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A maior ameaça ao domínio do dólar

Exportadores de petróleo russos estão pressionando os comerciantes de commodities ocidentais a pagar pelo petróleo russo em euros

Publicado em 14/11/2018
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e não em dólares, enquanto Washington prepara mais sanções contra a anexação da Crimeia em 2014 por Moscou, informou a Reuters na semana passada, citando sete fontes da indústria.

Embora possa ter sido uma surpresa para os traders, que, segundo a Reuters, não estavam muito contentes com isso, a decisão das empresas russas era de se esperar, já que o governo Trump busca uma política externa em que as sanções ganham proeminência. Essa abordagem, no entanto, poderia minar o domínio do dólar americano como a moeda global do comércio de petróleo.

Os primeiros indícios desse enfraquecimento tornaram-se evidentes nesta primavera, quando a Rússia e o Irã lançaram um programa de intercâmbio de troca de petróleo por bens, buscando eliminar os pagamentos bilaterais em dólares e planejando mantê-lo por cinco anos. Os parceiros de sanção discutiram esse tipo de acordo mais cedo, em 2014, quando o Irã ainda estava sob as sanções do Ocidente. Mesmo depois que o notório acordo nuclear foi alcançado, os dois países decidiram ir adiante com seu acordo de permuta, e o acordo preliminar foi alcançado no ano passado. Segundo ele, a Rússia receberia 100 mil bpd de petróleo iraniano em troca de US $ 45 bilhões em mercadorias russas.

Em março, o Irã proibiu pedidos de compra em dólares norte-americanos e disse que qualquer comerciante que usasse dólares em seus pedidos não teria permissão para conduzir o comércio de importação. Um mês depois, Teerã anunciou que publicaria todos os seus relatórios financeiros oficiais em euros, em vez de dólares, em uma tentativa de encorajar a mudança de euro para dólares entre agências e empresas estatais.

Agora, os maiores produtores de petróleo da Rússia estão renegociando contratos de entrega de petróleo com comerciantes de commodities, e três deles, Rosneft, Gazprom Neft e Surgutneftegaz, aumentaram a especulação dos investidores ao insistirem que os comerciantes se comprometem a pagar multas a partir do ano que vem caso as sanções dos Estados Unidos perturbem as vendas e, como resultado, os compradores não consegam efetuar pagamentos. Além disso, há discussões sobre o uso de euros e outras moedas em vez de dólares para garantir que os pagamentos não sejam interrompidos.

Faria todo o sentido para o vendedor de qualquer mercadoria garantir que eles recebam o pagamento por sua mercadoria. Em um ambiente de sanções, procurar maneiras de contorná-las é o único comportamento lógico. E a Rússia e o Irã não estão sozinhos nesse esforço de se distanciar do dólar.

A Venezuela, por exemplo, apostou na moeda digital como uma maneira de contornar as sanções de Washington que aumentaram a pressão criada pelo crash do preço do petróleo em 2014 e os anos de má gestão da PDVSA - ambos fatores que mergulharam a economia venezuelana em uma crise possivelmente irrecuperável. Ainda hoje, a imprensa informou que Caracas apresentaria sua criptomoeda, a Petro, à Opep como uma unidade de conta para o comércio de petróleo no ano que vem. "Usaremos a Petro na OPEP como uma moeda sólida e confiável para comercializar nosso petróleo bruto no mundo", disse o ministro das Finanças, Manuel Quevedo.

A China também está promovendo abertamente sua moeda para o comércio de petróleo e demais mercadorias. A internacionalização do yuan faz parte da iniciativa Nova Rota da Seda do presidente Xi e, dado o nível de consumo de petróleo da China, o comércio de petróleo é uma grande parte dessa política. No início deste ano, a China lançou seu tão esperado contrato futuro de petróleo em yuan. Enquanto o público em geral permanece cauteloso sobre a compra, alguns preveem que o yuan eventualmente substituirá o dólar como a moeda global do petróleo. E poderia juntar-se ao euro enquanto a União Europeia sobreviver no longo prazo. Afinal, a Rússia e o Irã estão entre os maiores exportadores de petróleo do mundo. São milhões de barris que podem ser negociados em euro e não em dólares.

Fonte: Oilprice.com

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Irina Slav
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