FUP: supervisão de preços anunciada pela Petrobrás é novo 'oportunismo eleitoreiro'
Apesar da nova "diretriz" anunciada pela estatal, preços dos combustíveis permanecem alinhados ao mercado internacional, beneficiando os acionistas e prejudicando os consumidores
A Petrobrás anunciou nesta quarta-feira (27) que a política de preços da companhia passará a ser "supervisionada" pelo Conselho de Administração e o Conselho Fiscal, que passará a compor "uma nova camada" na tomada de decisões sobre os reajustes da gasolina, do diesel, do gás de cozinha e outros combustíveis. A estatal chamou a mudança de "Diretriz de Formação de Preços no Mercado Interno".
A própria Petrobras, no entanto, reafirmou o seu compromisso com a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), principal responsável pela explosão dos preços dos combustíveis. "Vale destacar que a referida aprovação não implica em mudança das atuais políticas de preço no mercado interno, alinhadas aos preços internacionais", informou a estatal. Além disso, a periodicidade dos ajustes dos preços dos combustíveis, os percentuais e valores, bem como "a conveniência e oportunidade" em relação aos reajustes, permanecem a cargo da Diretoria Executiva.
Na prática, como denuncia a Federação Única dos Petroleiros (FUP), trata-se apenas de uma jogada burocrática, que não altera os rumos que vem sendo adotados pela companhia desde 2016, a partir da implementação do PPI. Com essa política, a Petrobras repassa as variações do petróleo no mercado internacional diretamente ao consumidor brasileiro. Além disso, o PPI também considera custos de logística para importação que são inexistentes.
Oportunismo
Para o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, trata-se, tão somente, de "oportunismo eleitoreiro de Bolsonaro e de sua equipe de bajuladores". Ele afirma que o atual governo não fez nada para mudar a "absurda" política de preços, que só atende a interesses do mercado.
De acordo com cálculos da subseção do Dieese, durante o governo Bolsonaro, o preço da gasolina nas refinarias aumentou 155,8%. A queda recente da gasolina nos postos (-5,01% em julho, segundo o IPCA-15), em nada tem a ver com a Petrobras, causada exclusivamente pela aprovação do teto do ICMS.
Já o preço do diesel nas refinarias subiu 203,6% entre 1º de janeiro de 2019 e 20 de julho deste ano. Ao contrário da gasolina, o diesel continua subindo também nos postos, com alta de 7,32%, neste mês.
Os acionistas da Petrobras são principais interessados na manutenção do PPI. Amanhã o Conselho de Administração da Petrobras volta a se reunir, e deve anunciar lucro líquido de até R$ 60,4 bilhões no segundo trimestre. Os dividendos a serem pagos aos acionistas da empresa devem ficar entre R$ 47 bilhões e 58 R$ bilhões, conforme calculou o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).
Fonte: RBA
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