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João de Deus Souto Filho

SIM: Sobre o que fizemos e estão fazendo!

Sim, ajudamos a construir uma empresa pujante, que nasceu de um sonho aparentemente impossível, em meio a tantas negativas, por não termos cult

Publicado em 15/07/2020
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Sim, ajudamos a construir uma empresa pujante, que nasceu de um sonho aparentemente impossível, em meio a tantas negativas, por não termos cultura alguma em petróleo.

Partimos do Marco Zero sem quase nada nas mãos, mas com a disposição dos que desbravam novos territórios. E seguimos insistindo e acreditando na inteligência brasileira, na vontade tupiniquim, enfim, na nossa capacidade de realizar e de quebrar tabus.

E do primeiro mapa, do primeiro poço, do primeiro levantamento sísmico, do primeiro tanque, da primeira estação de produção, da primeira e tão rudimentar unidade de destilação e refino, fomos construindo massa crítica, musculatura empresarial e conquistando credibilidade. Navegando sim em mar revolto e alçando voos mesmo com céu tempestuoso.

Na primeira etapa dessa longa trajetória a missão era aprender e fazer, mesmo com tão parcos recursos. E aprendemos muito e muito fizemos, até alcançarmos o primeiro óleo, que se mostrou caprichosamente com volume pouco significativo. E continuamos persistindo, buscando, estudando, até chegarmos ao primeiro campo, o tão desejado campo que viabilizou a primeira produção comercial. Candeias!

E o primeiro paradigma foi quebrado: existia sim petróleo no território brasileiro!

Mas a tarefa era árdua e o caminho era longo. E precisávamos fazer mais, muito mais. Naquele tempo, todo tipo de combustível consumido no país era importado e a dependência era completa. Não produzíamos querosene, gasolina, óleo diesel, não produzíamos nada. Nem gás, nem lubrificantes para as nossas máquinas. Tudo vinha de fora!

E seguimos na dura labuta diária de construir um Brasil grande, um Brasil melhor, com autonomia energética, colocando fim à dependência relacionada aos combustíveis fósseis.

Depois de fazermos mais explorações nas bacias terrestres e depois de beijarmos as águas da Baía de Todos os Santos, com boas descobertas, adentramos o mar sergipano e alcançamos o primeiro sucesso em águas marinhas. Estava descoberto Guaricema! E as portas do Atlântico Sul se abriam para nós.

Mas queríamos ir mais longe. Chegamos, então, na Bacia de Campos, após sucessos na Amazônia, no Espírito Santo, em Alagoas e no mar do Rio Grande do Norte e Ceará. Em paralelo, construímos o nosso Centro de Pesquisa (CENPES), que nos deu autonomia científica, e consolidamos as atividades de refino e distribuição em todo o território nacional.

E com as magníficas descobertas feitas na Bacia de Campos alcançamos a tão sonhada autossuficiente em petróleo. E toda a nação brasileira celebrou esse momento tão especial. A Petróleo Brasileiro S.A. era orgulho de uma nação, com sua missão bem cumprida: "do poço ao posto!"

E, consciente do seu papel, a Petrobras foi mais além. Atuando com elevada competência técnica e ousadia, ela chegou ao Pré-Sal, entregando ao Brasil a maior descoberta de petróleo do planeta realizada na primeira década do século 21.

Sim, toda essa conquista não foi conseguida por máquinas ou cifras. Ela foi alcançada por pessoas, na sua grande maioria brasileiros, que se doaram de corpo e alma, na concepção e implementação dos projetos de Exploração, Produção, Transporte, Refino e Distribuição.

Sim, foi desafiador e exigiu muita disciplina e comprometimento de um corpo técnico e gerencial que se empenhou para construir uma grande obra, uma grande empresa, com identidade nacional e com orgulho da sua brasilidade.

Sim, foi essa a Petrobras que ajudamos a construir. E devemos nos orgulhar disso, por cada tijolo colocado, por cada parafuso apertado, por cada linha sísmica levantada, processada e interpretada, por cada locação apresentada, por cada poço perfurado e avaliado, por cada fragmento de rocha analisado, por cada datação feita, por cada modelo geológico elaborado, por cada projeto de desenvolvimento da produção concebido e implementado, por cada sistema de coleta e processamento de fluidos, por cada sistema de escoamento e transporte, por cada torre de destilação, por cada rede de distribuição.

Sim, aprendemos a fazer bem feito e adquirimos credibilidade em um ambiente tecnológico e de negócios muito exigente.
Tudo isso fizemos com esmero e senso profissional. E por tudo isso devemos nos orgulhar sempre.

Mas, agora, outros trabalham para minimizarem o gigante que ajudamos construir, para reduzirem ou restringirem a Petrobras à atividade de E&P, unicamente ligadas ao Pré-Sal. Agem para se desfazerem do Refino e da Distribuição, com a alegação de que não é um bom negócio manter a Petrobras integrada "do poço ao posto".

Sim, é muito fácil destruir um castelo que levou décadas para ser construído.

Sim, é muito fácil acabar com uma cultura que despendeu muita energia e esforço intelectual para ser materializada.

Sim, é muito fácil macular a boa imagem de uma empresa, que por décadas alavancou a indústria nacional, com discursos falaciosos ou se aproveitando de erros conjunturais ou ingerências políticas nefastas.

Sim, é possível matar a galinha dos ovos de ouro por ganância ou por desamor a uma nação!

Que bom que não estamos tomando parte desse processo destrutivo da Petrobras que fizemos grande!

(*) Um homenagem aos profissionais que ajudaram a construir a maior empresa brasileira, orgulho de uma nação.

João de Deus Souto Filho - Geólogo de Petróleo e ex-funcionário da Petrobras

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