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Mais um ano de retrocesso industrial

Sem vetores de dinamismo

Publicado em 03/02/2023
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O resultado da indústria no mês de dez/22, divulgado hoje pelo IBGE, ilustra bem o quadro do setor no ano passado. Mais uma vez não houve crescimento, indicando a ausência de vetores de dinamismo que possam restabelecer uma trajetória de retomada industrial no país. A produção registrou 0% frente a nov/22, já descontados os efeitos sazonais, e -1,3% ante dez/21.

Em 2022 muitos obstáculos conjunturais estiveram em atuação, como pressões de custo, gargalos remanescentes das cadeias, aumento das taxas de juros e encarecimento do crédito, desemprego e queda do poder de compra, além das incertezas advindas do campo político e do cenário internacional. Apesar disso, como o IEDI sempre enfatiza, sabemos que os problemas da indústria brasileira não vêm de agora e são muito mais profundos.

As adversidades pontuais e estruturais se traduzem em uma sequência de resultados ruins que já está ficando bastante longa, comprometendo novos ciclos de investimento e modernização do parque produtivo que são essenciais para a competitividade do setor. Entre 2014 e 2022, em 2/3 do tempo a indústria ficou no vermelho e os anos positivos em geral foram recuperações parciais de quedas anteriores.

Em 2022, o ano se encerrou com variação de -0,7% frente a jan-dez/21, com todos os macrossetores industriais perdendo produção, assim como 17 dos 26 ramos acompanhados pelo IBGE, isto é, 65% do total. Cabe observar ainda que quase ¼ dos ramos apresentaram declínio nada desprezível, como móveis (-16,2%), madeira (-12,9%), têxteis (-12,8%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-10,7%).

E isso porque bases de comparação deprimidas, devido à perda de fôlego na segunda metade de 2021, ajudaram a produzir taxas interanuais positivas agora neste 2º semestre de 2022, como mostram as variações a seguir. A contar pela série com ajuste sazonal, onde as comparações não trazem a memória do ano anterior, a produção industrial mal saiu do lugar chegando a dez/22 em um nível 0,6% inferior ao de jun/22.

• Indústria geral: -4,4% no 1º trim/22; -0,1% no 2º trim/22; +0,9% no 3º trim/22 e +0,5% no 4º trim/22;

• Bens de capital: -2,3%; -0,1%; +0,7% e +0,4%, respectivamente;

• Bens intermediários: -3,3%; -0,6%; +0,7%; +0,3%;

• Bens de consumo duráveis: -18,3%; -4,7%; +8,2% e +2,9%;

• Bens de consumo semi e não duráveis: -4,3%; +1,9%; +0,2% e +1,1%, respectivamente.

No acumulado do ano passado, o macrossetor com maiores dificuldades foi bens de consumo duráveis, com variação de -3,3% frente a 2021. Tal como o restante da indústria, voltou ao positivo na segunda metade do ano na comparação interanual, mas, ainda assim, perdeu dinamismo no 4º trim/22 (+2,9%), devido à desaceleração da indústria automobilística. Móveis e Eletrodomésticos não chegaram a ter um único trimestre positivo em 2022.

Todos os demais macrossetores tiveram resultado anual igual ou não tão adverso quanto o da indústria geral.

O macrossetor de bens intermediários recuou -0,7% em jan-dez/22 frente ao mesmo período do ano anterior. Sua reação no 2º semestre do ano foi fraca e chegou ao 4º trim/22 virtualmente estagnado (+0,3%). Têxteis (-9,7% ante 4º trim/21), insumos para construção civil (-5,3%) e intermediários de metalurgia (-2,1%), que também só tiveram trimestres negativos no ano, foram os principais obstáculos. Ademais, houve forte desaceleração em derivados de petróleo (de +9,5% no 3º trim/22 para +0,1% no 4º trim/22) e celulose (de +21% para +3,3%).

Bens de capital e bens de consumo semi e não duráveis ficaram em um quadro de quase estabilidade: +0,3% e +0,2%, respectivamente, no acumulado do ano.

No último trimestre de 2022, bens de capital registraram +0,4%, mas com piora substancial em bens de capital de uso misto (-12,5%) e para agricultura (-12,1%). No caso de bens de capital para a própria industrial, tivemos mais um trimestre de perda: -6,3%. Como o IEDI vem destacando, este não é um bom sinal para o investimento do setor.

Já bens de consumo semi e não duráveis foram o único macrossetor a ganhar robustez no final do ano. A alta de +1,1% no 4º trim/22 veio principalmente de dois segmentos: combustíveis, que passaram de -4,4% no 3º trim/22 para 6,7%, produtos farmacêuticos, que progrediram de +0,5% para +13,9% neste mesmo período.

Clique aqui para ver o estudo completo

Fonte: IEDI

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