O copo meio cheio, meio vazio da COP28
A transição energética justa tem que contemplar as diferenças entre nações e dentro das nações
A COP 28, encerrada ontem em Dubai (EAU) mostrou um racha mundial e aprovou um documento final cheio de eufemismos na tentativa de, mais uma vez, criminalizar os combustíveis fósseis como únicos responsáveis pelas mudanças climáticas.
O balanço global do Acordo de Paris, principal documento da COP, pede que os países “comecem a reduzir o consumo global de combustíveis fósseis” e a expressão “eliminação gradual (em inglês, phase out) foi substituída por “transição de combustíveis fósseis” (transitioning away from).
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É dos termos, prazos e recursos alocados na chamada transição energética que a AEPET tem tratado nos últimos meses, tendo como base principal o artigo “A verdadeira transição energética justa”, de Felipe Coutinho, vice-presidente da Associação, e traz o alerta:
“Nas transições energéticas, as fontes primárias se somam, não são substituídas. O processo é lento e não há garantia que as fontes primárias que chegam para se somar às antigas são melhores, mais baratas e mais capazes de realizar trabalho, aumentar a produtividade, promover o crescimento e o desenvolvimento.”
O artigo também reforça que “quanto maior o consumo de energia per capita, maior o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos países. O consumo de energia está correlacionado, reforça e é reforçado, pelo desenvolvimento das nações. Não existe país com alto desenvolvimento humano e baixo consumo relativo de energia.”
Não à toa os países que mais fortemente querem impor o fim dos combustíveis fósseis, são aqueles que têm o maior consumo de energia per capita, como Alemanha, Reino Unido, França e EUA. Da mesma forma, são os maiores responsáveis pelas emissões histórica e atual de gases do efeito estufa, em geral, e do gás carbônico (CO2), em particular.
Portanto, para tratar de transição energética impõem-se considerar o combate às desigualdades, tanto entre as nações, como dentro delas próprias. Basta lembrar que 1 bilhão, dos 7 bilhões de pessoas que habitam o planeta, sofrem com a fome, embora a produção mundial de alimentos seja suficiente para todos!
Sem a redução das desigualdades, em especial quanto ao consumo de energia per capita, não haverá transição energética justa.
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