Precarização do ACT para promover a privatização
Contradizendo o que se apregoa em campanhas de forte apelo (mas pouca coerência),
as últimas direções da Petrobrás não têm valorizado a força de trabalho. Ao contrário, desvalorizá-la está na ordem do dia, e é algo diretamente vinculado aos planos de privatização da companhia. Rebaixar custos com pessoal (salários, demais remunerações e benefícios) é uma demanda imposta pelos agentes privados que regem o mercado. Portanto, esse rebaixamento se torna imperioso para facilitar as vendas, ao tornar o negócio mais atrativo aos olhos dos compradores em potencial. Por outro lado, aterrorizar os petroleiros com a ameaça de retirada de direitos e ganhos históricos também cumpre um papel neste processo: Acuar e apassivar a capacidade de reação da categoria em defesa da Petrobrás, diante das ameaças de cortes de conquistas históricas.
Em paralelo, no campo das ideias, repete-se à exaustão um discurso corporativo induzido pelo padrão do mercado, introduzindo uma cultura estranha à nossa tradição de desenvolvimento, inovação e colaboração. Ainda, sobrecarregam-nos com o discurso da “meritocracia”, ocultando que o outro lado dessa suposta premiação ao mérito está a punição aos que não satisfazerem o alinhamento acrítico à alta direção. Fica a indagação de quem julga o bom desempenho, e sob quais critérios, quando existe tanta subjetividade envolvida. Querem nos fazer crer que não há alternativas a não ser a rendição aos ditames do sistema financeiro internacional ditados pelo deus mercado. Junte-se a isso o aprofundamento da subordinação financeira da companhia, que a submete ao objetivo de rentabilidade parasitária imediata e não sustentável.
Não por acaso, não só existe essa pressão para diminuição do custo com pessoal, mas também o investimento nos últimos anos tem sido estrangulado, caindo a cerca de 1/5 do que fora no passado ainda recente, projetado para apenas US$ 10 bi em 2019. Enquanto o lucro distribuído a acionistas tem sofrido elevações galopantes. É essa inversão de prioridades que nos faz perder oportunidades de crescimento integrado, e impedem a Petrobrás de fazer valer seu direito de preferências nos últimos leilões.
Faz-se necessário uma contraposição firme da categoria com relação ao avanço do pesadelo privatista, e a precarização do ACT é uma expressão indissociável dessa intenção de privatizar a maior companhia do Brasil..
Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)