As Pratesbras
Prates terá que explicar à diretoria da Petrobrás ligações com empresas de consultoria na área de petróleo e gás
Anunciado como futuro presidente da Petrobras, o senador Jean Paul Prates tem de driblar mais do que Lei das Estatais para assumir o cargo. Prates é sócio de diversas empresas do setor de consultoria de óleo e gás, mesmo ramo da estatal.
O nome de Prates não aparece diretamente no contrato social, mas por meio de holdings que pertencem a ele e são sócias das empresas.
É o caso da Expetro Consultoria em Recursos Naturais LTDA. O único sócio pessoa física é Gustavo José dos Santos Frickmann, citado como administrador. Outras duas empresas participam da sociedade, a Singleton Participacoes Imobiliarias Ltda e a Atma - Sociedade Gestora De Participacoes Sociais Ltda. Ambas pertencem a Prates.
A situação é similar à que viveu Adriano Pires. Indicado por Jair Bolsonaro em abril para comandar a Petrobras, ele desistiu do posto por ser sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que atua no ramo de energia, no qual a Petrobras atua.
Prates não esconde sua proximidade com a Expetro. Em seu perfil no LinkedIn consta que ele é líder do conselho da empresa há 11 anos e 11 meses. Ele afirma que já atuou diretamente com mais de 50 companhias interessadas em ingressar no mercado brasileiro de petróleo.
Uma empresa que não consta nas redes sociais de Prates é a Bioconsultants Consultoria em Recursos Naturais e Meio Ambiente Ltda: ele é sócio dela por meio da Singleton. Aberta em 2009, a Bioconsultants atende pelo nome fantasia de CRN-Bio e o sócio o coordenador de desenvolvimento energético da Secretaria de Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, Hugo Alexandre Meneses Fonseca.
O site oficial detalha que a CRN-Bio firmou contrato com várias empresas do setor energético. No perfil de Fonseca consta que ele deixou o cargo de CEO da CRN-Bio em 2005, embora ainda conste como um dos donos.
Uma terceira empresa ligada a Prates é a Praxis Brasil Consultoria de Investimentos Ltda - que, segundo a Receita Federal, atua com gestão empresarial e imobiliária. O senador participa da companhia por meio da Atma, que está ativa, mas não tem site.
Assim como nas outras empresas, o senador não é o único dono da Praxis: divide as tarefas com o empresário Sérgio Caetano Leite, que consta como sócio-administrador. Leite, que foi um dos subsecretários do Consórcio do Nordeste durante a crise da fraude dos respiradores, também é sócio de Prates na Singleton e na Atma.
O empresário Leite também foi dono de outras três empresas: a Nova Combustível, ERN Empresa de Recursos Naturais e a Kbizz - esta última tem ligação com Prates via Atma. Todas fecharam as portas, sendo que as duas últimas por omissão de declarações ao fisco.
Mas a falta de prestação de contas à Receita Federal não é exclusividade de Leite. Prates passou pelo mesmo problema do sócio com uma de suas empresas. A Carcará Petróleo Ltda fechou as portas, ao menos legalmente, por omissão de declarações à Receita Federal.
Outro lado
Procurado, o senador respondeu que já se desligou das empresas citadas, nos casos em que ainda estão ativas, embora isso não conste nos dados da Receita Federal. Também informou que o uso de holdings para administrá-las teve como objetivo facilitar a saída da administração, se isso fosse necessário.
O senador disse que a decisão de criar as holdings foi tomada a partir da sugestão de contadores, já que ele precisou se desincompatibilizar das funções das empresas nos períodos em que foi secretário de estado no Rio Grande do Norte.
Fonte: O Bastidor
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