fez uma revelação surpreendente de que “a ideia de podermos apertar um botão, reduzir o custo da gasolina, não é provável no curto prazo”.

Os exportadores de gás americanos se posicionaram adequadamente para preencher a lacuna à medida que a Europa se afasta das importações russas. O FT informou recentemente que “os produtores de gás natural liquefeito dos EUA anunciaram uma série de acordos para aumentar as exportações, à medida que a indústria capitaliza a escassez que deixou a Europa com uma crescente crise de energia”.

Os acordos são tão lucrativos que Cheniere, principal exportador de gás dos Estados Unidos, tomou uma decisão de investimento para avançar com um projeto que aumentará sua capacidade em mais de 20% até o final de 2025, antecipando acordos de fornecimento de longo prazo e comprometidos em compras de gás nas próximas décadas. Os produtores de gás dos EUA estão operando plantas que estavam paradas para aumentar o fornecimento para a UE.

Os EUA ultrapassaram a Rússia pela primeira vez como principal fornecedor de gás da Europa. Embora o GNL dos EUA seja vendido para a Europa a custos muito mais altos do que o gás via gasoduto da Rússia, os países da UE não têm escolha.

Com o fornecimento russo via Nord Stream com apenas 40% da capacidade e as entregas interrompidas completamente para manutenção anual entre 11 e 21 de julho, as perspectivas para o fornecimento de gás russo a curto prazo para a Europa parecem sombrias.

A Alemanha alertou para o risco de que o gás do Nord Stream não retorne após a manutenção. De qualquer forma, a oferta russa para a Europa está em baixos níveis recordes e “deverá permanecer restrita até o terceiro trimestre”, segundo a S&P Global.

A Alemanha caminha para uma grande crise econômica. O chefe da Federação Alemã de Sindicatos foi citado como tendo dito no fim de semana: “Indústrias inteiras correm o risco de entrar em colapso para sempre por causa dos gargalos de gás – especialmente, indústrias químicas, de vidro e alumínio, que são os principais fornecedores do setor chave automotivo”. O desemprego maciço é provável. Quando a Alemanha espirra, é claro, a Europa pega um resfriado – não apenas a zona do euro, mas até a Grã-Bretanha pós-Brexit.

Bem-vindo às “sanções do inferno” da União Europeia. Os EUA literalmente empurraram os europeus para a crise da Ucrânia. Quantas vezes o secretário de Estado Antony Blinken viajou para a Europa naqueles meses críticos que antecederam a invasão russa da Ucrânia para garantir que a porta para qualquer conversa significativa com o Kremlin permanecesse fechada! E as empresas americanas de energia estão hoje lucrando com a venda de gás para os europeus. Os europeus não terão a inteligência comum para perceber que foram capturados?

Agora, Biden lavou as mãos da crise do gás. Ele declarou bruscamente em uma entrevista coletiva em Madri em 30 de junho que esse prêmio sobre os preços do petróleo continuará “enquanto for necessário, para que a Rússia não possa, de fato, derrotar a Ucrânia e ir além da Ucrânia. Esta é uma posição crítica para o mundo. Aqui estamos. Por que temos a OTAN?”

A narrativa contra factual de Biden é que as sanções contra a Rússia vão funcionar eventualmente e uma longa guerra na Ucrânia seria a ruína da Rússia. A narrativa dos EUA é que, se você olhar sob o capô da economia russa, pode não ser flexível e engenhoso o suficiente para desenvolver um espírito empreendedor de bunker e adotar novos modelos de negócios para neutralizar as sanções. Biden está convencido de que a economia russa está nas garras de máfias industriais que não são muito inovadoras e, portanto, não há muitas opções para a Rússia sob as sanções ocidentais.

Biden disse em Madri: “Veja o impacto que a guerra na Ucrânia teve na Rússia… Eles (os russos) perderam 15 anos dos ganhos que obtiveram em termos de sua economia… Eles não podem – você sabe, eles estão tendo - eles terão problemas para manter a produção de petróleo porque não têm a tecnologia para fazê-lo. Eles precisam de tecnologia americana. E eles também estão em uma situação similar em termos de seus sistemas de armas e alguns de seus sistemas militares. Então eles estão pagando um preço muito, muito alto por isso.”

Mas mesmo que seja esse o caso, como tudo isso ajuda os europeus? Por outro lado, os cálculos estratégicos do presidente Putin em relação à guerra continuam muito bons. As forças russas fizeram progressos indiscutíveis no estabelecimento de controle total sobre Luhansk. Na segunda-feira, Putin deu o sinal verde a uma proposta dos comandantes do exército para lançar “operações ofensivas”. Cinco meses depois da guerra, os ucranianos encaram a derrota e os generais do exército russo sabem disso.

A Rússia também não entrou na Ucrânia despreparada. Evidentemente, tomou medidas de precaução antes e depois da guerra para proteger sua economia. E isso permite que a economia russa se estabeleça em um “novo normal”. As opções de Washington são bastante limitadas dadas as circunstâncias. Fundamentalmente, as sanções ocidentais não abordam as causas do comportamento russo e, portanto, estão fadadas a não resolver o problema em questão.

Para ter certeza, Putin tem algumas surpresas desagradáveis reservadas para Biden mais perto das eleições de meio mandato de novembro. Biden alegremente assume que controla todas as variáveis da situação. Schadenfreude (a satisfação pela desgraça alheia) nunca é uma base racional para a política.

Semana passada, a região estrategicamente importante de Kherson, na fronteira com a Crimeia, formou um novo governo com o primeiro vice-primeiro-ministro da região russa de Kaliningrado liderando o gabinete e cidadãos russos entre seus deputados. Agora que o sistema de foguetes de lançamento múltiplo HIMARS, ao contrário da promessa de Biden, está explodindo cidades russas, espere uma grande retaliação russa.

O caminho das operações ofensivas da Rússia está sendo retransmitido para incluir também Kharkov e Odessa, além de Donbass. O influente político do Kremlin e presidente da Duma Vyacheslav Volodin disse na terça-feira:

“Algumas pessoas estão perguntando qual é o nosso objetivo e quando tudo isso vai acabar. Acabará quando nossas cidades e vilarejos pacíficos não sofrerem mais ataques de bombardeios. O que eles estão fazendo é forçar nossas tropas a não parar nas fronteiras das repúblicas de Lugansk e Donetsk (Donbass) porque os ataques (nas regiões russas) estão vindo das regiões de Kharkov e outras regiões da Ucrânia.”

Por quanto tempo Biden acha que os europeus vão querer se envolver em uma prolongada guerra por procuração com a Rússia? O Bild informou no domingo que 75% dos entrevistados alemães veem os recentes aumentos de preços como um fardo pesado, enquanto 50% disseram sentir que suas condições econômicas estão piorando; a cada segundo o alemão teme uma falta de aquecimento no próximo inverno devido à redução do fornecimento de gás russo e ao aumento da inflação na União Europeia

No entanto, Biden diz que a guerra continuará “pelo tempo que for necessário” e a escassez de combustível continuará “pelo tempo que for necessário”. Espera-se que a economia europeia comece a se contrair ao longo do segundo semestre de 2022 e a recessão pode continuar até o verão de 2023, pelo menos.

Analistas do JP Morgan Chase, o banco de investimento dos EUA, disseram na semana passada que a Rússia também pode causar aumentos "estratosféricos" no preço do petróleo se usar cortes de produção para retaliar. Ele disse: “O aperto do mercado global de petróleo está do lado da Rússia”. Analistas escreveram que os preços podem triplicar para US$ 380 o barril se a Rússia cortar a produção em 5 milhões de barris por dia.

O decreto de Putin na semana passada é ameaçador – o Kremlin assumindo o controle total do projeto de petróleo e gás Sakhalin-2 no Extremo Oriente da Rússia. A estatal Gazprom detinha uma participação de 50% mais uma ação no projeto e seus parceiros estrangeiros incluíam Shell (27,5%), Mitsui (12,5%) e Mitsubishi (10%). O decreto estipula que a Gazprom manterá sua participação majoritária, mas os investidores estrangeiros devem pedir ao governo russo uma participação na empresa recém-criada dentro de um mês ou serão desapropriados. O governo decidirá se aprova qualquer pedido.

Isso desestabilizará ainda mais os mercados de energia e colocará mais pressão no mercado de GNL, e pode ser visto como um movimento para colocar mais pressão no Ocidente, restringindo simultaneamente o fornecimento de gás para a Europa e criando mais demanda por GNL na Ásia, que consumirá os suprimentos atualmente indo para a Europa. Sakhalin-2 fornece cerca de 4% do mercado global de GNL!

A única parte da agenda dos EUA que está indo bem parece ser a parte não dita: os mesmos objetivos anglo-americanos que Lord Ismay previu uma vez como a razão por trás da existência da OTAN - "manter os russos fora, os americanos dentro, e os alemães para baixo.”

Original: https://www.indianpunchline.com/eu-economies-are-down-on-their-knees/