Política industrial, coisa de país rico

Críticas feitas à política industrial de nações em desenvolvimento ignoram as práticas dos países desenvolvidos.

Publicado em 26/11/2025
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Políticas industriais (gráfico elaborado pelo FMI)

Política industrial é coisa de país subdesenvolvido, condenada pelos países desenvolvidos, certo? Nem tanto, se olharmos para o gráfico acima. O número de intervenções por ano dos Estados vem crescendo especialmente nas nações mais avançadas.

O artigo “A política industrial pode aumentar a produtividade, mas acarreta riscos e concessões”, dos economistas Shekhar Aiyar e Mehdi Benatiya Andaloussi, do Fundo Monetário Internacional (FMI), discute os ganhos e alerta para cuidados essenciais.

A política industrial, como é conhecida, é utilizada para diversos fins, incluindo o aumento da produtividade, a proteção de empregos na indústria, o aprimoramento da autossuficiência e da resiliência das cadeias de suprimentos, e o desenvolvimento de indústrias nascentes para diversificar a economia. No setor energético, por exemplo, alguns países têm utilizado a política industrial para reduzir a dependência da importação de petróleo e gás.

Aiyar e Andaloussi

 

Os autores reconhecem que “essas políticas podem impulsionar as indústrias nacionais e transformar a estrutura da economia”. No entanto, sendo do FMI, destacam que “os ganhos não são garantidos e podem ter custos — tanto para os orçamentos governamentais quanto para a eficiência econômica”.

Segundo o texto, “essas políticas industriais acarretam importantes contrapartidas: os consumidores podem enfrentar preços mais altos por um período prolongado e os governos podem incorrer em custos orçamentários substanciais”.

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Análise empírica dos autores avalia que subsídios diretos a um setor industrial estão associados a uma melhoria de cerca de 0,5% no valor adicionado e a um aumento de 0,3% na produtividade total dos fatores 3 anos após a implementação. “Essas melhorias são modestas em comparação com o crescimento médio do valor adicionado do setor, de 6,5% ao ano, e o crescimento da produtividade total dos fatores, de cerca de 4% ao ano.”

“Além disso, análises anteriores do FMI reafirmam que ganhos maiores podem advir de reformas estruturais para melhorar o ambiente de negócios em geral e facilitar o acesso ao crédito para todas as empresas”; a ladainha de sempre.

“Nossas descobertas destacam a importância de planejar e implementar políticas industriais com cuidado (…) Os países que implementam políticas industriais devem incluir mecanismos para avaliação e recalibração regulares (…) Ao fazer isso, aumentará a probabilidade de que a política industrial cumpra sua promessa, sem comprometer a sustentabilidade fiscal ou a eficiência econômica”, finalizam Aiyar e Andaloussi.

Fonte(s) / Referência(s):

Marcos de Oliveira
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