desfazendo-se de ativos importantes como as refinarias, gasodutos e a BR Distribuidora, o TNI (Transnational Institute), centro de estudos em democracia e sustentabilidade baseado na Holanda, revela estudos que mostram que as reestatizações são uma tendência em crescimento. Entre 2000 e 2017, 884 serviços foram reestatizados no mundo, sendo 83% deles de 2009 em diante.

Fernando Siqueira, conselheiro fiscal da Petros, diretor do CREA e vice-diretor de comunicação da AEPET, opina que a priorização de lucros das empresas privadas é, na maior parte das vezes, conflitante com a execução de serviços de que a sociedade depende.

No caso da refinarias, por exemplo, Siqueira critica a posição do presidente da Petrobrás de se desfazer de 50% da refinarias. Castello Branco diz que a Petrobrás deve deter apenas 50% da capacidade de refino no País. É possível viabilizar isto. A produção brasileira de petróleo vai mais que duplicar em 2026, atingindo 5,2 milhões de barris/dia. Portanto, a capacidade de refino também precisa ser duplicada. A melhor forma de alcançar isto é incentivar empresas a construir novas refinarias e não vender as refinarias da Petrobrás a preço de banana. Se ele vender 50% das refinarias atuais, em 2026 a Petrobrás ficará com apenas ¼ da capacidade de refino no País, afirma Siqueira.

A onda neoliberal que se consolidou a partir da década de 1980 parece refluir em grande parte do mundo, segundo o estudo holandês. Para Fernando Siqueira, o Brasil tem exemplos claros de privatizações incensadas e glamurizadas, mas de resultados duvidosos:

- A malha ferroviária nacional só diminuiu, perdendo completamente sua importância como modal de transporte. As telecomunicações, não alcançaram a universalização e têm preços altíssimos, além do maior índice de reclamação entre os consumidores – enfatiza Siqueira.

Outro mau exemplo de empresa privatizada lembrado por Siqueira é a Vale. Segundo ele a ganância dos acionistas é a responsável direta pelos dois maiores desastres ambientais do Brasil: Mariana e Brumadinho.

Engenheiro aposentado da Petrobrás, Fernando Siqueira espera que o refluxo da onda privatizante neoliberal seja sentido no Brasil antes que seja tarde e se se esvaiam os recursos preciosos do pré-sal, cuja descoberta é de total responsabilidade da capacidade de exploração da Petrobrás.