Argentina busca apoio da Índia para se tornar membro do BRICS fortalecendo cooperação Sul-Sul
Ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar se encontra com o presidente argentino Alberto Fernández
Nova Deli tem sido "cautelosa" sobre inscrever novos membros no BRICS, expressando preocupações de que a expansão do grupo possa torná-lo mais "centrado na China" e alegando que novos membros só podem ser admitidos com base em "consenso".
O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Santiago Cafiero, buscou o apoio de Nova Deli para aprovar sua adesão ao BRICS (grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ao se encontrar com seu homólogo indiano Subrahmanyam Jaishankar, em Buenos Aires, na quinta-feira (25).
"Um dos temas da conversa foi a possibilidade de incorporação da Argentina ao BRICS, para fortalecer uma agenda do Sul global diante da polarização que o mundo vive atualmente", disse Cafiero durante entrevista coletiva após a reunião.
Os países em desenvolvimento, incluindo os Estados do BRICS, expressaram preocupação com o impacto das sanções unilaterais dos Estados ocidentais contra Moscou por sua operação militar especial na Ucrânia.
Tanto a Índia quanto a Argentina, que foram convidadas para a Cúpula dos Líderes do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) deste ano na Alemanha, disseram que as sanções ocidentais afetaram negativamente a recuperação econômica pós-COVID-19, particularmente nos países em desenvolvimento, causando um aumento de preços nos alimentos e energia globais.
Cafiero observou ainda que era do interesse de ambos os países não apenas desenvolver seus laços econômicos, mas também a parceria política bilateral, observando que a Índia emergiu como o quarto maior parceiro comercial da Argentina, com o comércio bilateral atingindo um recorde de US$ 6 bilhões (cerca de R$ 30,5 bilhões) no ano passado.
A Argentina, juntamente com o Irã, solicitou a adesão de pleno direito ao BRICS na cúpula virtual de líderes organizada pelo presidente chinês Xi Jinping, em 24 de junho. Uma declaração conjunta após a reunião dos líderes pediu mais discussões sobre o "processo de expansão do BRICS".
A declaração conjunta também pediu a necessidade de esclarecer a necessidade dos critérios para incluir novos membros ao BRICS com base em "consultas e consenso completos" entre os Estados existentes, supostamente refletindo as preocupações da Índia sobre a expansão do grupo, que tem uma carta formal ou regras de associação.
A chancelaria argentina disse em julho que o país conseguiu garantir o "apoio formal" da China à sua adesão ao BRICS, após uma reunião entre Cafiero e o chanceler chinês Wang Yi por ocasião da reunião de chanceleres do G20, em Bali.
Jaishankar e cooperação Sul-Sul
O chanceler indiano, por sua vez, manifestou apoio à ideia de fortalecer os laços bilaterais entre os países em desenvolvimento.
"Quanto à situação global atual, em termos de polarização que estamos vivenciando, países que têm pontos de vista independentes, como Índia e Argentina, podem trabalhar mais de perto sobre a situação", disse Jaishankar a seus anfitriões.
O ministro das Relações Exteriores da Índia também defendeu o aumento da cooperação nas áreas de energia e segurança alimentar entre os dois países. Jaishankar também pediu laços reforçados nas áreas de defesa e tecnologia nuclear.
Fonte: Sputnik Brasil
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