Gigantes da energia abandonam grupo global de emissões líquidas zero devido à repressão ao petróleo e gás

Shell, Aker BP e Enbridge saíram do grupo consultivo do SBTi devido a um projeto de norma que proíbe novos projetos de petróleo e gás.

Publicado em 22/07/2025
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A Shell e outras grandes empresas de energia se retiraram de um esforço de alto nível para estabelecer uma referência global de emissões "líquidas zero", depois que propostas preliminares efetivamente exigiram o fim de novos projetos para desenvolvimento de petróleo e gás, de acordo com documentos vistos pelo Financial Times.

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As empresas — Shell, a norueguesa Aker BP e a canadense Enbridge — deixaram um grupo consultivo de especialistas convocado pela iniciativa Science Based Targets (SBTi), uma entidade amplamente seguida e que define padrões climáticos, cuja aprovação é buscada por corporações globais que vão da Apple à AstraZeneca. Suas saídas refletem as crescentes tensões entre a indústria de combustíveis fósseis e a evolução das estruturas de divulgação e responsabilização climática.

Um Impasse Sobre Novos Projetos de Petróleo e Gás

O projeto de norma no centro da disputa proibiria as empresas de explorar novos campos de petróleo e gás após a apresentação de um plano climático à SBTi, ou após 2027 — o que ocorresse primeiro. Também previa um declínio acentuado na produção de combustíveis fósseis, aumentando as preocupações na indústria de petróleo e gás de que a norma imporia um caminho impraticável em direção às metas de zero líquido para emissões.

A Shell, que participa intermitentemente do processo SBTi desde 2019, confirmou que desistiu após concluir que o rascunho "não refletia a visão da indústria de forma substancial". A empresa manteve seu compromisso de atingir o “zero líquido” até 2050, mas argumentou que qualquer padrão confiável deve oferecer às empresas "flexibilidade suficiente" e refletir o que chamou de um caminho social "realista".

A Aker BP afirmou que sua capacidade de influenciar o padrão emergente se mostrou "limitada", enfatizando que sua saída "de forma alguma" foi um sinal de diminuição da ambição climática. A Enbridge não quis comentar, segundo o Financial Times.

SBTi suspende trabalho sobre padrão para petróleo e gás

Após essas saídas de alto perfil, a SBTi anunciou que havia "pausado" o trabalho sobre seu padrão para petróleo e gás, citando "considerações de capacidade". No entanto, a organização rejeitou as alegações de que essa decisão foi motivada por pressão da indústria, afirmando ao Financial Times que "não havia base na realidade para essas alegações".

Separadamente, a SBTi teria atrasado e diluído as diretrizes planejadas para instituições financeiras em relação ao financiamento de projetos de combustíveis fósseis. Segundo fontes citadas pelo Financial Times, o prazo para encerrar o financiamento ou seguro para empresas que buscam novas produções de petróleo e gás foi discretamente adiado de 2025 para 2030, depois que David Kennedy, ex-sócio da EY, assumiu o cargo de CEO da SBTi em março.

Indústria versus Padrões Climáticos: Uma Divisão Crescente

O resultado destaca uma falha fundamental: a queima de combustíveis fósseis continua sendo a principal causa do aquecimento global, e os cientistas concordam amplamente que limitar o aumento de temperatura a longo prazo a 1,5°C é fundamental para evitar danos catastróficos e irreversíveis.

No entanto, o setor de petróleo e gás continua cauteloso com os padrões climáticos que efetivamente determinariam uma interrupção abrupta da exploração, levantando preocupações sobre a segurança energética, os interesses dos investidores e a viabilidade de atender à demanda futura durante a transição.

Uma fonte envolvida na elaboração dos padrões do setor de petróleo e gás e do setor financeiro expressou frustração com o atraso, dizendo ao Financial Times: "Quanto mais atrasamos, mais cobertura estamos dando às grandes petrolíferas".

Por enquanto, a Shell e outras empresas continuam a declarar publicamente seu compromisso de atingir o zero líquido até 2050, mesmo que as estruturas destinadas a definir o que "zero líquido" significa na prática continuem envoltas em controvérsia.

Original:

Fonte(s) / Referência(s):

Charles Kennedy
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