O que não se escreve será feito
Programas de governo deveriam ser o norte na definição de voto pelos eleitores.
Escolher entre as propostas de partidos e candidatos aquelas que se enquadram no seu sentimento de como a política irá interferir na sua vida e da sua sociedade. Infelizmente, programas de governo tornam-se apenas peças publicitárias.
Nesta terça-feira (09), a Folha de S. Paulo publicou a prévia das propostas de Jair Bolsonaro para um segundo mandado. Não se escreve nada sobre a privatização da Petrobrás, mas está dito: o sucesso da privatização da Eletrobras:
"A desestatização da Eletrobras é um bom exemplo de que é possível e de que os resultados positivos são praticamente imediatos, pois estimula a oferta de energia, a competitividade e a livre concorrência (com a ampliação e a melhoria da qualidade e a redução dos preços dos serviços) e a captação de mais investimentos para o setor”.
Como pode haver tal diagnóstico há menos de dois meses de efetivada a entrega do controle acionário da estatal?
O presidente Jair Bolsonaro transita por duas vias: a da moral e a econômica. Ambas, conservadoras. Cumpriu a primeira, entregando armas, segregando minorias, ignorando o preceito do Estado laico.
Na via econômica, Bolsonaro deixou claro, durante sua campanha de 2018, que ela seria tocada pelo “posto Ipiranga”, no caso o plenipotenciário Paulo Guedes. Mas nunca foi esclarecido aos eleitores o pensamento econômico de Guedes. Que não era o mesmo do Jair Bolsonaro, que vociferava contra a venda da Vale e de outras estatais.
Bolsonaro/Guedes promoveram a mais profunda aderência à política econômica neoliberal, inaugurada nos anos de 1980, e que mostra sua falência nos países fundadores: os EUA e a Grã-Bretanha.
Apoiado pela mídia hegemônica, Guedes conseguiu diminuir a presença do Estado na economia, fortalecer a política rentista, tudo através da queima do patrimônio público.
Na Petrobrás, Guedes manteve e ampliou a venda de ativos e o Preço Paritário de Importação (PPI).
Os resultados contábeis da Petrobrás parecem mostrar o acerto do ministro. Mas a disparada dos preços dos combustíveis fez o discurso neoliberal recuar e aceitar a realidade da necessidade da manutenção do poder.
Sacrificando estados e municípios, fez-se o milagre da redução do preço dos combustíveis. Mas nada de mudar o PPI – mesmo com o preço do petróleo no mercado internacional voltando aos patamares de antes do conflito Rússia-Ucrânia – e distribuindo “bolsas auxílios” com prazo de vencimento um mês após as eleições.
Como acreditar que a Petrobrás não será privatizada por não estar citada no programa de governo?
ENERGIZANDO
*Petrobrás faz encomendas de plataformas no exterior e reduz cerca de 1,5 milhão de empregos no Brasil
**Primeira patente mundial de biodiesel foi registrada por um pesquisador cearense
https://fup.org.br/primeira-patente-mundial-de-biodiesel-foi-registrada-por-um-pesquisador-cearense/
***Aneel revoga autorização para termoelétricas flutuantes na baia de Sepetiba (RJ)
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