Petrobrás: 71 anos de desenvolvimento econômico e resistência política
“Não querem que o trabalhador seja livre.” – Getúlio Vargas
“Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma.”
Assim se referiu à Petrobrás o presidente Getúlio Vargas em sua Carta Testamento, que completou este ano 70 anos, concluindo em seguida:
“Não querem que o trabalhador seja livre.”
Neste 3 de outubro de 2024, em que a estatal brasileira do petróleo faz 71 anos, o apelo desesperado do presidente, que o levaria ao suicídio, está mais atual do que nunca. A empresa está submetida aos mesmos interesses antinacionais, que exigem cada vez mais dividendos, em detrimento do investimento voltado para o desenvolvimento socioeconômico do país e da própria tecnologia de ponta que conferiram à Petrobrás diversos prêmios internacionais, como vem alertando reiteradamente a AEPET.
Pouco antes da aceleração da farra dos dividendos, a chamada operação lava-jato destruiria cerca de 4,44 milhões de empregos diretos e indiretos entre 2014 e 2017, reduzindo o produto interno bruto (PIB) em 3,6% nesse período, segundo estudo do Dieese.
Somente nas áreas de construção civil, engenharia pesada, indústria metalmecânica e indústria naval, o professor de Ciência Política da UERJ Fábio Kerche calcula que as perdas somaram R$ 142 bilhões.
“As empreiteiras, evidentemente, foram as principais afetadas, vendo sumir mais de 80% de suas receitas. Em seu lugar, construtoras estrangeiras assumiram as grandes obras de impacto”, pondera Kerche, em entrevista à Sputnik Brasil.
No plano político, o professor da UERJ destaca o atual cenário de degradação jamais visto na história do Brasil, já que fascismo e corrupção procuram manter de joelhos o Poder Executivo em busca de uma governabilidade que foi golpeada com a deposição da ex-presidente Dilma Rousseff.
As “lava-jato” de hoje trazem consigo as mesmas campanhas midiáticas falso-moralistas da época de Getúlio, que cunharam expressões como “mar de lama” com a finalidade de marcar os ideais desenvolvimentistas com o selo da corrupção. O jornalista Beto Almeida, da TeleSur, lembra que o então “Rei do Brasil”, Assis Chateaubriand , dono de um dos maiores impérios midiáticos da história, chegou a oferecer apoio político a Getúlio "em troca da desistência do projeto Petrobrás".
A altivez de Getúlio, que conseguiu que o presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt viesse a Natal (RN), em sua cadeira de rodas, para conversar sobre a entrada do Brasil na Segunda Guerra em troca do direito ao desenvolvimento econômico, continua a despertar ódio e a Petrobrás está no centro desta disputa, que envolve a participação em leilões de campos de petróleo que a própria empresa encontrou.
Os consórcios formados para tais leilões têm contado com isenções fiscais bilionárias, que incentivam a exportação de petróleo cru, acentuando o processo de recolonização do país, expresso na desindustrialização acelerada e precoce, como também vêm alertando a AEPET e especialistas de altíssimo nível, como o engenheiro PhD na área de petróleo e consultor aposentado da Câmara dos Deputados Paulo César Ribeiro Lima.
Sendo assim, celebrar o aniversário de 71 anos da Petrobrás é também lembrar a Carta Testamento do presidente Getúlio Vargas, que ao oficializar a criação daquela que se tornaria a maior empresa do Brasil, revelou a amigos tratar-se da assinatura de seu próprio atestado de óbito.
Clique aqui para ler a Carta Testamento do presidente Getúlio Vargas
Receba os destaques do dia por e-mail
Gostou do conteúdo?
Clique aqui para receber matérias e artigos da AEPET em primeira mão pelo Telegram.