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Paul Craig Roberts

Um novo mundo está a nascer. Mas como será?

A questão é: diferente de que maneira? Será melhor ou pior? As elites estão a trabalhar para que o mundo seja melhor para eles e pior

Publicado em 13/04/2020
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A questão é: diferente de que maneira? Será melhor ou pior?

As elites estão a trabalhar para que o mundo seja melhor para eles e pior para o resto de todos nós. Sobre isto a evidência é clara. Os Big Boys estão a ser socorridos e as suas dívidas compensadas. Todos os outros, menos os que já estão marginalizados e sem registo recente de trabalho ou morada fixa, recebem um mês de aluguer e o subsídio de desemprego é prolongado.

As grandes farmacêuticas preveem obter massivos lucros a partir do vírus, quanto ao governo vê formas de ter mais poder para controlar os cidadãos.

Mas a disparidade nos benefícios económicos é apenas uma parte de tudo isto. Poderosos interesses adquiridos, como os de Bill Gates e das grandes farmacêuticas, estão determinados a vacinar todos e controlar os nossos movimentos com um passaporte interno de “vacinado, com saúde limpa” ou por outras palavras com o mesmo efeito. Novos procedimentos e tecnologias de rastreio poderão ser colocados em operação, lembrando a “marca da besta” para policiar o acesso de várias categorias de pessoas a várias áreas e benefícios.

Especialistas salientam que, assim como não podemos ser vacinados contra a gripe comum, exceto talvez na versão do ano anterior, não podemos ser vacinados contra o Covid-19 e outros vírus mutantes, mas estes especialistas já estão a ser silenciados. Nenhuma opinião de especialistas deve impedir os lucros a obter com a vacinação.

Nem mesmo os defensores da nutrição e das vitaminas o podem impedir. Bill Sardi considera ser de esperar temores orquestrados e chamadas de atenção obrigatórias sobre vitaminas “tóxicas” ( knowledgeofhealth.com/modern-medicine-laid-bare/ ). As grandes farmacêuticas estão determinadas a adquirir o controlo sobre vitaminas e remédios homeopáticos, com a FDA (Food and Drug Administration) a funcionar como um peão das grandes farmacêuticas.

A vacinação foi elevada acima da cura, pois as grandes farmacêuticas e os seus propagandistas, como a CNN, silenciam a experiência positiva que os médicos relatam sobre tratamentos bem-sucedidos com hidroxicloroquina e azitromicina e a eficácia da vitamina C, vitamina D3 e zinco no fortalecimento da capacidade do sistema imunológico para combater o vírus. A ortodoxia médica influenciada pela grande indústria farmacêutica não pode sair da caixa em que foi colocada. Quando novas ideias e experiências são necessárias, aqueles capazes de pensar são julgados e até bloqueados pelos regulamentos e o dogmatismo da FDA.

O governo e suas agências de segurança veem na confusão e no medo da população oportunidades para implementar mais medidas tirânicas, mais formas de por de lado Direitos Constitucionais, mais ataques à liberdade de expressão. A capacidade da liberdade para resistir à opressão é sempre diminuída.

Várias descrições da distopia esperada são oferecidas na Internet. Mas não tem de ser assim. Depende de nós. Desmoralizados e com medo, podemos aceitar mais poder do governo como fizemos depois do 11 de setembro. Em vez disso, podemos reconhecer coletivamente o fracasso maciço da liderança ocidental em construir, em toda parte, uma sociedade mais habitável e sustentável.

O fracasso da liderança é uma oportunidade para mudanças reais

A CNN, o New York Times e os restantes media controlados, dizem-nos todos os dias que o Presidente Trump representa o fracasso da liderança. Mas o fracasso da liderança vai além de todos os líderes dos últimos 30 anos e reside no próprio sistema. O capitalismo global, "auto-regulador", movido pela ganância, financeiramente e sem alma, não pode unir as pessoas numa comunidade sustentável.

O fracasso da liderança reside no fracasso de longo prazo que tornou as sociedades ocidentais vulneráveis, deslocalizando empregos de alta produtividade e alto valor para o exterior, a fim de aumentar os lucros das grandes empresas às custas do rendimento dos trabalhadores e consumidores no país. Isso significou o movimento "offshore" da capacidade de produzir medicamentos, máscaras N95 e outros recursos necessários para a sobrevivência nacional. Significa a dependência de potências estrangeiras. Significa a incapacidade de funcionar sem um enorme nível de importações. Seja como for, o globalismo é uma sentença de morte. A sua única vantagem é para os ricos, e a vantagem chega-lhes sob a forma de mão-de-obra barata, aumentando os seus lucros enquanto reduz a riqueza nacional e o poder de compra da população.

Sem rendimentos para impulsionarem a economia, as elites concederam empréstimos, ampliando o crédito, a fim de fornecer poder de compra baseado em dívidas pessoais para absorver a produção trazida do estrangeiro e vendida nos mercados dos EUA. O custo da educação universitária aumentou à medida que sua qualidade diminuiu. Os subsídios à educação foram cortados e a dívida estudantil substituída em seu lugar. A inflação foi subestimada para negar aumentos no custo de vida dos pensionistas da Previdência Social. Os pagamentos do Medicare aos prestadores de cuidados de saúde foram reduzidos. A rede de segurança social foi repetidamente degradada. Mais e mais pessoas caíram na pobreza, a população dos sem-abrigo cresceu proporcionando terreno fértil para o Covid-19.

A distribuição do rendimento e da riqueza nos EUA passou de justa a extremamente desigual em pouco tempo, à medida que os ricos lucravam com a Reserva Federal bombeando milhões de milhões de dólares para os preços dos ativos financeiros e de empresas que compravam as suas próprias ações, descapitalizando-as, enquanto as endividavam, tudo em benefício temporário de bónus mais altos para os executivos e mais ganhos de capital para os acionistas. As elites mataram a economia para obter benefícios de curto prazo para si mesmas.

Essas políticas destrutivas foram a obra dos ideólogos do curto prazo, movidos pela ganância – pessoas cuja única visão era "eu quero ainda mais". E são essas pessoas indignas, não as suas vítimas, que o tio Sam agora está a resgatar. A enorme bolha da dívida impagável que já pairava sobre a economia está a ser ampliada. A Reserva Federal e o Tesouro dos EUA estão a destruir o dólar em esforços fúteis para salvar os super-ricos do seu próprio mau comportamento causado pela ganância.

Em lugar desta abordagem insana perante a crise económica, existe uma abordagem sensata. As empresas e bancos resgatados estão a ser efetivamente comprados pelo governo. Portanto, devem ser tratados como empresas nacionalizadas que são. Uma vez nacionalizadas, o governo, diferentemente das empresas privadas, pode criar o dinheiro para pagar salários e seguros de saúde. O desemprego previsto de 30 ou 40% pode ser evitado. É melhor pagar salários do que pagar subsídios de desemprego. A diferença psicológica só por si tem um enorme valor.

A incapacidade do sistema de saúde privado americano de alto custo para lidar com a atual crise médica é evidente. Um sistema de assistência médica com fins lucrativos é o sistema com mais elevados custos que se pode ter.

O lucro é construído em todos os níveis, o que eleva os custos para valores que o seguro privado e o Medicare se recusam a reembolsar. O resultado é a redução, não expansão do sistema. Veja-se, por exemplo, o número de hospitais, especialmente nas áreas rurais, que fecharam recentemente. Além disso, a cobertura de um sistema privado – e o próprio Medicare – apresenta grandes lacunas. A resistência a um serviço nacional de saúde é ridícula, especialmente porque um serviço nacionalizado pode coexistir com um serviço privatizado. Dois são claramente melhores que um.

A nacionalização tem inúmeros benefícios. Permite que as grandes empresas de difícil controlo, criadas, por exemplo, pelas fusões de bancos gigantes como Chase Manhattan e J.P. Morgan, sejam desmembradas e restabeleçam a separação entre banco comercial e banco de investimento. A revogação da Lei Glass-Steagall e a suspensão da aplicação das leis antitrust representaram a elaboração de políticas ignorantes no seu pior. A nacionalização permite que o governo traga de novo para o país a produção das transnacionais dos EUA e coloque a força de trabalho de volta à produção em empregos de classe média. É "win-win" para o povo americano.

Uma vez que as gigantescas empresas monopolistas são desmembradas, elas podem ser devolvidas à propriedade privada com base no valor justo, e não na oferta de centavos por dólar de valor. O dinheiro que o governo recebe da venda pode ser usado para retirar a dívida do governo.

Para os indivíduos, as dívidas pesadas que sufocam a vida e a economia devem ser reduzidas a níveis que possam ser pagas de acordo com os seus rendimentos. Michael Hudson e eu propusemos um "jubileu da dívida" como solução: www.paulcraigroberts.org/... Outros defendem também o nosso apelo: truthout.org/...

Atualmente, a Reserva Federal está socializando a dívida sem a prescrever. Isso não faz sentido, pois afiança a dívida expandindo-a.

Nos EUA, existe tanto preconceito dogmático contra qualquer coisa que tenha um tom de socialismo, mesmo que seja uma medida expedita e temporária, que o pensamento e a ação sensatos enfrentam fortes barreiras. Se não podemos superar essas barreiras, estamos destinados a tempos muito mais difíceis.

A comunidade pode ser restaurada ou a nacionalidade degenerará em clãs e no tribalismo de políticas de identidade?

O maior desafio que enfrentamos é restaurar o conceito de comunidade. Houve um tempo em que os Estados Unidos eram uma comunidade, única, pois consistia numa infinidade de etnias. Quando cada onda de imigrantes chegava, eles passavam por um teste sobre a Constituição, aprendiam o idioma nacional e eram assimilados na comunidade americana.

Essa comunidade foi destruída por uma variedade de forças, sendo a mais recente a política de identidade. A política de identidade é contrária à comunidade, dividindo a população em grupos mutuamente hostis por género, preferência sexual, raça e qualquer classificação que possa ser inventada ou imaginada. O resultado é uma Torre de Babel. Mas uma torre de Babel não é uma comunidade.

Em vez de comunidade, os EUA são um lugar onde os ódios são cultivados: aqueles que reivindicam o estatuto de vítimas fazem o mais odioso e aqueles com o estatuto de vitimadores são os mais odiados. Inicialmente, os homens brancos heterossexuais eram os principais objetos de ódio, mas ultimamente temos os transexuais odiando as feministas que dizem que uma mulher é uma mulher, não um homem que afirma ser uma mulher. Os ataques transexuais a líderes feministas conhecidas são violentos na sua linguagem e provavelmente darão origem a atos violentos. Vários grupos imigrantes não assimilados lutam entre si sobre quem controla territórios em disputa. O tratamento desumano de Israel aos palestinianos enfureceu os imigrantes muçulmanos contra judeus. Ataques raciais violentos contra pessoas brancas estão a tornar-se mais comuns.

Durante décadas, estudos sobre mulheres ensinaram o ódio aos homens, e estudos sobre negros ensinaram o ódio aos brancos. Este ódio ensinado é agora complementado pelo Projeto 1619 do New York Times [NT] . No lugar da assimilação, agora temos ódios mútuos. Como podemos escapar a isto?

Talvez o desafio do Covid-19 nos force a unir novamente para prevalecer sobre o vírus, que em versões mutantes pode estar connosco para sempre. Uma união seria ajudada por um resgate económico percebido como justo, e não como a abordagem unilateral adotada. Um jubileu de dívida forneceria a justiça necessária.

As elites, pensando apenas nos seus interesses, encaminham-nos para a oportunidade que a crise oferece para aproximar as pessoas. Se não nos pudermos unir novamente, podemos esquecer a unidade além dos limites da nossa própria vítima ou grupo identitário. Em lugar de uma comunidade, estaremos organizados em clãs de identidades separadas. A ausência de unidade entre nós vai tornar-nos como um pato sentado à espera de inimigos externos.

Sabemos o que é a "lista dos desejos distópicos". A questão é: podemos unir-nos com uma "lista de desejos antidistópicos", como uma comunidade de apoio mútuo ou as elites conseguirão atomizar-nos em diferentes grupos tribais de ódio?

Fonte: resistir.info

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