Fernando Siqueira denuncia as benesses ao cartel do petróleo
"Crimes de lesa pátria estão virando rotina neste governo”
“Depois de fazer uma medida provisória (795), que virou lei, e dá uma isenção de R$ 1 trilhão, em 20 anos, para os produtores de petróleo, em detrimento do povo brasileiro, o governo Temer continua protegendo as empresas internacionais do setor”, declarou, em entrevista ao jornal Hora do Povo, o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), Fernando Siqueira.
Segundo o engenheiro, a redução da exigência do “conteúdo local” mínimo pela ANP, no dia 11 de abril, nos contratos já em andamento com a Petrobrás e as petroleiras estrangeiras “é péssima para os industriais brasileiros que investiram em equipamentos e máquinas para atender o setor e veem essa medida totalmente injustificada e perniciosa e que leva os produtores de petróleo a comprar todos os equipamentos nos seus países de origem, gerando emprego lá e desemprego e perda de tecnologia no Brasil”.
O pretexto usado pelo governo de que as petroleiras não têm condições de cumprir os compromissos, foi contestado pelo dirigente da AEPET. “A Petrobrás chegou a ser multada por não cumprir o conteúdo local. Agora, o governo vem e beneficia as empresas que não estão cumprindo o contrato. Este é mais um crime de lesa pátria que está virando rotina neste governo”.
Segundo ele, o impacto dessa resolução sobre as indústrias de máquinas e equipamentos e naval, será “o pior possível”. “Os empresários investiram em equipamentos, máquinas e desenvolvimento de pessoal técnico em face das perspectivas oriundas do conteúdo local previsto nos leilões. Agora veem todo o seu esforço ser perdido com essa medida predatória. Perda de investimentos já feitos, perda de empregos e desenvolvimento tecnológico serão a consequência. São atos típicos de um quadrilhão que vende o país em troca de propina”.
“A Petrobrás como empresa estatal tem que ter uma política social mais prioritária do que o lucro puro e simples. Para isto ela foi criada como estatal. Tem que ter uma função social prioritária que gere emprego, tecnologia e desenvolvimento no País. O lucro é importante para a sua continuidade, mas não é mais importante do que a geração de emprego e tecnologia no País”, declarou sobre a compra no exterior para uma plataforma no Campo de Libra, um dos maiores campos no pré-sal e o primeiro privatizado no governo Dilma Rousseff.
“Parente não veio para beneficiar o povo brasileiro. Ele veio para retomar o processo de desmonte e desnacionalização que iniciou na sua gestão como presidente do Conselho de Administração da Companhia no início de 2000. Lembremos que em sua gestão foram vendidos 36% das ações na Bolsa de Nova Iorque por US$ 5 bilhões, que, segundo o ex-diretor Ildo Sauer, valiam mais de US$ 100 bilhões na época. Foi feita uma troca de ativos com a Repsol que gerou um prejuízo de cerca de US$ 2 bilhões à Petrobrás e chegaram a mudar o nome para Petrobrax. E foi feita uma divisão da Companhia em 40 unidades de negócio para serem transformadas em subsidiárias e privatizadas. Esta é a meta”, denunciou Siqueira.
“A Petrobrás sob a batuta de Parente não tem o menor compromisso com sua função social. O lucro é a meta, pois o objetivo é transformá-la num multinacional estrangeira. Portanto, a visão financista vai reduzir drasticamente o investimento no país e gerar emprego no exterior com o aumento brutal das importações. Empresários nacionais que investiram vão ser profundamente prejudicados e até inviabilizados. É um crime”.
Fonte: Hora do Povo
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