Os 0,001% mais ricos da população mundial, menos de 60 mil multimilionários, controlam hoje três vezes mais riqueza do que metade da humanidade. Sua participação cresceu de forma constante, de quase 4% em 1995 para mais de 6% atualmente, o que ressalta a persistência da desigualdade.
Levando em conta os 10% mais ricos da população mundial, ele ganham mais do que os 90% restantes, enquanto a metade mais pobre da população mundial detém menos de 10% da renda global total. A riqueza é ainda mais concentrada: os 10% mais ricos detêm três quartos da riqueza global, enquanto a metade mais pobre detém apenas 2%.
Os dados constam do Relatório Mundial sobre a Desigualdade 2026 (WIR 2026). A publicação, conduzida pela rede World Inequality Lab, da Paris School of Economics, reúne mais de 200 especialistas liderados pela equipe do economista francês Thomas Piketty.
A concentração não é apenas persistente, como também está se acelerando. Desde a década de 1990, a riqueza dos bilionários e dos centimilionários cresceu a uma taxa de aproximadamente 8% ao ano, quase o dobro da taxa de crescimento da metade mais pobre da população. Os mais pobres obtiveram ganhos modestos, mas estes são ofuscados pela extraordinária acumulação no topo da pirâmide.

Transferências e tributação ajudam a reduzir desigualdade
O relatório mostra como a tributação progressiva e, especialmente, as transferências redistributivas reduziram significativamente a desigualdade em todas as regiões, particularmente quando os sistemas são bem concebidos e aplicados de forma consistente.
“Na Europa e na América do Norte e Oceania, os sistemas de tributação e transferência reduziram consistentemente as disparidades de renda em mais de 30%. Mesmo na América Latina, as políticas redistributivas introduzidas após a década de 1990 obtiveram grandes avanços na redução das desigualdades. As evidências mostram que, em todas as regiões, as políticas redistributivas foram eficazes na redução da desigualdade, embora com grandes variações”, atesta o World Inequality Lab.