Entenda a origem da disputa entre Venezuela e Guiana

A área em questão desponta como nova fronteira de petróleo

Publicado em 04/12/2023
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disputa de fronteira entre Venezuela e Guiana

Até então desconhecida para muitos, a disputa em torno da região de Essequibo, localizada na Guiana, envolvendo a Venezuela já tem mais de 180 anos e foi crucial para o posicionamento dos Estados Unidos como potência mundial. Neste domingo (3), a Venezuela realizou um referendo em que constatou apoio amplo da população à anexação de Essequibo ao território venezuelano. Entenda a disputa que já dura quase dois séculos:

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A Disputa de Limites da Venezuela, que teve início oficialmente em 1841, marcou um capítulo significativo na história das relações internacionais na América do Sul. O conflito começou quando o governo venezuelano protestou contra a suposta invasão britânica em seu território, especialmente na região conhecida como Guiana Britânica (atual Guiana), adquirida pela Grã-Bretanha em 1814 por meio de um tratado com os Países Baixos.

O tratado em questão não estabelecia um limite ocidental claro, levando os britânicos a designarem Robert Schomburgk, um topógrafo e naturalista, para demarcar essa fronteira. A pesquisa de Schomburgk em 1835 resultou na famosa "Linha Schomburgk", que reivindicava aproximadamente 30.000 milhas quadradas adicionais para a Guiana. Em 1841, a Venezuela contestou essa delimitação britânica, alegando fronteiras territoriais estabelecidas na época de sua independência da Espanha. A Venezuela afirmava que suas fronteiras se estendiam até o rio Essequibo, o que equivalia a uma reivindicação de dois terços do território da Guiana Britânica.

O conflito intensificou-se quando ouro foi descoberto na região disputada, levando a Grã-Bretanha a buscar expandir sua influência, reivindicando uma área adicional de 33.000 milhas quadradas a oeste da Linha Schomburgk, onde o ouro fora encontrado. Em 1876, a Venezuela protestou formalmente, rompeu relações diplomáticas com a Grã-Bretanha e apelou aos Estados Unidos por assistência, baseando-se na Doutrina Monroe como justificativa para a intervenção dos EUA.

Nos 19 anos seguintes, a Venezuela buscou repetidamente ajuda dos Estados Unidos, instigando seu vizinho do norte a intervir por meio de arbitragem ou até mesmo força. Embora os Estados Unidos expressassem preocupação, pouco fizeram para facilitar uma resolução. Somente em 1895, invocando a Doutrina Monroe, o Secretário de Estado dos EUA, Richard Olney, enviou uma nota exigente à Grã-Bretanha, solicitando que a disputa de fronteira fosse submetida à arbitragem. A Grã-Bretanha, sob pressão em outras partes do mundo, concordou com a comissão de limites americana, e a Venezuela aceitou submeter-se à arbitragem.

No entanto, em 3 de outubro de 1899, quando a comissão emitiu sua decisão, determinou que a fronteira seguiria a Linha Schomburgk, preservando a demarcação de 1835. A Venezuela, desapontada, silenciosamente ratificou a decisão da comissão. Além disso, o incidente da Disputa de Limites Anglo-Venezuelana teve um significado mais amplo, marcando a afirmação de uma política externa americana mais voltada para o exterior, especialmente no hemisfério ocidental. Internacionalmente, esse episódio posicionou os Estados Unidos como uma potência mundial, indicando que, sob a Doutrina Monroe, exerceria suas prerrogativas na América do Sul.

Fonte(s) / Referência(s):

Jornalismo AEPET
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