Eletricidade “limpa” do Brasil atrai data centers para a Inteligência Artificial

O Brasil pretende provar que uma rede de energia focada em energia renovável pode sustentar o crescimento da IA ​​em larga escala, desafiando o domínio dos EUA e da China.

Publicado em 12/05/2025
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O Brasil está enviando ao mundo a mensagem de que pode atender às necessidades da inteligência artificial (IA) com energia renovável, e o mundo está ouvindo. O país sul-americano está ostentando suas fontes de energia renováveis e suas extensas redes elétricas para atrair empresas de tecnologia para se instalarem dentro de suas fronteiras, e está dando certo. Amazon e Microsoft já estão instalando data centers em todo o país e injetando bilhões na economia brasileira.

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Atualmente, a corrida global da IA é dominada pelos Estados Unidos e pela China. As duas maiores economias do mundo lideram o desenvolvimento de modelos de linguagem de grande porte e em termos de investimento. Mas, como relata a Forbes, "a competição da IA não se resume a quem cruza a linha de chegada primeiro — mas sim a quem percorre uma pista de obstáculos sem fim com o menor número de tropeços".

E o Brasil tem chances de se tornar um ator importante nesse jogo. "O Brasil está bem posicionado", disse Luciana Aparecida da Costa, diretora de infraestrutura, transição energética e mudanças climáticas do BNDES, a um repórter da revista TIME. "Mas sabemos que precisamos competir com outros países para atrair isso." E eles estão competindo.

No ano passado, o Brasil lançou um plano de investimento em IA de US$ 4 bilhões para apoiar seu próprio setor de IA. "Em vez de esperar que a IA venha da China, dos EUA, da Coreia do Sul e do Japão, por que não ter a nossa própria?", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao apresentar o plano de investimento. "Nossa inteligência artificial precisa ser inteligente, precisa ser uma fonte de renda e emprego", acrescentou. Mas, embora o plano de IA tenha sido construído com base na soberania, ele já está atraindo uma quantidade considerável de investimentos estrangeiros em tecnologia.

De forma crucial, o plano de investimento em IA do Brasil inclui provisões significativas para infraestrutura energética adicional para acompanhar a demanda energética expressiva e crescente do setor. A IA requer uma quantidade impressionante de energia para treinar seus modelos, e a Agência Internacional de Energia (AIE) projeta que essa pegada energética deverá dobrar até 2030, atingindo 945 terawatts-hora (TWh), o que é aproximadamente equivalente ao consumo anual de eletricidade do Japão. "Em comparação, os data centers consumiram 415 TWh em 2024, aproximadamente 1,5% do consumo total de eletricidade do mundo", informou recentemente a Nature.

Mas uma grande parcela da eletricidade do Brasil – quase 90% – vem de fontes renováveis. "O acesso à eletricidade em todo o país é quase universal e as energias renováveis atendem a quase 45% da demanda de energia primária, tornando o setor energético brasileiro um dos menos intensivos em carbono do mundo", afirma a Agência Internacional de Energia (AIE). Isso torna o país um polo muito atraente para empresas de tecnologia que buscam expandir suas ambições em IA sem recuar totalmente em seus compromissos climáticos. A Alphabet – a empresa por trás do Google – já teve que admitir publicamente que provavelmente não atingirá suas próprias metas de emissões devido à implantação da IA.

A questão de se a IA destruirá as iniciativas globais de descarbonização é importante e tem sido alvo de muitas discussões em manchetes e reuniões de diretoria. Sem querer, o Brasil se tornou uma espécie de cobaia para verificar se uma rede elétrica focada em energias renováveis pode sustentar um grande centro de dados global. O resultado desse experimento pode ter consequências de longo alcance para potenciais imitadores. "Como a eletricidade em alguns países de mercados emergentes vem cada vez mais da energia solar, eles podem ganhar investimento estrangeiro – não apenas da IA, mas também de qualquer investidor estrangeiro que queira que seus produtos sejam feitos de forma limpa", relata a TIME.

E, até agora, o Brasil parece mais do que ansioso para ser o símbolo global da IA de energia limpa. Em um painel no Web Summit, no Rio de Janeiro, este mês, o vice-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Luis Manuel Rebelo Fernandes, declarou: "Nossa mensagem para o mundo, com base em nosso plano, é que a IA [demanda de energia] é saciada com o uso de fontes de energia renováveis."

Fonte(s) / Referência(s):

Haley Zaremba
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