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Publicado em 02/03/2020

Editorial: Geração de valor para o acionista

A direção da Petrobrás tem divulgado em documentos ao público e em apresentações a seus empregados

que “A nova visão da companhia é ser a melhor empresa de energia na geração de valor para o acionista”. [1]

Nunca é demais lembrar que a Petrobrás foi criada para abastecer a população aos menores custos possíveis, de forma rentável, garantindo os recursos para os investimentos necessários a suas atividades, propiciando o desenvolvimento do país.

Não poderia ser de outra forma, pois se fosse para ser como uma grande empresa privada, maximizando o lucro de seus acionistas, não teria sentido sua criação.

As empresas estatais existem exatamente para garantir os investimentos em setores vitais para a economia, onde o segmento privado não tem interesse, recursos, ou onde é necessário um controle do Estado.

A visão de foco no acionista, já é questionada há muto tempo, mesmo nas grandes corporações privadas.

O Valor Econômico, de 20 de setembro de 2019, reproduziu artigo de Martin Wolf do Financial Times, com o título “Capitalismo rentista ameaça a democracia”, onde se lê:
“Embora todas as nossas empresas individuais cumpram o seu próprio objetivo corporativo, compartilhamos um compromisso essencial para com todos os interessadas em nossos resultados.”

“Com essa frase, a Business Roundtable, entidade dos EUA que representa os executivos-chefes de 181 das maiores empresas do mundo, abandonaram sua posição de longa data de que “as empresas existem principalmente para atender aos seus acionistas”. [2]

André Motta Araújo do GGN vai mais fundo:

“As 200 maiores corporações americanas, reunidas no BUSINESS ROUNDTABLE, principal entidade de cúpula do capitalismo americano, presidido por Jamie Dimon, CEO do mega banco J.P. MORGAN CHASE, pela voz de seus executivos principais reunidos, decidiram que o credo neoliberal praticado há 40 anos, segundo o qual o principal objetivo das corporações é gerar “valor para o acionista”, está errado e deve ser revisto porque esse ideia causou um desastre que vai COLOCAR EM RISCO O PRÓPRIO CAPITALISMO. Esse desastre se chama “CONCENTRAÇÃO DE RENDA”.

Há 40 anos, segundo o Business Roundtable, 1% da população americana detinha 7% da riqueza. Hoje os mesmos 1% detém 22% da riqueza, a concentração de riqueza aumentou TRÊS VEZES. O mito neoliberal, de que se o acionista ganhar mais toda a economia prospera, ERA FALSO. A riqueza se concentra e não beneficia o conjunto da sociedade. Hoje o crescimento dos EUA está estagnado e não passa de 2% anual, inexplicável quando o desemprego é baixo. Na prática, os EUA têm pleno emprego, mas há truques embutidos nessa constatação, há muitos trabalhando abaixo de sua competência porque não conseguiram prosseguir suas carreiras pela falta de crescimento da economia, há uma estagnação e até regressão social nítida nos EUA.

A explicação do Business Roundtable é clara: NÃO CRESCE PORQUE OS SALÁRIOS SÃO BAIXOS E A POPULAÇÃO ESTÁ ENDIVIDADA, quer dizer, não basta o pleno emprego, é preciso DISTRIBUIR RENDA para que a economia cresça e as grandes corporações NÃO DEVEM TER O LUCRO PARA O ACIONISTA COMO ÚNICO OBJETIVO, PORQUE ISSO VAI DESTRUIR A ECONOMIA DE MERCADO por causa de uma crise social que pode levar à implosão do País.” [3]

É de se lamentar que o assunto seja tratado internamente sem qualquer contraponto, como sendo uma mudança dos novos tempos, sem se dar conta de que está em desuso entre as grandes corporações e é o caminho certo para destruir a Petrobrás e aumentar a desigualdade no país.

[1] http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/aprovamos-revisao-de-nosso-posicionamento-estrategico.htm
[2] https://valor.globo.com/mundo/noticia/2019/09/20/capitalismo-rentista-ameaca-a-democracia.ghtm
[3] https://jornalggn.com.br/artigos/a-elite-americana-preve-o-fim-do-neoliberalismo-por-andre-motta-araujo/

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