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Thiago Espindula

Biden derrapa no continente africano; China estreita laços...

No início de Agosto, uma comitiva de Estado do governo Biden visitou vários países do continente africano para tentar estreitar relações, j?

Publicado em 25/08/2022
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No início de Agosto, uma comitiva de Estado do governo Biden visitou vários países do continente africano para tentar estreitar relações, já que os norte-americanos tem tido uma grande dificuldade para conseguir prospectar melhor condições econômicas, militares e políticas no continente, e, como sempre, o discurso ianque para estabelecer suas conexões foi o mesmo, o que não foi recebido com a animação que o governo Biden poderia esperar.

Como já é habitual, os governos do continente tiveram que ouvir a velha cantilena sobre "combate a autocracias" e "promoção da democracia no mundo", ritual cansativo que o atlanticismo sempre promove nos países para vender a ideia de que é um "defensor da liberdade no mundo", confirmando aquilo que setores do próprio atlanticismo já tem alertado sobre o fato dos Estados Unidos oferecerem cada vez mais proselitismo ideológico e menos soluções concretas para parcerias.

Mesmo um parceiro norte-americano, como é o governo de Uganda, alertou que o atlanticismo deve deixar o "3º mundo" de fora das aventuras bélicas, dada a crise que isso traz para nações que precisam superar muitos desafios, fala que ilustra de maneira satisfatória a conduta que a maioria dos países africanos tem tido perante a aventura atlanticista na Ucrânia, quando se recusam a sancionar a Rússia, o que prejudicaria a sua economia.

Verdade seja dita, o líder de Uganda está no poder desde 1986, algo que não parece se encaixar perfeitamente nos requisitos que os próprios norte-americanos estabelecem no que tange às democracias liberais, o que é revelador de que a conversa sobre a difusão de democracias eleitorais é apenas uma narrativa vazia para criticar governos que impedem que os ianques intrometam-se em sua política interna.

Através das falas dos representantes ianques, fica perceptível que a estratégia para África continuará sendo a já costumeira narrativa de "guerra ao terror" para embalar as ações dos próximos tempos, o que significa, na linguagem ianque, que os próprios Estados Unidos seguirão estimulando um ambiente no qual uma turbulento para intervir com um discurso de combate ao terrorismo (isso quando os próprios não financiam grupos armados).

A lógica do tratamento de questões étnicas e religiosas na base do bombardeio não pode resultar em um outro cenário que não o da consolidação de um ambiente no qual grupos conseguem arregimentar pessoas revoltadas para enfrentar aqueles que tratam seus anseios políticos e sociais de maneira leviana, o que facilita para os ianques criar o rótulo do contraterrorismo para atuar nos mais variados países.

O caso da Somália parece ser uma bela ilustração disso, pois já se vão vários anos desde que os ianques começaram as suas operações, que continuam a convulsionar o país sem trazer qualquer resultado para o povo que lá vive, que não o aumento da violência, lembrando que os Estados Unidos voltaram a bombardear pesadamente o país com a narrativa de estar combatendo o grupo Al Shabab.

Enquanto isso, na contramão das ações demagógicas e violentas que o atlanticismo costuma propor, a China anunciou recentemente que irá perdoar dívidas de 17 países do continente africano para seguir estreitando relações com o continente, o que acaba atirando por terra a narrativa ocidental de que os chineses criam a "armadilha da dívida" para enredar os países numa relação de dependência.

Diga-se de passagem, dias atrás foi o atlanticismo, através de um artigo publicado pelo Fórum Econômico Mundial, que deixou exposta a sua intenção de utilizar o Fundo Monetário Internacional e o endividamento do Estado como forma de prospectar relações na África, fazendo avançar no continente a lógica da apropriação da máquina estatal por agentes transnacionais que querem controlar a economia e a política dos países usando a narrativa de "salvacionismo em tempos de crise".

Thiago Espindula é professor de Ciências Humanas

Clique aqui para ver comentário do autor sobre este artigo.

Fonte: Verdade Concreta

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