Orgulho e preconceito
A AEPET defende a Petrobrás, defende seu Corpo Técnico. Mas a existência de ambos só é defensável se a renda advinda do petróleo for compartilhada pela maioria dos brasileiros. Isto sim é motivo de orgulho.
O anúncio que o Campo de Búzios do pré-sal atingiu a marca de 5 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) em cinco anos é para encher de orgulho a Petrobrás, seu Corpo Técnico e a Nação brasileira. Além da alta produtividade por poço em Búzios, o resultado se deve também à evolução do conhecimento acumulado nos campos do pré-sal e à utilização de tecnologias de última geração desenvolvidas para ampliar a eficiência dos reservatórios.
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Mas há entretantos. Desde a descoberta do pré-sal brasileiro, em 2006, a Petrobrás passou de um investimento nominal de US$ 10,5 bilhões/ano para um máximo de US$ 48 bilhões, em 2014. Isto permitiu que já em 2008, a Petrobrás extraísse o primeiro óleo, no Parque da Baleias (ES) e em 2009, no Campo de Tupi, na bacia de Santos. E o Brasil passou de uma reserva provada de óleo de 14 bilhões de barris para 33 bilhões. Hoje, este patamar já supera os 100 bi.
Com a operação Lava Jato e a disseminação do mito da Petrobrás quebrada, os investimentos entraram numa fase decrescente e, de US$ 23 bilhões em 2015, caíram para US$ 8,7 bilhões em 2021. O que era orgulho, virou preconceito.
As denúncias vindas de Curitiba, comprovadas ou não, serviram para reavivar o preconceito à existência de uma grande empresa estatal criada por Getúlio Vargas para prover o Brasil da sua autossuficiência de petróleo e de soberania nacional. O mito da Petrobrás quebrada foi repetido milhares, milhões de vezes e que o sonho do pré-sal se tornou pesadelo. A crença neste mito levou, inclusive, a agressões a funcionários da empresa que vestiam o característico uniforme de cor alaranjada.
Daí seguiu-se o que vimos: o impeachment de Dilma Roussef, a chegada da “ponte para o futuro” e Bolsonaro. E a Petrobrás sendo fatiada, perdendo sua capacidade de ser uma empresa de energia integrada, do famoso slogan “do poço ao posto”. Além de perder seus tentáculos, a Petrobrás viu minguarem os investimentos, tudo em nome de pagar antecipadamente uma dívida totalmente controlada e a uma farta distribuição de dividendos. Em 2009, a empresa distribuiu R$ 15,4 bilhões. Já em 2022, foram R$ 217 bilhões.
Perto de completar 70 anos, a Petrobrás resiste e apresenta resultados impressionantes, seja com produção, como na geração de lucros. Mas enquanto existir o preconceito quanto à sua existência como empresa pública, irá cada vez mais depender dos recordes extraordinários do pré-sal. Infelizmente, com toda a tecnologia, eles tendem a declinar. É o ciclo das reservas de óleo.
Além de vencer os preconceitos dos “senhores do mercado”, a manutenção e o crescimento da Petrobrás também precisa convencer aqueles que dizem lutar pelo fim das desigualdades, mas que não entendem que distribuição de renda e riquezas passa necessariamente pelo acesso à energia.
A AEPET defende a Petrobrás, defende seu Corpo Técnico. Mas a existência de ambos só é defensável se a renda advinda do petróleo for compartilhada pela maioria dos brasileiros. Isto sim é motivo de orgulho.
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