado uma imagem de pequeno patrão autônomo e senhor de sua própria “empresa”, reforçando uma falsa ideologia de proprietário e não de mero vendedor de força de trabalho.

A imagem que muitos ainda tem do modo de produção capitalista era do das grandes fábricas e de seus operários fabris que entravam somente com suas roupas para o trabalho. O capitalismo evoluiu e exatamente para causar esta confusão tanto na cabeça dos pseudo esquerdistas como dos próprios “microempresários”, estes últimos passam a ser denominados de colaboradores ou outras palavras fantasiosas, não permitindo que o mesmo assuma a ideologia de sua própria classe.

Como os pseudo esquerdistas qualificam os caminhoneiros como empresários, se houver uma greve de pipoqueiros por diminuição do preço do milho, eles serão também patrões, pois são donos de suas carrocinhas, logo o seu movimento é um Locaute e deve ser reprimido como tal.

Fonte: GGN

Receba os destaques do dia por e-mail

Cadastre-se no AEPET Direto para receber os principais conteúdos publicados em nosso site.
Ao clicar em “Cadastrar” você aceita receber nossos e-mails e concorda com a nossa política de privacidade.
guest
0 Comentários
Feedbacks Inline
Ver todos os comentários

Gostou do conteúdo?

Clique aqui para receber matérias e artigos da AEPET em primeira mão pelo Telegram.

Mais artigos de Rogério Maestri

Receba os destaques do dia por e-mail

Cadastre-se no AEPET Direto para receber os principais conteúdos publicados em nosso site.

Ao clicar em “Cadastrar” você aceita receber nossos e-mails e concorda com a nossa política de privacidade.

0
Gostaríamos de saber a sua opinião... Comente!x