O que o Brasil faz em Davos (Suíça), em 2023?
A ida a Davos foi um erro, explicado pela imensa união de contrários que deu vitória a Lula para Presidente
Na semana de 16 a 20 de janeiro de 2023, reúnem-se em Davos, na Suíça, os pregadores, financiadores, executores, propagadores e mais uma série de oportunistas que divulgam e defendem a ideologia neoliberal, inimiga declarada dos pensamentos e ações nacionalistas. Dão-se o pomposo nome de Fórum Econômico Mundial (FEM), fundado em 1971, por Klaus Martin Schwab, um professor de administração na Suíça.
Este é um ano de ausências: Joe Biden, Emmanuel Macron, o novo primeiro ministro britânico, o filho de indianos Rishi Sunak; dos países que compõe o Grupo dos Sete, apenas o chanceler alemão Olaf Scholz comparecerá. Porém são esperados 116 bilionários.
Um pouco de história. Desde meados dos anos 1960, o neoliberalismo empreendeu forte ataque ao industrialismo para a conquista do poder econômico no mundo capitalista. A década de 1970 foi marcada pelas crises, financeiras e de energia. Um grande feito para as finanças apátridas.
Além do fim dos acordos de Bretton Woods, as finanças levaram o mundo a acreditar num Papai Noel, ou Coelhinho da Páscoa, ou alguma bruxa má que iria destruir o mundo se este continuasse usando petróleo. Também o carvão mineral, mas a campanha ficava mais subentendida que explícita para esta fonte primária.
O êxito midiático e político do neoliberalismo ocorreu com as desregulações financeiras na década seguinte, os anos 1980, que inicia as décadas perdidas e a grande transformação nos poderes nacionais pelos continentes. No Brasil foi o fim dos regimes militares nacionalistas e a entrega aos adeptos do financismo apátrida. A melhor prova desta ocorrência é o combate, nem sempre explícito mais incisivo, ao maior líder nacionalista de então, Leonel Brizola, tanto pelos comunistas e as esquerdas marxistas e socialistas, quanto as direitas em todas suas ramificações, passando por tudo que se situa entre estas opções ideológicas.
Os Fóruns de Davos ofereciam recursos e orientações para as vitórias financeiras, coordenavam ações e promoviam intensa campanha midiática. Ninguém alegava a intromissão indevida nos países pelos doutrinadores da "Escola de Viena", utilizando o "Instituto Mises", e outros organismos neoliberais, como o "Instituto Liberal" (1983).
As maiores reservas de petróleo (óleo e gás) estão na Rússia e países da Comunidade dos Estados Independente (CIE), como Cazaquistão, e outros pouco desenvolvidos nas Américas, África e Oriente Médio. Na Europa há poucas reservas na Noruega, as dos Estados Unidos da América (EUA) e do Canadá se encontram em folhelhos cuja produção, além de provocar danos ambientais e inutilização de aquíferos, rapidamente se esgotam. Portanto, combater o uso do petróleo é fechar importante fonte de recursos financeiros para países em desenvolvimento, exceto a Rússia, das grandes potências do século XXI.
O Brasil enviou dois ministros: Fernando Haddad, da fazenda, e Marina Silva, do meio ambiente e mudança do clima. A ministra Marina Silva é conhecida por defender as pautas dos banqueiros, que já a homenagearam.
Assim, o Brasil, com apoio das mídias que circulam no País, prestigia a reunião de seus inimigos, os que se denominam "gestores de ativos", sendo o maior e mais atuante no FEM o BlackRock. São estes "gestores" que manipulam moedas e taxas de juros, impõem políticas restritivas ao desenvolvimento nacional, promovem a concentração de bens e de rendas, com imensos prejuízos para todo povo brasileiro.
Mas, se o Brasil estivesse, por seus ministros, comparecendo ao encontro anual da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) como reagiriam estas mídias. E no importante Clube de Discussões de Valdai, na Rússia, cujo tema em outubro de 2022 foi "Um mundo pós-hegemônico: justiça e segurança para todos", onde até o Brasil bolsonarista se fez presente. O Brasil se tornava comunista, as esquerdas dominavam o Governo e sandices semelhantes.
Faz muito bem o presidente Lula de ter sua primeira viagem ao exterior, como dirigente do executivo brasileiro, para Argentina. E melhor ainda fará se prosseguir no contato pessoal com dirigentes latino-americanos: do México, da Colômbia, da Guatemala, do Peru, da Bolívia, Uruguai e reinaugurar a embaixada do Brasil em Caracas.
Nosso mundo é o subcontinente latino-americano. Nossos inimigos são os poderes neoliberais, os financistas, os que agem contra o desenvolvimento e apresentam falácias e engodos para enganar os povos mais pobres, necessitados de investimentos ao invés de tetos de gastos.
Nossos aliados não defendem o mundo unipolar, mas o multipolar, onde nós, brasileiros temos o espaço soberano, e não o de colonizado.
A ida a Davos foi um erro, explicado pela imensa união de contrários que deu vitória a Lula para Presidente.
Mas é necessário que tenhamos consciência que a "Cooperação em um Mundo Fragmentado" não é para salvar os causadores das fragmentações, das guerras, da falta de emprego na própria Europa como se observa nos coletes amarelos, na França, nas trinta greves neste janeiro, no Reino Unido, no retorno do Brasil ao mapa da fome, na falta de assistência pública às doenças e regredindo nos programas de vacinação.
Bolsonaro foi um instrumento desses patrocinadores do Fórum de Davos, como foi, em passado recente, Fernando Collor. Apenas que os dois estavam mais preocupados com seus próprios objetivos, que conflitavam com o das finanças apátridas. Porém nenhum tinha foco no Brasil nem capacidade de administrar o País. Foram destituídos pelos que financiaram suas eleições. Diferentemente do que aconteceu com Fernando Cardoso que trabalhou pelo valor acordado e vendeu o que pode do Brasil para os "gestores de ativos"; ganhou um novo mandato, no mínimo, imoral.
Espera-se que a inteligência política de Lula o guie para onde o Brasil pode encontrar apoio e recursos, e não para onde sempre houve a espoliação e escravização do povo brasileiro.
Fonte: Pátria Latina
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