Violência e assédio contra petroleiras foi tema de debate na AEPET Bahia

Debate contou com a presença de Patrícia Laier, vice diretora de Comunicação da AEPET

Publicado em 26/03/2024
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O Dia Internacional da Mulher foi em 8 de março, repleto de flores e homenagens, e até reflexões, mas nos outros 364 dias do ano a realidade é bem diferente. Na verdade, um único dia no calendário não é suficiente para abarcar o significado das mulheres para a sociedade atual e a luta delas por direitos. Por isso, a AEPET-BA promoveu, nesta quinta-feira, 21 de março, uma live com convidadas especiais para debater a violência e o assédio vivido pelas petroleiras.

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A live transmitida pelo canal do youtube da entidade teve a participação da vice-diretora de Comunicação da AEPET, Patricia Laier, da conselheira Conselho de Administração (CA) da Petrobrás, Rosangela Buzanelli, da dirigente sindical do Sindipetro-BA e aposentada da Petrobrás, Lindomar Meneses e da associada da AEPET-BA e aposentada da empresa, Regina Tonini.

A conversa mediada por Erika Grisi e Francine Moreira, diretora e vice-diretora de comunicação da AEPET-BA, respectivamente, foi recheada de relatos e histórias das convidadas.

O bate-papo foi iniciado pelas falas das mediadoras que apresentaram dados e o cenário atual da Petrobrás e da indústria de petróleo, falando da desigualdade entre homens e mulheres e do aumento dos casos de assédio que chegam a ser espantosos, especialmente em pleno século XXI

“Existem relatos ainda vindo à tona de violências que as mulheres sofrem dentro da empresa, são coisas absurdas que parecem ser da década de 1980, com tamanho desrespeito à figura feminina. A gente já está em 2024, mas temos lutas do século passado pela frente, precisamos nos empenhar, e entender que existe a necessidade da sororidade para estarmos em uma luta só”, disse a vice-diretora de comunicação da AEPET-BA, Francine.

Conselheira eleita pelos trabalhadores no Conselho de Administração (CA) da Petrobrás, Rosangela Buzanelli, falou da sua trajetória e das dificuldades que enfrentou sendo mulher em um ambiente majoritariamente feminino, como a questão do alojamento ser compartilhado entre homens e mulheres.

“Ser mulher é um desafio diário, da hora que a gente acorda até a hora que a gente dorme. Quando a gente requeria o nosso direito, éramos tratadas como chatas, exigentes e problemáticas. Tratasse como tratasse, a gente brigava, a gente conquistava e fomos conquistando os espaços”, contou Rosangela.

Ainda sobre a falta de espaços e equipamentos exclusivamente pensados para figura feminina, Patrícia Laier, vice-diretora de Comunicação da AEPET, explicou como as mulheres tiveram que impor o funcionamento do banheiro feminino, por exemplo. Além disso, a também geóloga, contou sobre a presença de calendários e posteres pornográficos nas plataformas:

“Não foi fácil, sempre foi um ambiente muito masculino. Eu não tinha essa força de mandar tirar, eu não frequentava os espaços que tinham material com mulheres expostas como se fosse um objeto. Então, eu também não podia frequentar os cinemas das plataformas porque só passava filmes para maiores de 18 anos”.

Associada da AEPET-BA e aposentada da empresa, Regina Tonini, falou da sua história como mulher negra sendo concursada de uma das maiores empresas de petróleo do mundo, fazendo uma comparação com a realidade atual.

“Se hoje com todas as lutas e oportunidades bem melhores do que naquela época, em 1975, vocês ainda enfrentam muitas dificuldades, imagine naquele período. Em determinadas situações, [o assédio] era percebido até pelo não-verbal, porque não precisa a pessoa olhar e dizer ‘este lugar não é para você’, mas a maneira que as pessoas te olham e referem a você faz com que seja possível perceber o que não foi dito”, relatou Regina.

Aposentada da empresa e não da luta, como se refere, a dirigente sindical do Sindipetro-BA, Lindomar Meneses, contou sua história de resiliência na estação de petróleo em Candeias, onde o coordenador esperava mais um homem para compor a equipe quando chegou uma mulher, “com nome de homem”, como os colegas muitas vezes se referiam a ela.

“Entrei na empresa em 1985 e o assédio moral entrou na minha vida em 1985, na primeira semana de Petrobrás. […] Eu tive que me virar nos 30 e enfrentar esse rapaz, que foi um desafio para minha vida. Para mim, ele foi um fortalecimento enquanto mulher na Petrobrás. Ele me desafiava e eu o desafiava”, disse Lindomar.

Finalizando o bate-papo, a diretora de comunicação da AEPET-BA, Erika Grisi, falou sobre o medo que as vítimas têm de denunciar e sofrerem represálias. Erika explicou o quanto a denúncia é importante para nortear as medidas tomadas pela direção da empresa em combate á violência e ao assédio.

“Hoje, em 2024, a gente ainda tem muito medo de fazer a denúncia. Os gerentes acham que está tudo muito tranquilo, porque existe o canal da denúncia e é essa a imagem que eles têm. É importante a gente unir nossas forças para fazer alguma coisa e tentar ajudar essas pessoas que precisam fazer essa denúncia”.

Não se cale

Mesmo com tantos casos de assédio, a Petrobrás realiza alguns procedimentos que devem ser amplamente utilizados para ter eficácia e retratar a realidade vivida pelas petroleiras. O Canal de Acolhimento a vítimas de assédio sexual inclui uma equipe multidisciplinar especializada, que visa garantir uma abordagem de saúde e sigilo profissional para todos os afetados pela violência no trabalho.

Em maio de 2020, foi lançado o Canal de Acolhimento de suporte psicológico, oferecendo atendimento remoto especializado 24 horas para trabalhadoras e trabalhadores que enfrentam constrangimento, assédio ou violência sexual. Com psicólogos treinados para garantir total sigilo, a proposta é proporcionar um espaço seguro para qualquer integrante da nossa força de trabalho.

Além disso, as vítimas podem utilizar a Ouvidoria para fazer as denúncias.

A luta é árdua e, infelizmente, está longe de chegar ao fim, mas é preciso resiliência. Mulher, sua voz tem muito impacto, não se cale, denuncie.

Clique aqui para assistir ao vídeo

Jornalismo AEPET
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