Recém-privatizada, Refinaria da Amazônia vende o gás de cozinha mais caro do país
"Estamos em uma tendência de queda no consumo de GLP, por conta dos preços altíssimos do botijão...", afirma Gil Dantas, economista do OSP e do IBEPS
Privatizada há dois meses, a Refinaria da Amazônia (Ream), antiga Isaac Sabbá (Reman), em Manaus (AM), segue o mesmo caminho da Refinaria de Mataripe, na Bahia, e já detém o recorde do gás de cozinha mais caro do país. Hoje, o preço do botijão da Ream é 37,1% superior ao das refinarias da Petrobrás e está 14% acima do cobrado por Mataripe.
Segundo levantamento do Observatório Social do Petróleo (OSP), antes da privatização, a refinaria amazonense vendia o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) 0,8%, em média, mais barato do que as outras refinarias estatais. Desde que passou para as mãos da iniciativa privada, em dezembro de 2022, a Ream cobra, em média, 29,5% a mais do que as refinarias da Petrobrás e 10,4% mais caro do que a refinaria baiana, que opera sob gestão privada da Acelen desde dezembro de 2021.
O estudo do OSP mostra ainda uma queda nacional e regional no consumo de gás de cozinha em 2022, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os meses de janeiro a novembro do ano passado, a venda de botijões de GLP caiu 3,01% no Brasil e 0,65% na região Norte. Em 2021, o consumo nacional já tinha diminuído em 4,18%, com redução de 2,35% no Norte do país.
"O gás de cozinha é um dos maiores problemas na economia brasileira hoje. Estamos em uma tendência de queda no consumo de GLP, por conta dos preços altíssimos do botijão. Desde 2021 as famílias vêm substituindo gás de cozinha por lenha em todo o país. Com a privatização da Reman e a decorrente explosão do preço do GLP na região, esse problema se acentuará. Desde que foi privatizada, o preço da refinaria subiu 16%. Com certeza já veremos o reflexo disso nos dados de consumo de GLP em janeiro para a região", afirma Eric Gil Dantas, economista do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).
O levantamento se baseia em dados de preços do GLP vendido às distribuidoras pela Petrobrás e a Ream. Foram considerados os valores antes da privatização da refinaria amazonense – no período de 01/03/2022 (data em que a Petrobrás passou a disponibilizar o preço de GLP por refinaria) a 30/11/202 – e após o início da gestão privada, em 01/12/2022, até hoje, dia 3 de fevereiro.
Preço ao consumidor
A Ream fornece gás de cozinha para as distribuidoras que atendem os estados do Amazonas, Pará, Amapá, Rondônia, Acre e Roraima, localidades que figuram entre os 10 maiores preços de GLP do país. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o consumidor de Roraima é o que paga mais caro pelo botijão, R$ 128,82. Rondônia aparece em 3º lugar, com o preço de R$ 123,82. Amazonas, em 5º (R$ 123,15); Acre, em 7º (R$ 120,88), seguido por Amapá (R$ 118,94) e Pará, em 9º lugar (R$ 113,48). Na classificação geral, o Rio de Janeiro tem atualmente o menor preço do mercado nacional, vendendo o gás de cozinha a R$ 94,53.
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