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Por que a produção do shale dos EUA não está crescendo?

Ultimamente, muitas novidades estão chegando dos campos de shale dos EUA.

Publicado em 22/02/2022
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A produção no Permiano quebrou recordes por dois meses seguidos. A Energy Information Administration previu que o total da produção dos EUA também pode quebrar um recorde este ano, graças aos preços mais altos.

Mas será que esta notícia é boa o suficiente?

A contagem de plataformas está aumentando; não há nenhuma dúvida sobre isso. A produção também está em alta. No entanto, de acordo com executivos do setor, isso não significa necessariamente um retorno aos negócios normais. Pelo contrário, parece que a maior parte do setor está determinada a manter sua disciplina financeira e continuar devolvendo dinheiro aos acionistas em vez de aumentar a produção.

Em entrevista ao Financial Times, o executivo-chefe da Devon Energy disse que os acionistas, em geral, ainda estão céticos em relação ao aumento da produção, e as empresas estão atentas a esse sentimento.

“No fundo da mente de todos está: “Quando será o crescimento [da produção]?” Temos investidores dizendo “Meu Deus, se não agora, quando?”, disse Rick Muncrief ao Financial Times. “Mas para cada um dizendo isso, há pelo menos mais um, se não dois, esperando para dizer: “Sabíamos que a disciplina seria de curta duração. Aprendemos nossa lição”, acrescentou o executivo.

O sentimento dos investidores é talvez a maior razão pela qual o shale dos EUA ainda está agindo com moderação. Depois de anos queimando dinheiro e emitindo novas ações para sobreviver, a indústria está ciente de que os acionistas perderam a paciência. A alta do preço do petróleo serviu a um propósito importante, então, ao dar às empresas de shale os meios para começar a devolver dinheiro aos seus proprietários, após o caos de 2020.

Esse caos, com a queda da demanda por petróleo em meio à primeira onda de bloqueios e o petróleo dos EUA caindo abaixo de US$ 0 por barril pela primeira vez na história, embora brevemente, parece ter dado aos perfuradores de shale dos EUA o susto de que precisavam para reorganizar suas prioridades de “Crescimento a todo custo” para “Retorno acima de tudo”.

“O capital que historicamente gastaríamos no crescimento da empresa, agora estamos redistribuindo isso na forma de recompra de ações”, disse o executivo-chefe da Diamondback Energy, segundo o FT, em janeiro. Também repercutiu a fala do CEO da Pioneer Resources de que a empresa só aumentará a produção em 5% este ano.

No momento em que os investidores se questionam se vale mesmo a pena ficar no petróleo, com a transição energética e os compromissos verdes, a manutenção de investidores tornou-se um desafio, motivando as empresas a mudarem de comportamento.

No entanto, a satisfação dos acionistas não é a única razão pela qual o shale dos EUA está atrasando a expansão da produção. Afinal, há muitos perfuradores de petróleo privados na bacia do shale dos EUA que não respondem aos acionistas. Essas são as empresas que os analistas consideram que lideram o aumento total da produção de petróleo dos EUA, talvez justamente porque não respondem aos acionistas.

No entanto, os perfuradores podem estar ficando sem os “sweet spots” (aquelas áreas fáceis de perfurar) nas bacias de shale do país. Em um artigo citando dados de poços, o Wall Street Journal informou no início deste mês que, devido às rápidas taxas de esgotamento dos poços de shale, recursos de baixo custo estão dando lugar a depósitos de custo mais alto. E isso está motivando uma abordagem mais cautelosa ao crescimento da produção.

“Você simplesmente não pode continuar crescendo de 15% a 20% ao ano”, disse o responsável pelas reservas da Pioneer Scott Sheffield ao jornalista Colin Eaton, do Wall Street Journal. “Você vai destruir suas reservas. Até mesmo as boas companhias.”

Muncrief, da Devon Energy, não tem intenção de aumentar a produção este ano, de acordo com o artigo do FT. A Devon Energy manterá apenas os níveis atuais de produção.

Há também uma terceira razão para essa contenção que surpreendeu muitos observadores. A inflação de custos ainda não tinha chegado à indústria do petróleo. Mas está aumentando os custos de produção agora porque usou a maior parte de suas reservas de poços perfurados, mas incompletos, no ano passado e agora precisará gastar mais em novas perfurações.

Com os acionistas ainda desconfiados do crescimento da produção como estratégia, seria difícil justificar maiores gastos de capital para aumentar a produção quando você já precisa gastar mais apenas para manter a produção estável em relação ao ano passado.

Para completar, problemas persistentes na cadeia de suprimentos e escassez de mão de obra estão aumentando os desafios de cumprir as previsões de produção recorde da EIA. De acordo com o FT, fontes do setor dizem que, embora a implantação de uma sonda no campo pudesse levar algumas semanas antes, agora pode levar até quatro meses.

É a mais infeliz convergência de fatores. Os preços do WTI acima de US$ 90 por barril normalmente fariam todos correrem para perfurar. Mas mesmo que quisessem, os perfuradores não podem se apressar para perfurar, pelo menos não tão rápido - ou tão barato - quanto costumavam. Mas parece que a preocupação dos investidores continua sendo a principal prioridade para as empresas.

“Temos que fazer o que Wall Street quer . . . ou perderemos os acionistas”, disse Harold Hamm, da Continental Resources, ao FT.


Original: https://oilprice.com/Energy/Energy-General/Why-Isnt-US-Shale-Production-Soaring.html

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Irina Slav
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