A exclusão das redes do PCO: uma observação à luz da geopolítica
Algumas pessoas que acompanham o canal me informaram ontem a respeito da exclusão do perfil do Twitter do Partido da Causa Operária, e que seus
Algumas pessoas que acompanham o canal me informaram ontem a respeito da exclusão do perfil do Twitter do Partido da Causa Operária, e que seus canais em outras redes também estão sob ameaça da justiça brasileira, dado o posicionamento crítico que o partido tem tido em relação à conduta dos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF), situação de censura que inclusive acaba por demonstrar como as críticas do PCO são acertadas.
Não é de hoje que o PCO critica a justiça brasileira, assim como também faz anos que o partido prega o fim do STF, sem contudo ter suas redes atacadas e seus perfis banidos, o que abre uma brecha para que eu proponha uma observação alternativa a respeito dos fatos, não para desmerecer a discussão em âmbito nacional que tem sido feita, mas para somar com uma perspectiva geopolítica à questão.
Tenho discutido no Verdade Concreta a respeito da temática da consolidação de um consórcio formado pelas grandes empresas de tecnologia, pela mídia corporativa e por instituições de Estado, que se devotam a restringir as discussões nas redes e a garantir que não ganhe espaço qualquer narrativa minimamente crítica em relação aos interesses atlanticistas e financeiros transnacionais.
Esse consórcio utiliza o mote do dito combate às "fake news" e à "desinformação" para promover um ataque às liberdades nas redes enquanto faz avançar agências verificadoras de fatos que rotulam conteúdos independentes como mentirosos para reduzir seu alcance, com o uso de algoritmos, nas redes sociais, dando mais visibilidade aos conteúdos produzidos pela mídia corporativa, porta-voz dos interesses financeiros transnacionais e da ideologia propagada pelo atlanticismo.
Caso alguns portais e canais consigam manter um avanço de suas discussões mesmo a despeito do trabalho conjunto das redes, das agências verificadoras de fatos e da mídia corporativa, a justiça é acionada para cortar aquelas ervas daninhas que por acaso tenham sobrevivido aos diferentes mecanismos de invisibilização levados a cabo nas mais variadas redes, tudo para retomar a velha ordem do total controle das verdades por parte da mídia corporativa.
Nessa lógica, não cabe ver o aparato de justiça como o promotor de uma agenda, mas como uma peça da engrenagem do silenciamento das vozes alternativas nas redes, tanto que vemos o mesmo tipo de prática acontecendo em vários países do mundo, o que significa que o movimento é orquestrado de fora para dentro nos países, constituindo uma força transnacional que regula o que pode e o que não pode ser discutido nas redes.
Tenho trazido para o debate artigos a respeito do trabalho da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), através do seu "think tank" Atlantic Council, como moderador de conteúdo nas mais variadas redes ligadas à "big tech", tais como Facebook, TikTok (sim, numa empresa chinesa), Twitter e Reddit, posto que percebemos cada vez mais figuras ligadas ao aparelho de segurança ianque sendo recrutados por essas empresas para trabalharem como moderadores de conteúdo geopolítico, assim como existem parcerias entre o Atlantic Council e as redes sociais.
É aqui que dou o meu quinhão ao debate sobre a exclusão de perfis e canais do PCO das redes: o partido enviou correspondentes para cobrir o conflito na Ucrânia e está demonstrando vários aspectos que a mídia corporativa tem tentado esconder, temas que são sensíveis ao atlanticismo e que tem sofrido forte censura nas redes, o que imagino ser o motivo mais concreto para que o interesse transnacional tenha acionado a justiça brasileira para remover as redes e canais do PCO.
Para fazer esse movimento, está utilizando o discurso de defesa da democracia e das instituições, inclusive colocando no mesmo balaio setores da direita e o PCO, o que acaba arrebanhando inclusive apoio de setores do progressismo liberal, engrossando o caldo patético da "defesa das instituições democráticas" no Brasil, um evidente invólucro para promover uma espécie de "censura do bem".
A seguir, vídeo em que discuto, dentre outros temas, o assunto do texto.
Fonte: Verdade Concreta
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