Tentativa de golpe na Bolívia e o impacto nas relações com Brasil
Evo Morales também fez um rápido e duro pronunciamento
A tentativa de golpe de Estado na Bolívia chocou o cenário da América Latina, nesta semana, em um país que já sofreu um golpe em menos de 5 anos. Apresentando-se como um dos pivôs a cargo da reunificação latino-americana, o presidente Lula não quer cancelar a agenda à Bolívia, marcada para o dia 9 de julho, apesar da instabilidade local.
Isso porque o presidente brasileiro deve manter a visita a Santa Cruz de La Sierra, ainda com uma indefinição se o encontro com o presidente Luis Arce será mantido. Também no próximo mês, Lula participará do encontro dos presidentes do Mercosul em Assunção, no Paraguai, e definiu que a próxima parada seria a Bolívia.
A visita era considerada chave, uma vez que o país viveu, há pouco, um efetivo golpe de Estado pela opositora à Evo Morales, Jeanine Áñez Chávez, presidente do Senado quando o golpe foi consolidado em 2019. Pelo episódio, ela foi presa preventivamente pelo Tribunal de Primeira Instância de La Paz.
Aproximação de Bolsonaro com golpistas na Bolívia
Na ocasião, o então presidente brasileiro Jair Bolsonaro havia reconhecido o governo de Jeanine Áñez como legítimo e chegou a oferecer asilo político à golpista. As relações das famílias ainda se estenderam, com uma visita da filha de Áñez, Carolina Ribera Áñez à então primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Com a ex-mandatária presa desde 2021, o hoje líder da tentativa de golpe, general Juan José Zuñiga, chegou a declarar que um dos objetivos da rebelião era soltar os “presos políticos” do golpe de 2019. Após a tentativa de derrubada de Arce, Zuñiga foi retirado das Forças Armadas e o presidente boliviano fez uma troca no comando militar para controlar a rebelião.
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Tentando evitar a responsabilização pelo caso, a equipe da golpista e ex-presidente Jeanine Añez escreveu, nas redes sociais, que ela “repudia totalmente a mobilização dos militares na Plaza Murillo, na tentativa de destruir a ordem constitucional”.
“O MAS [Partido de Evo Morales e Luís Arce] devem sair por meio das eleições em 2025. Nós, bolivianos, defenderemos a democracia”, continuou.
Mas lideranças da América Latina repudiam, inclusive direita
O episódio contou com rápido repúdio internacional e dos representantes da América Latina.
“O Governo brasileiro condena nos termos mais firmes a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país”, emitiu o governo Lula, em nota.
“O Governo brasileiro manifesta seu apoio e solidariedade ao presidente Luis Arce e ao governo e povo bolivianos. Nesse contexto, estará em interlocução permanente com as autoridades legítimas bolivianas e com os governos dos demais países da América do Sul no sentido de rechaçar essa grave violação da ordem constitucional na Bolívia e reafirmar seu compromisso com a plena vigência da democracia na região. Esses fatos são incompatíveis com os compromissos da Bolívia perante o Mercosul, sob a égide do Protocolo de Ushuaia”, completou.
O próprio ex-presidente Evo Morales também fez um rápido e duro pronunciamento. Também condenaram a tentativa de golpe as demais lideranças da região: o presidente colombiano, Gustavo Petro; presidente chileno, Gabriel Boric; o venezuelano Nicolás Maduro; o cubano Miguel Díaz-Canel Bermúdez. O repúdio foi manifestado também por lideranças da centro-direita, como o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou.
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