As capacidades de refino estão apertadas e os estoques estão se esgotando com o início da estação fria do Hemisfério Norte. As crises de abastecimento podem comprometer as redes de transporte críticas, uma vez que o combustível industrial alimenta navios, caminhões e trens. O combustível também é usado para aquecimento de residências e empresas, além de fonte de geração de energia para serviços públicos.

"Em alguns meses, quase todas as regiões do planeta enfrentarão o perigo de uma escassez de diesel no momento em que as crises de oferta em quase todos os mercados mundiais pioraram a inflação e prejudicaram o crescimento", alertou Bloomberg. O impacto econômico do aumento dos preços do diesel e da escassez em todo o mundo pode ter efeitos devastadores, como um acelerador de inflação que sobrecarregaria famílias e empresas.

Os preços da gasolina e do diesel estão atrelados aos preços do petróleo bruto estabelecidos no mercado global. Devido a restrições de oferta, os preços do diesel em muitos mercados atualmente exigem um grande prêmio.

Mark Finley, pesquisador de energia do Baker Institute of Public Policy da Rice University, explicou à Bloomberg que os preços elevados do diesel podem custar US$ 100 bilhões à economia dos EUA:

“Tudo e qualquer coisa que se movimente em nossa economia, o diesel está lá.

"Movimentar mercadorias é uma coisa. Pessoas que podem congelar até a morte é outra."

Os estoques de diesel nos EUA caíram para o nível mais baixo desde 1982, quando o governo começou a divulgar dados sobre o combustível. Os suprimentos para esta época do ano estão nos níveis mais baixos de todos os tempos.

De acordo com a Energy Information Administration, os EUA têm agora apenas 25 dias de abastecimento de diesel, o menor desde 2008; e enquanto os estoques estão em baixa recorde, a média móvel de quatro semanas de destilados fornecidos – uma estimativa para a demanda - aumentou para seu nível sazonal mais alto desde 2007.

O analista sênior de mercado da Reuters, John Kemp, observou que a escassez de diesel persistirá até uma desaceleração da economia.

Os preços do diesel dos EUA no mercado spot do porto de Nova York aumentaram mais de 265% desde que o presidente Biden assumiu o cargo em 2021. Os preços chegaram a $ 5,37 o galão na primavera de 2022 e desde então caíram para $ 3,51.

Os mercados do Nordeste dos EUA são os mais afetados, onde as refinarias de petróleo foram fechadas nos últimos anos. Isso também complicou a situação do abastecimento de óleo para aquecimento de inverno e combustível de aviação na região.

No mês passado, uma grande empresa de logística de abastecimento de combustível iniciou protocolos de emergência em todo o Nordeste e Sudeste sobre os perigos de escassez de suprimentos que podem causar atrasos na entrega de alguns clientes.

"Enquanto a guerra da Rússia na Ucrânia fez disparar os preços do diesel, a situação atual é em parte o resultado de uma série de eventos interconectados e de construção lenta que se estende por todo o mundo. Alguns analistas traçam as raízes da escassez de diesel nos EUA a um incêndio na Philadelphia Energy Solutions em 2019, que obrigou a paralisação da refinaria, tirando um dos importantes produtores de diesel do Nordeste”, segundo o NYTimes.

Além dos EUA, o Noroeste da Europa enfrenta baixos estoques de diesel. Espera-se que os estoques na Europa caiam ainda mais depois que as sanções sobre a Rússia sobre petróleo e produtos brutos entrarem em vigor nos próximos meses. Os mercados globais de exportação estão tão apertados no momento que os países emergentes estão sendo impedidos de comprar combustível industrial, como o Paquistão.

"É certamente a maior crise do diesel que já vi", disse Dario Scaffardi, ex-diretor executivo da refinaria de petróleo italiana Saras SpA, que passou quatro décadas no setor, à Bloomberg.

A causa da escassez global de diesel é muito clara:

Isso se deve em parte à pandemia, depois que os bloqueios destruíram a demanda e forçaram as refinarias a fechar algumas de suas fábricas menos lucrativas. Mas a iminente transição para longe dos combustíveis fósseis também prejudicou os investimentos no setor. Desde 2020, a capacidade de refino dos EUA encolheu mais de 1 milhão de barris por dia. Enquanto isso, na Europa, interrupções no transporte marítimo e greves de trabalhadores também afetaram a produção das refinarias, informa a Bloomberg.

"Se a Rússia não for mais um fornecedor, isso representa um grande problema no sistema, o que será realmente difícil de consertar", disse Scaffardi, ex-CEO da Saras.

Cresce a especulação de que o governo Biden poderia interromper as exportações de diesel para aumentar a oferta doméstica, mas isso pode não ter os efeitos desejados porque o diesel é uma commodity comercializada globalmente. Qualquer proibição de exportação dos EUA causaria oscilações de mercado indesejadas.

A proibição do petróleo russo para a Europa em dezembro pode piorar a situação. Então, a proibição do diesel russo em fevereiro pode desencadear ainda mais caos no continente. A Reuters disse que os comerciantes estão acumulando produtos petrolíferos russos em pânico antes que as proibições entrem em vigor. No início deste ano, os EUA interromperam os embarques de diesel russo, que no ano passado era um importante fornecedor para a Costa Leste.

As greves trabalhistas também exacerbaram a escassez de diesel em toda a Europa nas principais refinarias. As refinarias francesas sofreram várias ações neste outono, e uma grande refinaria da BP em Roterdã na última semana.

A crise do diesel tem sido "prejudicial à economia global", disse Amrita Sen, chefe de pesquisa da Energy Aspects Ltd.

E a má notícia é que o CEO da Chevron, Mike Wirth, disse à Bloomberg TV no verão passado que nenhuma nova refinaria será construída nos EUA.

Original: https://oilprice.com/Energy/Energy-General/The-Diesel-Crisis-Is-Going-Global.html