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China acelera fim do petrodólar

Contratos de óleo em iuan começam a ser negociados no próximo dia 18

Publicado em 09/01/2018
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Determinar o preço do petróleo em moeda chinesa servirá como um teste para aceitação do iuan no mercado de commodities, que sempre foi denominado em dólares norte-americanos. O contrato futuro do petróleo é o maior do mundo, explicou ao jornal MONITOR MERCANTIL Hsia Hua Sheng, professor de finanças internacionais na FGV EAESP.

A partir de 18 de janeiro, a Bolsa de Xangai negociará petróleo em iuan atrelado ao ouro. Trata-se de um passo geopolítico importante, pois ameaça o petrodólar, um dos fatores do poderio norte-americano. O professor Sheng lembra que não é a primeira vez que um país desafia a moeda dos Estados Unidos. A Bolsa de Tóquio já tentou, mas o negócio não prosperou.

A seu favor, a China conta com o fato de ser o maior importador de óleo do mundo, com o apoio da Rússia e com a possibilidade de o comprador converter o petro-iuan em ouro – chineses e russos estão entre os dez maiores produtores do metal.

Rússia, Irã, Angola, Brasil e Venezuela já aceitaram que a China pague o petróleo importado em iuanes, informa o jornal La Libre Belgique (um dos dois maiores jornais de língua francesa da Bélgica).

Segundo Hsia Hua Sheng, se a negociação de contrato futuro em iuan for bem aceita por todos os agentes do mercado futuro, esse seria um passo fundamental para a China estender o uso da moeda ao restante do comércio internacional, “reduzindo o poder econômico do dólar”.
Indagado sobre em quantos anos efetivamente a China será a economia mais poderosa do planeta, Sheng respondeu que “é difícil de saber. Pois isso depende não só crescimento da China, mas também do crescimento americano. Muitos economistas falam em 2030".

Repercussão mundial

Na Europa os analistas qualificam a investida da China de enorme “golpe contra a dominação mundial do dólar. O petro-iuan, como é chamado, é um de “golpe de canhão’’ para os investidores que não prestaram atenção aos planos chineses, na opinião de Adam Levinson, diretor da empresa Graticule Asset Management Asia (empresa de ativos), entrevistado pela Bloomberg.

O governo chinês já havia anunciado sua intenção de lançar algo nesses moldes. Negociar petróleo no mercado futuro de Xangai com contratos atrelados ao ouro permitirá aos parceiros comerciais da China pagar com ouro ou converter o iuan em ouro sem necessidade de guardar o dinheiro em ativos chineses ou de converter em dólar norte-americano.

O novo índice deverá permitir aos exportadores, tais como Rússia, o Irã ou a Venezuela, evitar as sanções norte-americanas vendendo petróleo em iuan. Segundo Levinson, o novo contrato poderá servir de ferramenta de cobertura para as empresas chinesas e garantir os planos maiores do governo visando à utilização da moeda nacional dentro das regras comerciais.

Para o analista, as empresas chinesas poderão tornar-se as primeiras investidoras na oferta pública inicial da gigante petrolífera Saudi Aramco, estatal da Arábia Saudita. Ao mesmo tempo, alguns analistas são céticos a propósito desse plano ambicioso da China de criar o seu próprio índice de referência.

Alguns analistas acreditam que há risco de impacto sobre as taxas de câmbio entre as principais divisas no mundo, segundo o periódico francês de economia DAF Magazine. Como o valor do dólar é determinado pelo jogo de oferta e demanda, o processo de “desdolarização” da economia mundial poderá reduzir a demanda pela moeda verde e fazer diminuir o seu valor.

FONTE: MONITOR MERCANTIL

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