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Mauro Santayana

Austrália? Não se iludam coxinhas! O que nos espera é a mexicanização

gostaria de escrever um livro que poderia se chamar "garrafas ao mar" ou "notas ao pé da história" na esperança de que essas linhas fossem lid

Publicado em 13/06/2018
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gostaria de escrever um livro que poderia se chamar "garrafas ao mar" ou "notas ao pé da história" na esperança de que essas linhas fossem lidas por alguém daqui a algumas décadas. Dele constaria um extenso capítulo chamado "diários" ou "protocolos" da capitulação, para descrever – com nomes, datas e fatos – os tempos vergonhosos que estamos vivendo. Tempos irresponsáveis e temerários com relação ao que estamos fazendo com o nosso futuro como nação.

Só a janela aberta, por meio de um impeachment espúrio, para a repentina ascensão de um governo ilegítimo e antinacional ao poder, consegue explicar a ofegante sofreguidão com que o Brasil tem sido entregue a seus concorrentes e a eventuais controladores externos, nestes anos de sabotagem da democracia que podem levar o país ao fascismo, a partir do próximo ano.

De um país que saiu da 14ª economia do mundo em 2002 para sexta em 2011, que lançou o Brics, quintuplicou o PIB, pagou a dívida com o FMI, que estava construindo tanques, submarinos – incluído um de propulsão atômica –, aceleradores de partículas, caças supersônicos, aviões de transporte militar, radares, fuzis de assalto, mísseis de saturação e até mesmo de cruzeiro, nos transformamos em uma republiqueta de bananas, quase da noite para o dia.

A cargo de uma administração que, embora não consiga assegurar a chegada de combustíveis aos postos de gasolina, assinou documentos garantindo a entrega de centenas de milhões de barris das reservas de petróleo do pré-sal para empresas estrangeiras, algumas delas estatais, ou sob controle de governos de outros países.

Que negocia a entrega da Embraer para a Boeing, com o estabelecimento de uma parceria que lembra aquela que o porco firmou com a galinha para vender ovos com bacon.

Que, em um momento em que os Estado Unidos repassam seu programa espacial para a iniciativa privada – vide a Space-X, de Elon Musk –, pretende entregar o controle da Base Espacial de Alcântara para os norte-americanos sem ao menos pensar em equilibrar essa doação com a negociação da construção de outras bases espaciais em nossa linha do Equador em aliança com outras nações, muito mais propensas a nos transferir tecnologia, como a Rússia, a Índia e a China.

Que pretende também entregar os nossos céus, agora, sem restrições, com a cumplicidade do Congresso, a companhias aéreas estrangeiras.

Em um país que desfila – em discutíveis marchas em que todos os fascistas comparecem, menos Jesus, porque esse nunca foi fascista – defendendo a transferência da embaixada brasileira para Jerusalém, com bandeiras de Israel, saudando a direita sionista.

Um governo que abandona a doutrina de não interferência em assuntos internos de outras nações, para comandar na Organização dos Estados Americanos, lado a lado com os EUA, ao contrário do que fizemos com Cuba, em 1962, quando nos abstivemos, o indecente processo de cerco contra a Venezuela.

Enquanto isso, as verdadeiras intenções do "ocidente" com relação ao Brasil, ficam cada vez mais claras, com o processo de "ucranização" da Colômbia e sua entrada na Otan e também na OCDE, aqui celebrado por vira-latas inquietos como um sinal do sucesso daquele país e do "atraso" brasileiro nas relações internacionais.

Não se entende que da mesma forma que o avanço do processo de entrada de Kiev na Otan – no dia 10 de março de 2018 essa organização reconheceu o status da Ucrânia como "país candidato" – está voltado para completar o cerco do "ocidente", por meio de países satélites, contra a Rússia; a entrada da Colômbia na organização, longe de estar sendo feita contra a Venezuela, dá início a cerco semelhante do Brasil por nações sob o mando militar da Europa e dos Estados Unidos, com a possível instalação, no futuro, de mísseis do outro lado das nossas fronteiras – como ocorreu com a recente colocação de foguetes Patriot na Lituânia dirigidos contra a Rússia – que estarão voltados não para Caracas, mas para as principais cidades e alvos militares brasileiros.

A estratégia geopolítica "ocidental" é clara. Sabotar e cooptar o Brasil ou nos cercar militarmente, espalhando bases em países que estiverem em nossas fronteiras.

Assegurar a eleição de governos fantoches de direita – no caso da Ucrânia foram governos de inspiração neonazista –, assim como estão tentando fazer em volta da Rússia de Putin e, em menor escala, com a China, que está fortalecendo sua presença na Ásia e no Pacífico e não lhes permite essa ousadia.

Para inviabilizar, com isso, a continuidade do Brics, a única alternativa multilateralista capaz de desafiar a hegemonia anglo-saxã no mundo e a principal razão de ordem externa por trás dos golpes sofridos pelo PT, nos últimos anos, e de Lula estar sendo mantido na cadeia, afastado das eleições presidenciais.

Uma missão cumprida por uma justiça dócil, ou, no mínimo simpática aos interesses norte-americanos e "ocidentais", treinada, manipulada e corrompida, pelos gringos, com cursos de "liderança", seminários de "cooperação", espelhinhos e miçangas, como vemos com os regabofes para Moro promovidos pelos Estados Unidos e países satélites, em terras estrangeiras.

O objetivo é controlar o Brasil tirando-nos todos os instrumentos – como os bancos públicos, a Embraer, a Base Espacial de Alcântara, a Petrobras e o pré-sal – que possam possibilitar o nosso desenvolvimento autônomo, consolidando, a partir disso, do fim da Unasul e do Conselho de Segurança da América do Sul, o domínio do nosso subcontinente, já que, como disse Richard Nixon, certa vez, "para onde for o Brasil, também irá a América Latina".

Quanto à OCDE, aqui celebrada pela coxinhice ignorante e viralatista como um clube de países desenvolvidos, é mais uma organização factoide, criada para enfraquecer a cooperação sul-sul, sem nenhuma importância geopolítica concreta, a não ser a de ajudar a manter sob controle os países menores que se candidatam a entrar nela.

Se fosse um clube de ricos, a OCDE não contaria com o México – a não ser como mordomo. Um país que, apesar de ser membro dessa organização e do Nafta há muito tempo, tem hoje mais pobres do que tinha há 20 anos, como afirma, apoiado pelas estatísticas de praxe, o candidato às eleições presidenciais de julho naquele país, Ricardo Anaya.

Iludem-se aqueles que acreditam que, entregando de mão beijada o Brasil ou entrando como "sócio global", e nos alinhando geopoliticamente aos Estados Unidos e à Europa, abandonando qualquer veleidade de desenvolvimento autônomo, iremos nos transformar, daqui a uns 50 anos, em uma espécie de Austrália.

Acorda, Muttley! Não se iludam, coxinhas!

Por aqui não temos cangurus, nem somos todos branquinhos, de olhos verdes e azuis, não merecemos ser súditos da Rainha, não temos entrada franca nos EUA, nem pertencemos à Commonwealth – somos devolvidos dos aeroportos europeus, aos magotes, mesmo quando estamos indo a turismo, gastar dinheiro.

Independência, altivez, soberania?

"Never more", diria o corvo de Edgar Allan Poe.

Neste caminho, o que nos espera é o glorioso destino mexicano – tão longe de Deus e tão perto dos EUA, segundo Porfírio Diaz, coitados. Um "sócio" ocidental em vias de ser aprisionado por um muro em que poderia ser perfeitamente afixado, do lado norte-americano, um cartaz com um "mantenha do outro lado os animais" escrito, e que por mais que exporte maquilas não consegue ter os superávits brasileiros, no qual o salário mínimo em janeiro de 2018 foi de US$ 4,6 dólares por dia, excluídos finais de semana.

Não há nada mais indecoroso do que entregar um país depois de exterminar seus sonhos, com um banho altamente tóxico de mentiras e hipocrisia.

Ao fazer o que está fazendo – o que inclui a provável desnacionalização da Eletrobras, uma das maiores distribuidoras de energia elétrica do mundo, também a preço de banana –, apesar de ter arrecadado em impostos cerca de R$ 1 trilhão no primeiro semestre e de estar sentado sobre US$ 380 bilhões em reservas internacionais herdadas, em mais 95%, dos governos Lula e Dilma, o atual governo assina, sob o olhar implacável da História, os protocolos da capitulação de uma nação que há alguns anos pretendia ser grande, independente e forte, e que, devido ao avanço da subserviência e de um movimento de extrema-direita abjeto, derivado das costelas do lawfare, do golpismo e do entreguismo apátrida, tão em voga na internet nos dias de hoje, está cada vez menor, tanto no contexto moral quanto no geopolítico.

Fonte: GGN

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