Indústria de óleo lucra com golpe em Mianmar. Alguma surpresa?
Companhias dos EUA, Europa e Ásia seguem prestando serviços
Documentos e registros corporativos revelam que algumas das maiores empresas de serviços petrolíferos do mundo continuaram a trabalhar – e lucrar – em Mianmar após o golpe militar de 2020, ajudando o fluxo de receitas vitais para a junta que já matou mais de 2.900 pessoas, prendeu mais de 17 mil e deslocou 1,1 milhão, de acordo com a Associação de Assistência aos Presos Políticos.
Os documentos foram obtidos pela organização sem fins lucrativos Distributed Denial of Secrets e analisados pelo grupo Justice For Myanmar, pela organização de jornalismo investigativo Finance Uncovered e pelo jornal britânico The Guardian.
A Justice For Myanmar identificou 22 empresas dos Estados Unidos e de outros países que ajudam a sustentar a indústria de petróleo vital para a junta militar. Entre elas estão Halliburton, Hyundai Heavy Industries, Japan Drilling Company, Schlumberger e Weatherford.
Alguns gigantes internacionais do óleo e gás se retiraram de Mianmar ou anunciaram sua saída após o golpe, como TotalEnergies, Chevron, Petronas, Eneos, Mitsubishi e Woodside Petroleum.
"Ao apoiar esse setor, as grandes corporações estão violando suas responsabilidades internacionais sob os Princípios Orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos da ONU e as Diretrizes da OCDE para Empresas Multinacionais para identificar, mitigar e remediar ataques aos direitos humanos", observa o Justice For Myanmar.
Os EUA, a União Europeia e o Reino Unido impuseram sanções, mas a situação é ambígua. Enquanto as indústrias estatais de pedras preciosas, pérolas e madeira de Mianmar foram sancionadas pelos Estados Unidos, Washington ainda não puniu o setor de petróleo, maior fonte de receita externa da junta.
Fonte: Monitor Mercantil
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